Israel ampliou seus ataques na Faixa de Gaza nesta sexta (20), dia em que delineou um plano em três etapas para destruir o Hamas e, depois, deixar o território controlado pelo grupo terrorista desde 2007. Ao mesmo tempo, intensificou ações contra o Hizbullah libanês no norte do país, antecipando o risco de uma segunda frente de batalha.
Falando ao Knesset (Parlamento israelense), o ministro Yoav Gallant (Defesa) disse que a guerra iniciada após os ataques terroristas do Hamas do dia 7 de outubro terá três fases para destruir o grupo palestino, e que ao fim Israel não terá "responsabilidade pela vida na Faixa de Gaza".
"Nós agora estamos no primeiro estágio, uma campanha militar que inclui ataques e que, mais tarde, terá manobras [terrestres], com o objetivo de neutralizar terroristas e destruir a infraestrutura do Hamas. A segunda fase, intermediária, vai requerer operações de intensidade menor, com o objetivo de eliminar bolsões de resistência", disse.
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Por fim, "a terceira fase vai requerer a remoção da responsabilidade de Israel pela vida na faixa de Gaza, e o estabelecimento de uma nova realidade de segurança para os cidadãos de Israel". Tel Aviv controla 90% das fronteiras de Gaza, enquanto o Egito bloqueia 10% delas. Gallant sugere que os palestinos deverão governar o que sobrar do território hoje, a Autoridade Nacional Palestina administra com dificuldades apenas a Cisjordânia.
A fase militar se intensificou nesta sexta. Em Gaza, as IDF (Forças de Defesa de Israel) disseram ter bombardeado cem posições ligadas ao Hamas durante a noite e madrugada. Segundo o Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, que lidera os cristãos palestinos, a igreja de Santo Porfírio foi atingida.
O edifício abrigava centenas de refugiados, tanto cristãos quanto muçulmanos. O governo do Hamas disse que 18 morreram na ação.
Nesta manhã (madrugada no Brasil), os residentes que resistiram à ordem de Israel para deixar suas casas na vila de Al Zahra receberam uma mensagem em seus telefones para deixar imediatamente o local. Dez minutos depois, drones atacaram alguns edifícios, sendo seguidos 20 minutos depois por caças F-16.
Um bairro inteiro foi ao chão. Al Zahra fica ao sul da capital Gaza, mas dentro da zona de exclusão determinada por Israel. Os ataques em outras áreas fora dela continuam, como em Khan Yunis, onde estão 16 dos 10 inscritos para repatriação ao Brasil pelo Itamaraty.
Segundo o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, eles estão com medo, mas bem. As casas em que eles estão tiveram suas coordenadas informadas a Israel pelos diplomatas brasileiros, na esperança de evitar um ataque.
Até esta manhã, 4.137 palestinos já haviam morrido retaliação israelense ao maior ataque sofrido pelo país em 50 anos, quando terroristas do Hamas invadiram vilas e comunidades próximas da Faixa de Gaza, massacrando, estuprando e sequestrando moradores e militares enquanto atacava cidades maiores com foguetes. Mais de 1.300 morreram, e há cerca de 250 reféns em Gaza.
O grande ataque precede a antecipada ação terrestre de Israel sobre o território, que a ONU antevê como "catastrófica", segundo o alto comissário para refugiados da entidade, Filippo Grandi. Na fronteira sul de Gaza, a expectativa é de que comboios com ajuda humanitária entrem no território, vindos do Egito, mas não há previsão de saída para ninguém ainda.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, esteve no local, do lado egípcio, nesta sexta. Ele exortou a entrada de todos os mais de cem caminhões à espera na região, mas o acordo inicial entre Cairo e Tel Aviv prevê apenas que 20 possam passar.
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Nunca houve uma invasão completa de Gaza, dados os riscos políticos e militares envolvidos. O ministro da Defesa de Israel, Yoan Gallant, afirmou na quinta (19) que seus soldados veriam "Gaza por dentro" logo, mas porta-vozes militares já disseram que não há uma decisão sobre a natureza da ação. Pode ser só tergiversação, claro.
Mas os sinais de que a ação está próxima foram vistos também no norte do país, onde Tel Aviv teme que o Hizbullah libanês se una à guerra do aliado. Ambos os grupos são financiados e orientados pelo Irã, ainda que tenham comandos independentes, e isso leva ao temor de uma escalada regional.
Os combates se intensificaram ao longo desta semana. Nesta sexta, Israel atacou posições do Hizbullah após ter postos alvejados com tiros ao longo da fronteira. Tel Aviv empregou caças, drones e artilharia. Já o grupo libanês atirou ao menos 20 foguetes, além de mísseis antitanque.
O governo israelense já havia esvaziado 28 vilas e cidadezinhas numa faixa com 2 km de largura junto à fronteira libanesa. Nesta sexta, ampliou isso ordenando a saída dos moradores de Kiryat Shmona, uma cidade um pouco mais ao sul com mais de 20 mil habitantes. Eles irão para hotéis e pensões pagas pelo Estado.
"Esse tipo de evacuação permitirá que as IDF expandam sua liberdade operacional para agir contra o Hizbullah", afirmou o porta-voz militar Daniel Hagari, em comunicado. Um dos temores dos planejadores militares da ação em Gaza é o de uma entrada com força do grupo libanês na guerra, já que ele é muito mais poderoso que o Hamas e igualmente bancado pelo Irã.
De olho nisso, os Estados Unidos enviaram seu mais poderoso porta-aviões para a região, como um sinal para que Teerã fique fora da crise, sugerindo também poder atacar o Hizbullah. Por sua vez, a Rússia deslocou patrulhas de caças com mísseis hipersônicos com alcance para atingir os navios americanos, "para controlar os acontecimentos", segundo Vladimir Putin.
O russo é aliado do Irã e tem bases na Síria, que é ligada a Teerã e aos grupos que combatem Israel. Ali e no Iraque, bases americanas foram atingidas na quinta, e um navio americano interceptou mísseis lançados supostamente contra Israel por rebeldes iemenitas apoiados pelo Irã na guerra civil do país.
Com efeito, diversos países pediram para que seus cidadãos deixem a região. Nesta sexta, foi a vez de Moscou, que confirmou estar em contato com o Hamas para soltar os reféns russos em poder dos terroristas Israel recebeu mais de 1 milhão de judeus da antiga União Soviética após o fim do império comunista, em 1991.
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