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DIPLOMACIA

Biden fala pela 1ª vez em debater fim da guerra com Putin

Simbolicamente, a frase foi dita em uma entrevista coletiva na Casa Branca com o presidente francês Emmanuel Macron

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Imagem ilustrativa da notícia Biden fala pela 1ª vez em debater fim da guerra com Putin camera Joe Biden e Vladimir Putin, na época vice-presidente dos EUA e primeiro-ministro da Rússia, em foto de 10 de março de 2011, em Moscou | Foto: RIA Novosti, Alexei Druzhinin/Pool via AP, file

O presidente americano, Joe Biden, afirmou pela primeira vez em público, que está disposto a conversar diretamente com o seu colega Vladimir Putin acerca de uma forma de encerrar o conflito iniciado pela invasão russa do vizinho, há nove meses.

A fala é a culminação de semanas de sinalizações por parte dos Estados Unidos. Ainda que mantenha e reitere o apoio ao esforço de guerra de Kiev contra Moscou, Washington sugere que há limites para sua disposição.

Até aqui, foram quase US$ 20 bilhões (R$ 104 bilhões) em ajuda militar direta, fora a assistência humanitária. As sugestões americanas até aqui haviam sido indiretas, e repelidas por Kiev como "uma facada nas costas" por parte de aliados. O restante do apoio bélico vem do Reino Unido (cerca de US$ 2,7 bilhões) e, mais abaixo, o auxílio pulverizado de outros membros da Otan (aliança militar ocidental).

"Estou preparado para falar com Putin se de fato houver interesse dele em decidir que está procurando uma maneira de acabar com a guerra. Ele ainda não fez isso", afirmou o americano, que amenizou a disposição ao dizer que "não tenho planos imediatos de contactar Putin" e que só o fará após consultas com os aliados da Otan.

Simbolicamente, a frase foi dita em uma entrevista coletiva na Casa Branca com o presidente francês Emmanuel Macron, que desde antes do começo da guerra em fevereiro buscava uma saída negociada para a crise entre o Kremlin e o Ocidente, centrada no papel da Ucrânia -Moscou a quer neutra ou submissa, mas não como parte da Otan e da União Europeia.

Macron, por sua vez, jogou para a plateia. "Nós nunca iremos pedir que os ucranianos façam um acordo que não seria aceitável a eles. Eles são tão corajosos, e eles defendem precisamente as suas vidas, as nações e nossos princípios", afirmou.

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Com efeito, o americano e o francês divulgaram uma declaração conjunta na qual negam a hipótese de aceitar a perda de territórios da Ucrânia para a Rússia –um truísmo, dado que Putin já havia anexado a Crimeia (4% da área ucraniana) em 2014. Hoje, segundo Kiev, 17% da Ucrânia está ocupada.

E afirmaram que os crimes de guerra atribuídos aos russos na invasão, como destruição "intencional de infraestrutura civil" devem ser apurados. Hoje, cerca de metade da rede de distribuição de energia da Ucrânia está fora do ar, devido a uma campanha específica dos russos contra ela, iniciada em outubro.

Antes, Macron havia criticado o plano de Biden para reativar a economia americana, dizendo que ele poderia "dividir o Ocidente".

Há outros fatores a determinar o movimento de Biden. Na próxima segunda (5), passará a valer um veto completo à compra do petróleo russo pela União Europeia, que prevê a suspensão do recebimento do produto por petroleiros e a punição às empresas de seguro e transporte que trabalharem com os russos.

Só que há uma negociação em curso: a UE quer estabelecer um teto para o preço por barril russo, isentando de embargo tudo o que for vendido abaixo desse valor. O Kremlin já chiou, mas o fato é que a realidade sugere que a medida vá ser inócua para demover Putin -e com potencial destrutivo para toda a indústria petroleira.

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"O teto proposto de US$ 65 a US$ 70 por barril não é distante das projeções orçamentárias do Kremlin para este ano. Assim, mesmo com o teto, poderá continuar a vender seu petróleo a clientes europeus sem precisar fazer ajustes significativos no seu orçamento", afirma a economista Ekaterina Zolotova, da consultoria americana Geopolitical Futures.

A questão é que o preço do barril Ural, o tipo vendido pela Rússia, está na casa dos US$ 40. Diferentemente do gás, usado para o aquecimento de casas na Europa, o inverno não afeta seus preços, e a aliança entre Moscou e a Arábia Saudita no âmbito da Opep (clube dos exportadores de petróleo) tem mantido estabilidade favorável a Putin nos mercados.

Cerca de 40% do orçamento federal russo, que banca a guerra, é alimentado por royalties do petróleo e impostos sobre venda de gás natural. Como disse em reportagem nesta quinta (1º) a revista britânica The Economist, o teto é uma forma de pressão, "mas não uma solução mágica".

Em resumo, o teto parece natimorto como instrumento para demover Putin de sua aventura militarista –nem as duríssimas sanções ocidentais fizeram esse efeito, passados nove meses de sua aplicação. Ao contrário, nesta quinta foi divulgado que o PMI (Índice dos Gerentes de Compras, na sigla inglesa) russo teve a maior aceleração em seis anos neste novembro.

O indicador composto mede a saúde do setor manufatureiro, o que tem implicação na geração de empregos, sugerindo uma vitalidade não antevista da economia pressionada no país de Putin.

No campo, as batalhas seguem. A Ucrânia afirmou ter identificado uma estranha movimentação de recuo de tropas por parte dos russos na linha defensiva ao longo do rio Dnieper, em Kherson (sul). Já o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a captura de uma série de cidades em Donetks (leste). Ambas as regiões foram oficialmente anexadas por Putin no fim de setembro.

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