plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
ELEIÇÕES CONTESTADA

Fraude nas eleições do Paquistão coloca país em crise

Ex-premiê Sharif se declara vencedor antes de resultado, contestado pela oposição

Imagem ilustrativa da notícia Fraude nas eleições do Paquistão coloca país em crise camera Apoiadores de Imran Khan protestam contra suposta fraude eleitoral em Peshawar, Paquistão | Foto: Abdul Majeed/AFP

Um dia depois de mais uma conturbada eleição geral, o Paquistão entrou em um estado de conflito político aberto nesta sexta (9). O ex-premiê Nawaz Sharif se declarou vitorioso antes do fim da apuração, que foi apontada como fraudulenta por diversos rivais e observadores.

Era uma crise anunciada. Na semana que antecedeu a votação, o também ex-premiê Imran Khan, preso desde agosto de 2023, recebeu três sentenças consecutivas, naquilo que seus apoiadores afirmam ser uma perseguição política com a apoio do Judiciário.

Na véspera do pleito, 26 pessoas morreram em dois atentados a bomba atribuídos ao Estado Islâmico. As ações deram a justificativa para o governo reforçar os controles de movimento pelo país e suspender o serviço de telefonia móvel, sob a alegação de evitar novos atentados.

Ainda assim, houve violência e ao menos nove pessoas morreram em ações diversas. Os principais partidos de oposição, o PTI de Khan e o PPP de Bilawal Bhutto Zardari, acusaram o governo de favorecer Sharif desorganizando a comunicação entre eleitores.

Conteúdos relacionados:

No Paquistão, é praxe partidos levarem seus apoiadores para votar, em um sistema promíscuo no qual o voto é praticamente público, já que os partidos controlam o registro de seus eleitores nas zonas eleitorais. Sem celular, muita gente ficou sem saber onde pegar a van para ir votar.

E há a questão das fraudes. No início da noite de quinta (8), os primeiros resultados mostravam uma grande quantidade de votos para o PTI e para candidaturas independentes apoiadas por Khan.

Já na sexta, o sistema de contagem começou a ficar lento e parou, algo que nunca havia acontecido. A Comissão Eleitoral alegou um "erro técnico", mas o fato é que a partir daí o PML-N de Sharif passou a aparecer com mais votos no escrutínio.

"Foi fraude", disse ao jornal Dawn o candidato Shoaib Shaheen, que disputava uma vaga ao Parlamento pelo distrito NA-47, no centro da capital, Islamabad. Na quinta à noite, segundo ele, seu nome tinha 50 mil votos e havia sido declarado vencedor, só para ver a cadeira ir para um candidato aliado de Sharif na sexta à tarde.

Premiê por três vezes, Nawaz Sharif não se importou. Pouco antes das 20h locais (meio-dia em Brasília), ele declarou que seu PML-N era "o maior partido da eleição" e defendeu uma aliança com o PPP para governar. Detalhe: ele não disse quantos votos recebeu, e a apuração ainda estava em curso.

Naquela hora, a Comissão Eleitoral havia contado a partilha de poder entre 201 das 265 vagas de forma majoritária —quem tiver mais voto, leva. Outras 60 vagas são divididas de forma proporcional à votação dos partidos e reservada a candidatas mulheres, e 10 são separadas da mesma forma para não-muçulmanos.

Quer ver mais notícias do mundo? Acesse nosso canal no WhatsApp.

Segundo a comissão, às 20h os candidatos independentes lideravam a disputa com 80 votos, mas não foram divulgados dados de outras siglas. Sharif parece se apoiar no fato de que, como são alinhados a Khan mas não integram o partido dele, o PML-N terá ao fim recebido mais votos enquanto agremiação.

A confusão parece certa. No fim da tarde de quinta já havia protestos registrados no Balochistão, província no sudoeste do país onde a violência entre grupos terroristas islâmicos, o Estado e o vizinho Irã é a norma, e em Khyber-Pukhtunkhwa, no coração das famosas áreas tribais junto ao Afeganistão, onde nasceu o Talibã que voltou ao poder em Cabul em 2021.

Depois que Khan foi derrubado do poder, em abril de 2022, o irmão de Sharif, Shehbaz, assumiu como primeiro-ministro. Isso durou até agosto passado, mesmo mês em que Khan voltou para a cadeia após ter sido solto numa investigação sobre corrupção.

Shehbaz passou o cargo para um interino independente mas próximo, Anwaar-ul-Haq Kakar, e a nova eleição foi marcada. Sharif é o candidato do Exército, a principal força política da nação.

O Paquistão é o quinto país mais populoso do mundo, com 241 milhões de habitantes, e é a única potência nuclear muçulmana. Já travou quatro guerras com a Índia, de quem foi separado em 1947, esteve no centro dos conflitos pós-11 de Setembro e, no mês passado, trocou fogo com o Irã.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Mundo Notícias

Leia mais notícias de Mundo Notícias. Clique aqui!

Últimas Notícias