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PIONEIRA

Histórico! Chile elege primeira mulher trans para Câmara

A jovem de apenas 25 anos é conhecida pela atuação em diversas mobilizações sociais

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Imagem ilustrativa da notícia Histórico! Chile elege primeira mulher trans para Câmara camera Emilia foi eleita com cerca de 14,5 mil votos | Reprodução/Instagram

O fortalecimento da educação pública, com estímulo a discussões sobre educação sexual nas escolas, bem como a reformulação do sistema de pensões privadas no país, pauta recorrente nos protestos populares, estão entre os principais debates apresentados por Emilia Schneider durante a corrida eleitoral.

Os eleitores chilenos, que foram às urnas neste domingo (21), alçaram a primeira mulher transgênero à Câmara dos Deputados do país. Emilia Schneider, 25, foi eleita com cerca de 14,5 mil votos pelo distrito 10, formado por seis comunas da capital Santiago.

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Estudante de direito na Universidade do Chile, ela integra o partido Comunes, de esquerda, um dos quatro que, ao lado do Partido Comunista, compõem a aliança Apruebo Dignidad, do candidato à Presidência Gabriel Boric. Com 3,28% dos votos, a legenda elegeu seis candidatos para a Câmara, mas não conquistou cadeiras no Senado.

A deputada eleita se tornou conhecida ao longo dos últimos anos ao participar de uma série de mobilizações sociais que transformaram a história recente do país. Já como estudante universitária, esteve na linha de frente da onda de protestos feministas que ocuparam as ruas em maio de 2018 e também atuou nos megaprotestos que, um ano depois, exigiram e conquistaram a convocação de um plebiscito para formular uma nova Constituição.

Hoje pioneira por ser a primeira mulher trans eleita para o Parlamento chileno, Schneider também foi a primeira transgênero a presidir a Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECh), criada em 1906 e a primeira organização do tipo na América Latina. Gabriel Boric, egresso do curso de direito da mesma instituição, também presidiu a FECh.

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A estudante é bisneta de René Schneider (1913 - 1970), comandante-chefe do Exército chileno à época da eleição do socialista Salvador Allende. O general, que fora assassinado em 1970, ficou conhecido por defender a não intromissão das Forças Armadas na política institucional, e sua morte gerou comoção nacional.

Nas redes sociais, a deputada eleita comemorou a vitória. "Por um lado, avança o ódio. Por outro, há esperança", escreveu, referindo-se ao fato do ultradireitista José Antonio Kast ter ido para o segundo turno junto com Boric, de esquerda. Kast, entre outros pontos, defende o regime de Augusto Pinochet –período que recusa-se a chamar de ditadura.

Entre as propostas que apresentou durante a corrida eleitoral, Schneider possui uma extensa lista voltada para as mulheres, as crianças e a população LGBTQIA+. Políticas voltadas para os direitos reprodutivos, como a legalização do aborto, estão entre as prioridades.

A chilena também afirmava que, se eleita, se somaria a outros parlamentares para pressionar por mais apoio à Assembleia Constituinte. Priorizar a tramitação de assuntos relativos à formulação da nova Constituição é uma das medidas entre suas propostas.

Em entrevista à rádio local ADN após a divulgação dos resultados oficiais, a deputada eleita disse que, quando assumir a cadeira, vai priorizar o impulso a medidas que combatam os efeitos da pandemia de Covid-19 –38,1 mil chilenos morreram da doença, e cerca de 83% da população está com esquema vacinal completo.

Schneider disse que, se por um lado está feliz, por outro está preocupada com o avanço dos discursos de ódio, "que se aproveitam do medo". "Estamos convivendo com distintas visões, mas os setores que creem que todos merecemos mais direitos e dignidade são maioria", declarou.

A chilena afirmou que uma possível eleição de Kast representaria um retrocesso para as mulheres e a população LGBTQIA+. "Com [Donald] Trump, nos Estados Unidos, e [Jair] Bolsonaro, no Brasil, vimos um aumento nos ataques de ódio contra a nossa comunidade", disse. "Nossa dignidade enquanto mulheres foi posta em risco."

Declaradamente contrário ao direito ao aborto, Kast, então deputado, foi um dos parlamentares mais ativos contra a promulgação da Lei de Identidade de Gênero, que em 2018 permitiu que pessoas trans atualizem dados como o nome e o sexo com os quais foram registradas ao nascer.

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