O vazamento de petróleo numa refinaria da empresa espanhola Repsol no Peru é o maior desastre ambiental da história do país, mas, mesmo assim, a empresa teria negligenciado o impacto do derrane.
É o que concluiu a investigação feita pela procuradoria do Peru. Ariel Tapia Gómez, procurador de Justiça, pediu ao Tribunal de Ventanilla que impeça a saída do país do diretor executivo da Repsol, Jaime Fernández-Cuesta de Luca de Tena, e de outros membros da direção da refinaria de La Pampilla, diretamente responsáveis pela administração, controle e supervisão do Terminal Multiboyas N.º2, onde aconteceu o vazamento, ocorrido no momento em que um cargueiro abastecia.
Além disso, a procuradoria pediu a retenção do petroleiro Mare Doricum até que esteja concluída a investigação. O pedido foi acatado e o navio apreendido.
Cerca de 18 mil metros quadrados de praia foram afetados pelo crude libertado, um acidente que, segundo diz a Repsol, foi causado por “um fenómeno marítimo imprevisível”, originado pelo tsunami provocado pela erupção de um vulcão na ilha de Tonga.
Tapia inspecionou na quinta-feira durante seis horas o petroleiro italiano para recolher a versão do incidente de 15 de janeiro da boca do capitão do Mare Doricum, Giacomo Pisani, e da sua tripulação.
“Neste caso, a Procuradoria tem uma hipótese forte. E tem relação com o aspecto da mitigação [do derrame de crude]. Quero dizer, sobre a imediata atenção da emergência. Segundo a procuradoria, houve demoras” na atuação da Repsol para conter o fluxo do petróleo, afirmou Tapia Gómez, citado pelo diário peruano La República.
Segundo a informação preliminar recolhida por Tapia, a empresa espanhola demorou a acionar os mecanismos para conter o avanço do crude e, com isso, a contaminação.
“Um dos elementos de convicção mais importantes que temos é o que indica que o derrame foi notado às 17h18”, no entanto, refere o procurador, “aqueles que ficaram encarregados de verificar iniciaram as suas tarefas de mitigação às 20h” desse mesmo dia. Isto é, a Repsol tardou mais de duas horas para acionar o protocolo de resposta a este tipo de acidentes.
Na primeira informação divulgada, a Repsol anunciou que apenas 0,16 barris de petróleo (cada barril tem cerca de 159 litros) tinha sido derramado, tendo mais tarde reconhecido que seriam 6 mil barris, antes de corrigir esse valor para 10.396 barris, quando as autoridades calcularam que teriam sido vertidos para o mar 11.900 barris (quase 1,9 milhões de litros.
“O petróleo continuou a derramar até ao dia seguinte. Isto porque não houve capacidade de conter a fuga de petróleo no oleoduto ou na mangueira. E, a seguir, a própria contenção na superfície do mar foi ainda pior. Como se tratava de um transvase submarino, este teria superado as barreiras de contenção”, relatou o procurador.
O capitão do navio confirmou a Tapia que foi enganado por responsáveis da Repsol, já que não o informaram do tamanho e origem da fuga e que, inclusivamente, negaram-se a receber as suas notas de protesto por falta de diligência e de transparência dos responsáveis da refinaria de La Pampilla.
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