Um estudo publicado no periódico “Journal of Ethnobiology” e abordado na revista “Cosmos”, comprovou que nem todo os incêndios florestais é provocado pela ação do homem, mas sim pelos próprios animais. Esperar que presas fujam de incêndios florestais para capturá-las é um comportamento já visto em pássaros, mas alguns deles avançaram nessa estratégia que desde então vem se tornando uma ameaça ao meio ambiente.
De acordo com ornitólogos, três espécies de aves de rapina australianas usam gravetos ardentes para espalhar o fogo e, assim, facilitar sua caça.
Para o estudo, os pesquisadores coletaram testemunhos desse procedimento no norte da Austrália em milhafres-pretos (Milvus migrans), milhafres-assobiadores (Haliastur sphenurus) e falcões-berigora (Falco berigora).
“Ao redor de uma frente ativa de fogo, pássaros – geralmente milhafres-pretos, mas às vezes falcões-berigora – pegarão um tição ou um graveto não muito maior que o seu dedo e o levarão para uma área de relva não queimada para começar um novo incêndio”, diz Bob Gosford, ornitólogo do Conselho Central de Terras em Alice Springs, no Território do Norte, que liderou a documentação de relatos de testemunhas.
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“Observadores relatam tentativas individuais e cooperativas, muitas vezes bem-sucedidas, de espalhar intempestivamente incêndios florestais por meio de uma única ocasião ou de repetidos transportes de gravetos em garras ou bicos. Esse comportamento, muitas vezes representado em cerimônias sagradas, é amplamente conhecido por nativos no Território do Norte”, escrevem os autores do estudo.
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Os pesquisadores australianos já haviam percebido esse comportamento das aves há muito tempo. Segundo Gosford, duas cerimônias dos nativos da Terra de Arnheim, no Território do Norte, intituladas Lorrkon e Yabuduruwa, possuem cenas em que pássaros espalham fogo em diferentes locais.
Segundo o especialista, “muitas espécies podem ter aprendido a reagir ao fogo natural escapando dele ou explorando-o para caçar presas, mas esses falcões estão mostrando uma forma de controle de fogo”. É o primeiro caso do gênero envolvendo animais não humanos de que Kacelnik tomou conhecimento.
Gosford salienta que os humanos e os raios já não podem ser considerados os únicos vetores de fogo na Austrália. Agora existem “motivos para reexaminar nossa compreensão da história do fogo e como o fogo funciona na paisagem”, observa.
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