Sob uma estrada de cascalho em uma floresta no leste da Finlândia, arqueólogos encontraram um túmulo misterioso de uma criança que foi enterrada há 6 mil anos a.C. com penas de pássaros e pelagem canina. A descoberta bizarra foi achada na área de Majoonsuo, no município de Outokumpu. Detalhes da pesquisa foi publicada em 27 de setembro no periódico PLOS ONE.
A equipe de escavação da Agência Finlandesa do Patrimônio examinou detalhes da sepultura. Segundo os pesquisadores, uma intensa cor ocre vermelho e estava com seu topo parcialmente exposto. Sua coloração se dá devido ao solo argiloso rico em ferro, usado não só em enterros, mas em arte rupestre.
De acordo com os especialistas, durante a Idade da Pedra, os mortos eram enterrados em covas no solo. Este teria sido o caso da criança, a qual os estudos sobre a arcada dentária revelou que tinha entre 3 e 10 anos de idade quando morreu. Também havia duas pontas de flecha e dois outros objetos feitos de quartzo. Com base na forma das flechas e na datação do nível da costa marinha da região, estima-se que o túmulo seja do período mesolítico.
A escavação revelou 24 penas de aves, de no máximo 1,4 mm. Sete deles eram de uma ave aquática (Anseriformes), sendo considerados os fragmentos de penas mais antigos já encontrados na Finlândia. Acredita-se que as penas podem ter vido de roupas feitas a partir desses pássaros ou de uma cama no qual a criança foi deitada.
Além disso, foi encontradas penas de falcão (Falconidae), que pode ter sido usadas para decorar a roupa da criança. Mas as melhores descobertas foram os três pelos de um canino, possivelmente um predador, no fundo da cova. Esses podem ter origem em calçados feitos de pele de lobo ou de cachorro ou de um cão colocado aos pés da criança.
Um total de 65 sacos de amostras de solo pesando entre 0,6 e 3,4 quilos foram coletados, além de amostragens ao redor da sepultura para fins de comparação. A análise foi feita no laboratório de arqueologia da Universidade de Helsinque, sendo a matéria orgânica separada usando água. Dessa forma, as fibras e pelos expostos foram identificados com auxílio de luz transmitida e microscopia eletrônica.
“O método usado demonstra que vestígios de pelos e penas podem ser encontrados mesmo em túmulos com milhares de anos, inclusive na Finlândia”, afirma Kristiina Mannermaa, da Universidade de Helsinque, coautora do estudo, em comunicado. “Tudo isso nos dá uma visão muito valiosa sobre os hábitos funerários na Idade da Pedra, indicando como as pessoas preparavam a criança para a jornada após a morte”.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar