
A tensão política nos Estados Unidos está sendo vista nas ruas após novas medidas contra imigrantes no país, especialmente no Estado da Califórnia.
Uma repórter australiana foi ferida no último domingo (8) enquanto trabalhava na cobertura dos protestos contra as políticas de imigração do governo do presidente Donald Trump, em Los Angeles. Lauren Tomasi, da emissora Nine News, foi atingida por uma bala de borracha disparada pela polícia local durante uma ação de dispersão nas imediações do Centro de Detenção Metropolitano.
Segundo relato da própria jornalista, a situação escalou rapidamente após horas de impasse. “O LAPD (Polícia de Los Angeles) avançou a cavalo, disparando balas de borracha contra os manifestantes e forçando-os a recuar pelo centro de Los Angeles”, relatou Tomasi. Um vídeo divulgado pela emissora mostra o momento em que a repórter é atingida na panturrilha. Ela grita de dor e é amparada por manifestantes, enquanto uma testemunha confronta a polícia: “Você acabou de atirar na repórter!”.
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Em nota, a Nine News afirmou que a jornalista e seu cinegrafista estão bem e continuarão a cobertura dos protestos. “Este episódio é um lembrete gritante dos perigos que jornalistas enfrentam na linha de frente”, disse o comunicado.
Outro profissional de imprensa também ficou ferido durante a cobertura dos protestos. O fotógrafo britânico Nick Stern foi atingido na coxa por uma bala de esponja de 14 mm enquanto trabalhava na cidade de Paramount, no Condado de Los Angeles. Identificado como jornalista, Stern precisou ser submetido a uma cirurgia de emergência no Centro Médico Memorial de Long Beach.
“Minha primeira preocupação foi saber se estavam atirando com munição real”, contou ele à agência britânica PA. Stern destacou a solidariedade dos manifestantes, que o ajudaram e o levaram para fora da confusão. “Notei que havia sangue escorrendo pela minha perna”, relatou.
Stern criticou a presença de agentes federais na cidade e lembrou que essa é a segunda vez que se fere cobrindo protestos nos EUA. Em 2020, durante as manifestações contra a morte de George Floyd, ele sofreu hematomas após ser atingido por uma bala de borracha.
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Prisões e violência
Os protestos em Los Angeles resultaram em pelo menos 56 prisões, incluindo menores de idade, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (9) pela polícia local. A mobilização cresceu após o envio de tropas da Guarda Nacional à cidade, determinado por Donald Trump, que autorizou o deslocamento de mais 2 mil soldados por 60 dias.
O presidente tomou a decisão após críticas públicas às lideranças californianas, incluindo o governador Gavin Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, que foram acusados por Trump de serem “coniventes” com os atos pró-imigração. Newsom reagiu afirmando que o envio da Guarda Nacional foi “ilegal, imoral e inconstitucional” e anunciou que o estado irá processar o governo federal.
Segundo o Departamento de Polícia de Los Angeles, dois agentes ficaram feridos durante os confrontos. Um deles foi levado ao hospital, sem risco de morte. Entre os detidos, há suspeitos de lançar um coquetel molotov e uma motocicleta contra policiais.
As autoridades classificaram todo o centro da cidade como área de “aglomeração ilegal” e emitiram alertas para que civis deixassem a região. “Moradores, comerciantes e visitantes devem denunciar atividades criminosas”, alertou a polícia em publicação na rede social X (antigo Twitter).
Confrontos após batidas migratórias
A onda de manifestações teve início após uma nova etapa das batidas migratórias federais, que resultaram na prisão de pelo menos 50 pessoas em Los Angeles. Grupos pró-imigrantes reagiram ocupando áreas próximas a escritórios da polícia de imigração (ICE) e centros de detenção.
O clima, inicialmente pacífico, rapidamente se deteriorou. A Guarda Nacional, posicionada em pontos estratégicos, lançou gás lacrimogêneo contra a multidão, e o confronto se intensificou após manifestantes gritarem contra os militares em frente ao Centro de Detenção Metropolitano. Policiais equipados com escudos e armamentos não letais enfrentaram os manifestantes, transformando o centro da cidade em um palco de fortes conflitos.
Veja o vídeo:
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