O movimento de banimento de livros em escolas ou bibliotecas públicas foi abraçado por diversos políticos conservadores, a exemplo do deputado republicano Matt Krause, do Texas, que fez uma requisição às escolas questionando se tinham alguma obra de uma lista de 850 que ele considerava capazes de “fazer os estudantes se sentirem desconfortáveis, culpados ou angustiados em razão de sua cor ou sexo”.
Em ao menos 26 dos 50 estados dos Estados Unidos foram lideradas ações para barrar livros em escolas e bibliotecas públicas por parte das autoridades locais nos últimos meses. Somente entre julho de 2021 e março de 2022, foram 1.586 casos, incluindo remoção de obras e proibições de que sejam citados em sala de aula.
Entre a lista de obras banidas em escolas e bibliotecas nos EUA está o “Beyond Magenta”, da fotógrafa e escritora Susan Kuklin, de 81 anos. Ao longo da carreira, ela buscou formas de combater a falta de diversidade, produzindo livros com a história de pessoas alvo de preconceitos, entre elas vítimas da Aids nos anos 1980, imigrantes sem documentos e jovens que tentaram suicídio.
“Sempre houve esforços localizados contra um livro que um aluno tenha levado para casa e seus pais não tenham gostado. Há canais nas escolas para que os pais reclamem e a queixa seja debatida. O que vemos agora é algo diferente: um movimento amplo no qual os mesmos livros estão sendo alvo em vários estados diferentes”, observa Jonathan Friedman, diretor da Pen America, entidade de defesa da liberdade de expressão.
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“Poupar as crianças”
Aqueles que defendem o banimento de algumas obras em sala de aula ou nas bibliotecas públicas usam o argumento de que o fazem para poupar as crianças de algum conteúdo considerado por eles pornográfico ou que pode gerar divisão social, a exemplo de títulos que discutem o racismo.
Para essas pessoas que defendem a proibição, isso prejudicaria o desenvolvimento de uma criança, como se, ao entrar em contato com materiais que discutem questões de gênero, por exemplo, uma criança fosse estimulada a se decidir por uma transição.
“Em vários casos, as pessoas que fazem as queixas estão vendo trechos na internet e ficando revoltadas que as obras estejam nas bibliotecas das escolas, mesmo que seus filhos não tenham tido acesso a elas”, analisa Friedman.
Questões políticas
O posicionamento do parlamentar Matt Krause provocou um grande confusão, o que o obrigou a retirar a candidatura depois para o cargo de procurador-geral do Estado.
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Mais uma situação envolvendo banimento de livros foi protagonizada pelas autoridades da Flórida, que rejeitaram livros de matemática por citarem temas ligados a questões raciais. Uma delas propunha exercícios de cálculo a partir de um gráfico sobre a percepção do preconceito na sociedade.
O presidente Joe Biden no mesmo dia fez críticas aos conservadores. "Há muitos políticos tentando ganhar pontos ao tentar banir livros, mesmo os de matemática", disse ele, em um evento de homenagem a professores. "Vocês imaginavam que teriam de se preocupar com livros sendo queimados porque não se encaixam na agenda política de alguém?", questionou.
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