Todos nós possuímos em nosso DNA um registros de um ancestral misterioso, que acasalou com espécies humanas há aproximadamente um milhão de anos e deixou suas marcas. Hoje em dia, conhecemos apenas uma espécie humana, que somos nós. Mas no passado, convivemos com diversas outras espécies, como os erectus e os neandertais, que acabaram sendo extintos na natureza.

Alguns desses fluxos gênicos foram mapeados por pesquisadores. Os resultados dos estudos foram publicados mês passado na revista PLOS Genetics. De acordo com os cientistas, Bom, ninguém sabe ao certo qual espécie humana que deixou sua marca, embora haja suspeitas de que foi o Homo erectus, que viveu por quase dois milhões de anos e foi extinto à 100 ou 200 mil anos. 

Além de ter encontrado este genoma misterioso, eles descobriram que os acasalamentos de sapiens com neandertais ocorriam muito antes do que se pensava até então. Há 200 e 300 mil anos a prática já ocorria. 

Para os pesquisadores, os genes são estruturas bastante complexas que guardam muita informação. É possível, por meio deles, encontrar diversas pistas, que podem ser completadas, mais tarde, por evidências arqueológicas.

“Nossa melhor conjectura é que um grupo inicial de humanos anatomicamente modernos deixou a África e depois se encontrou e cruzou com neandertais, talvez no Oriente Médio”, diz Adam Siepel ao Live Science.

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Siepel, biólogo que participou do estudo, explicou que essa linhagem [de humanos] seria então perdida – extinta ou absorvida pelos neandertais ou migrada de volta para a África.

Para o especialistas, nossos irmãos neandertais conviveram conosco por muito tempo, e possuíam uma atividade complexa, e eram capazes de fazer até arte. Foram extintos somente 30 mil anos atrás por motivos que ainda se debatem. 

“Estamos tentando construir um modelo completo para a história evolutiva de todos os segmentos do genoma, em conjunto com todos os indivíduos analisados”, explica Siepel, sobre a busca que levou ao ancestral misterioso.

“O gráfico de recombinação ancestral, como é conhecido, inclui uma árvore que captura os relacionamentos entre todos os indivíduos em todas as posições ao longo do genoma, e os eventos de recombinação que fazem com que essas árvores mudem de uma posição para a próxima”, explica.

Por meio de análise, é possível encontrar detalhes que poderiam ser apagados em outras formas de leitura. É possível identificar diversos “nós” de recombinação, anteriores à chegada dos fragmentos ao nosso DNA.

Se há um cruzamento entre o neandertal e uma determinada espécie, por exemplo, e depois de um neandertal com um sapien, é possível identificar essas duas recombinações. Caso não fosse, não saberíamos a ordem dos acontecimentos.

Um crânio de Homo erectus Foto: Emőke Dénes / Wikimedia Commons

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