Vladimir Putin completou 70 anos nesta sexta-feira (7) em meio à bajulação de subordinados e um apelo do patriarca ortodoxo Cirilo para que todo o povo da Rússia faça dois dias de orações especiais, pedindo a Deus que conceda longevidade ao presidente.
"Deus colocou você no poder", disse Cirilo. "Nós oramos a você, nosso Senhor Deus, pelo chefe do Estado russo, Vladimir Vladimirovich, e pedimos que você dê a ele sua rica misericórdia e generosidade, conceda-lhe saúde e longevidade, e liberte-o de todas as resistências de inimigos visíveis e invisíveis, confirme-o em sabedoria e força espiritual, para todos, Senhor, ouça e tenha misericórdia."
O presidente que há mais tempo está no poder desde Josef Stálin foi saudado por autoridades como o salvador da Rússia moderna. "Putin mudou a posição global da Rússia e forçou o mundo a contar com a posição do nosso grande Estado", disse o líder checheno Ramzan Kadyrov, um aliado de Putin, acrescentando que o septuagenário é "uma das personalidades mais influentes e marcantes do nosso tempo, o patriota número um do mundo".
As comemorações acontecem em um momento de bastante pressão sobre Putin: a Rússia está cada vez mais isolada na comunidade internacional e as tropas do Exército têm sofrido reveses na Guerra da Ucrânia. O cenário forma a mais grave crise em seus 23 anos no poder.
Também nesta sexta, o prêmio Nobel da Paz parece ter respondido ao avanço do autoritarismo na órbita do governo de Putin e à Guerra da Ucrânia: a láurea foi concedida ao opositor belarusso Ales Bialiatski, ao Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e ao Centro para Liberdades Civis da Ucrânia.
Conforme envelhece, Putin parece cada vez mais preocupado com seu legado. Em junho, ele comparou suas ações na Ucrânia com as campanhas do czar Pedro, o Grande, sugerindo que ambos estavam envolvidos em missões históricas para reconquistar as terras russas.
O líder também passou a citar mais o filósofo russo Ivan Ilyin, para quem a Rússia tinha um caminho místico e sagrado excepcional a seguir, que acabaria por restaurar a ordem em um mundo imperfeito.
Para seus opositores, como o líder preso Alexei Navalny, Putin levou a Rússia a um beco sem saída em direção à ruína, construindo um sistema frágil de bajuladores incompetentes que acabará por entrar em colapso e legar o caos.
Refletindo sobre o aniversário de Putin, o ex-redator de discursos do Kremlin, Abbas Gallyamov, disse: "Em um aniversário, é costume somar os resultados, mas os resultados são tão deploráveis que seria melhor não chamar muita atenção para o aniversário".
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