Na noite desta sexta-feira, 5, o México cortou relações diplomáticas com o Equador após policias e militares equatorianos invadirem a embaixada mexicana na capital do país, Quito, e prender o ex-vice presidente equatoriano Jorge Glas, asilado político desde dezembro.
O presidente Mexicano, Andrés Manuel Lopéz Obrador, em seu perfil no X (antigo Twitter), descreveu o ato com sendo uma “violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”. O governo mexicano havia concedido asilo político ao ex-vice presidente equatoriano na sexta-feira, em retaliação a uma ordem de expulsão, na véspera, da embaixadora mexicana em Quito, Raquel Serur.
Me acaba de informar Alicia Bárcena, nuestra secretaria de Relaciones Exteriores que policías de Ecuador entraron por la fuerza a nuestra embajada y se llevaron detenido al exvicepresidente de ese país quien se encontraba refugiado y tramitando asilo por la persecución y el acoso…
— Andrés Manuel (@lopezobrador_) April 6, 2024
No entanto, segundo declaração do Ministro das Comunicações do equador, "nenhum criminoso pode ser considerado como uma pessoa que sofre perseguição política".
O então vice-presidente foi levado ao tribunal de primeira instância da capital andina, onde se observou forte presença militar.
'Ambiente contaminado'
A crise entre os países teve início na última quarta-feira (3), quando o presidente mexicano levantou um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023, durante a qual o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado, e a criminalidade registrada no México antes das próximas eleições de 2 de junho.
Segundo Obrador, o assassinato de Villavicencio criou um "ambiente contaminado de violência" que, somado à "manipulação" por parte de alguns meios de comunicação, provocou a queda nas pesquisas da candidata de esquerda Luisa González e a ascensão de Noboa, que venceu as últimas eleições.
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Crítico ferrenho do ex-presidente socialista, Rafael Correa (2007-2017), Villavicencio era conhecido por suas denúncias sobre o fortalecimento do narcotráfico à sombra do poder.
O presidente equatoriano, Daniel Noboa declarou que as falas de Obrador "ofendem o Estado equatoriano", pois o país ainda está de "luto". Sete pessoas detidas pelo assassinato de Villavicencio foram mortas na prisão.
O dirigente mexicano advertiu que o México pode vivenciar uma situação próxima à do Equador na atual campanha eleitoral. A candidata da situação, Claudia Sheinbaum, lidera confortavelmente as pesquisas, à frente dos candidatos de centro-direita, Xóchitl Gálvez, e centro, Jorge Álvarez Máynez.
Desde outubro passado, quando começou o processo para as eleições de junho, foram mortos no México ao menos 15 pessoas entre candidatos e pré-candidatos a cargos regionais, segundo o governo.
A consultoria Integralia garante que, desde 1º de setembro, 23 candidatos foram assassinados neste país assolado pela violência dos cartéis do narcotráfico.
Defesa do asilo
Jorge Glas, que foi vice-presidente do socialista Rafael Correa, cumpriu pena pelo escândalo de propinas da Odebrecht, mas enfrenta outro mandado de prisão por supostamente desviar fundos destinados a trabalhos de reconstrução após um terremoto em 2016.
O ex-vice-presidente e o próprio Correa afirmam que se trata de uma perseguição política. Correa, que ainda é bastante popular em seu país, foi condenado a oito anos de prisão por corrupção e inabilitado politicamente. Ele vive exilado na Bélgica, país de origem de sua esposa.
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O México já havia rejeitado uma solicitação do Equador para permitir a captura de Glas na embaixada.
Nesta sexta, López Obrador fez uma defesa ferrenha da instituição do asilo no México, apontando que, no passado, salvou a vida de muitos latino-americanos perseguidos por ditaduras. Nos últimos anos, o país concedeu asilo ou refúgio a vários ex-colaboradores de Correa.
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