Alguns protestos ao redor do mundo podem não acabar de forma pacífica, levando morte e tristeza para populações de diversos países.
Neste domingo (04), pelo menos 76 pessoas morreram em meio ao agravamento dos confrontos entre a polícia e manifestantes que exigem a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina. Entre os mortos, 13 eram policiais, vítimas de um ataque a uma delegacia no distrito de Sirajganj, segundo autoridades locais. Além disso, cerca de 300 agentes ficaram feridos.
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Os protestos, iniciados em junho contra cotas de admissão para cargos públicos consideradas "arbitrárias", evoluíram para um movimento antigoverno mais amplo, configurando os piores distúrbios enfrentados por Hasina em seus 15 anos de poder. As forças de segurança conseguiram conter os manifestantes temporariamente, mas a situação se agravou no início deste mês, quando a multidão voltou às ruas para tentar paralisar o governo.
Neste domingo, milhares de pessoas, muitas armadas com pedaços de pau, lotaram a praça Shahbagh, no centro de Daca. Confrontos foram registrados em diversos pontos da capital e em outras duas importantes cidades do país. O chefe das forças de segurança da região, al-Helal, descreveu a situação como um verdadeiro "campo de batalha".
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O ministro da Lei e Justiça, Anisul Huq, em entrevista à BBC, destacou o toque de recolher noturno em vigor, com início às 18h (9h em Brasília). Huq afirmou que "a paciência tem limite" e que, se o governo não tivesse mostrado contenção, poderia ter ocorrido "um banho de sangue". Na capital, o acesso à internet em dispositivos móveis foi suspenso temporariamente.
Correspondentes da AFP relataram que tiros foram ouvidos ao anoitecer, enquanto manifestantes desafiavam o toque de recolher imposto em todo o país. A violência de julho resultou na morte de mais de 200 pessoas, muitas baleadas pela polícia, e na detenção de cerca de 10 mil indivíduos durante uma grande repressão das forças de segurança. Entre os presos, estavam apoiadores da oposição e estudantes.
Um dos líderes do movimento estudantil, Nahid Islam, afirmou que Sheikh Hasina não deve "apenas renunciar", mas também ser julgada por "assassinatos, saques e corrupção". Os estudantes tomaram as ruas no mês passado para condenar a reserva de muitos cargos públicos para parentes de veteranos da guerra de independência de Bangladesh contra o Paquistão, em 1971. Embora o governo tenha reduzido a cota, os manifestantes continuam exigindo justiça para os mortos e feridos, além da renúncia de Hasina.
Sheikh Hasina, de 76 anos, governa o país desde 2009 e venceu as eleições pela quarta vez consecutiva em janeiro, em uma votação sem oposição real. Grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo de usar indevidamente as instituições do Estado para se manter no poder e eliminar opositores, inclusive por meio de execuções extrajudiciais.
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