Pesquisadores descobriram em novo estudo que gravações da retina ocular podem sinalizar distúrbios do desenvolvimento neurológico, como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Conduzida por especialistas da Universidade da Austrália, a pesquisa foi divulgada no periódico Frontiers in Neuroscience no último dia 6 de junho.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 crianças tem TEA; já o TDAH atinge de 5% a 8% dos pequenos, sobretudo meninos. A condição requer cuidados especiais, e por isso a identificação precoce é importante para que as crianças tenham um desenvolvimento pleno, de acordo com suas necessidades.
Em comunicado, Paul Constable, um dos autores do estudo, informou que esses são os distúrbios do desenvolvimento neurológico mais comuns na infância. "Mas, como muitas vezes compartilham características semelhantes, fazer diagnósticos para ambas as condições pode ser demorado e complicado", pondera.
Participaram do estudo 55 adolescentes com TEA, 15 com TDAH e 156 sem qualquer tipo de transtorno. Utilizando o eletrorretinograma (ERG), teste de diagnóstico que mede a atividade elétrica da retina em resposta a um estímulo de luz, os especialistas descobriram que crianças com TDAH apresentam maior energia na retina, enquanto aquelas com TEA demonstram menos. Os pesquisadores concluíram que as gravações dessa região ocular poderiam identificar sinais distintos para ambos os quadros, fornecendo um biomarcador potencial.
"Os sinais da retina têm nervos específicos que os geram, então, se pudermos identificar essas diferenças e localizá-las em vias específicas que usam diferentes sinais químicos que também são usados no cérebro, podemos mostrar indicadores distintos para crianças com TDAH e TEA", explica Constable.
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Os cientistas ainda destacam que esse estudo pode ir além de mostrar diferenças para indivíduos com TDAH e TEA. Ao explorar como os sinais na retina reagem aos estímulos da luz, será possível desenvolver diagnósticos precoces para outras condições de desenvolvimento neurológico, que podem ser distinguidos uns dos outros com base nas características do ERG.
"Em última análise, estamos analisando como os olhos podem nos ajudar a entender o cérebro", reforça o copesquisador em cognição humana e artificial Fernando Marmolejo-Ramos.
Apesar de ser uma descoberta surpreendente, Marmolejo-Ramos ressalta que mais pesquisas são necessárias para estabelecer anormalidades nos sinais da retina que são específicos para esses e outros distúrbios do neurodesenvolvimento.
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