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CRISE HUMANITÁRIA

Mesmo com decisão de Haia, Israel segue os ataques à Rafah

Cidade palestina era o principal ponto de entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que sofre ataques há sete meses

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Imagem ilustrativa da notícia Mesmo com decisão de Haia, Israel segue os ataques à Rafah camera Com a continuidade dos ataques mesmo após determinações da ONU, Israel passa por isolamento internacional | Reprodução/UNICEF

Mesmo com decisões da Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinando que Israel cesse as ofensivas militares na Faixa de Gaza, Israel fez mais ataques à cidade de Rafah neste sábado (25).

Segundo a agência AFP, outros ataques aéreos e disparos de artilharia também atingiram outras áreas no sul (Khan Yunis), no centro (Deir Al-Balah e Nuseirat), e no norte (Jabalia e Cidade de Gaza) do território palestino.

A Organização das Nações Unidas (ONU) continua com pressões sobre autoridades israelenses pelo fim da guerra. A ordem da corte de Haia determina que Tel Aviv deve "interromper imediatamente a sua ofensiva militar e quaisquer outras ações na cidade de Rafah que imponham aos palestinos de Gaza condições de vida que possam levar à sua destruição física total ou parcial".

A decisão atende a um pedido da África do Sul. Na semana passada, uma equipe jurídica do país instou a corte a impor mais restrições à incursão de Israel à Rafah, afirmando que era "o último passo na destruição de Gaza e seu povo".

Os profissionais sul-africanos apontaram também que o controle de Israel sobre os dois principais cruzamentos de fronteira no sul de Gaza, Rafah e Kerem Shalom, impede a entrada de ajuda, mergulhando Gaza em "níveis sem precedentes de necessidade humanitária".

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Autoridades de Israel afirmam que a continuidade dos ataques são causadas pela não liberação dos reféns israelenses capturados pelo grupo extremista Hamas em 7 de outubro de 2023.

As negociações, no entanto, estão paralisadas desde o início dos ataques a Rafah, em abril. A cidade era uma das últimas áreas de refugiados das outras regiões de Gaza, que sofre com incursões militares israelenses há sete meses, com quase 36 mil mortos, de acordo com autoridades palestinas.

Com a negativa ao cessar-fogo, Israel continua a ser isolada internacionalmente. Na última quarta-feira (22), Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram, em gesto conjunto, o apoio à criação de um Estado Palestino Independente, movimento que já conta com 142 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, que já reconhece a Palestina como um país independente desde 2010.

Com a aderência dos três países europeus, especialistas apontam a possibilidade de mudanças na forma como a União Europeia trata a causa Palestina.

Mesmo o principal aliado do governo Israelense, os Estados Unidos, critica a condução da crise humanitária por Tel Aviv, pela dificuldade de envio de insumos que garantiriam a sobrevivência dos civis em Gaza desde a incursão em Rafah.

Como resposta, o Exército americano instalou um cais temporário na costa de Gaza que, segundo um porta-voz da ONU, permitiu o desembarque de ao menos 97 caminhões de ajuda. Além da suspensão dos ataques, a CIJ ordenou que Israel permita a entrada de insumos em Rafah pela passagem fronteiriça com o Egito.

Durante a deliberação sobre o assunto, o tribunal afirmou não estar convencido de que os avisos sobre retirada de civis e outras medidas tomadas por Israel sejam suficientes para diminuir os danos aos palestinos.

A Corte de Haia pediu também a "libertação imediata e incondicional" dos reféns sequestrados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), há pelo menos 600 mil crianças palestinas em Rafah que não podem ser realocadas pela falta de infraestrutura necessária.

O que diz o outro lado

O governo britânico discordou da ordem de suspensão das ofensivas militares e afirmou que a determinação beneficia o grupo extremista Hamas. "O motivo de não haver uma pausa nos combates é porque o Hamas recusou uma oferta sobre [soltura de] reféns muito generosa de Israel. A intervenção desses tribunais —incluindo a CIJ— fortalecerá a visão do Hamas de que eles podem manter reféns e permanecer em Gaza", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido na sexta (24).

A Inglaterra é parte dos países que compõem o G7, também composto pelos EUA, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão e que, até o momento, não reconhece o movimento pela independência da Palestina.

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O gabinete de guerra israelense fará uma reunião neste domingo (26), às 18h do horário local (12h no horário de Brasília), para tentar um acordo de libertação dos reféns e de trégua com o Hamas.

Ainda neste sábado, uma autoridade do governo israelense já havia dito que o país pretendia retomar nos próximos dias as discussões sobre a libertação de reféns. "Existe a intenção de retomar as negociações esta semana e há um acordo", declarou o funcionário, que pediu anonimato, à agência de notícias AFP.

O Exército israelense recuperou na sexta (24) os corpos de mais três reféns que estavam em Gaza desde os mega-atentados em 7 de outubro de 2023. Um deles era de Michel Nisenbaum, 59, o único brasileiro-israelense sequestrado pela facção terrorista.

Segundo a imprensa israelense, o diretor do Mossad (agência de inteligência de Israel), David Barnea, concordou com a retomada durante reuniões em Paris com o diretor da CIA (agência de inteligência americana), Bill Burns, e com o primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, ambos representantes dos países mediadores.

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