Por que Macron está há tantos anos na presidência da França? 

Emmanuel Macron representa um marco na política francesa contemporânea, não apenas por sua trajetória eleitoral, mas também pela longevidade presidencial, que chamou atenção de internautas, que passaram a se questionar sobre o tempo dele no poder.

Macron atua no cargo desde 2017 e, em um cenário político europeu marcado por instabilidades, o presidente francês conseguiu estabelecer uma continuidade governamental que não era vista na França há mais de duas décadas.

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Em 7 de maio de 2017, Emmanuel Macron conquistou a presidência francesa com 66,06% dos votos no segundo turno, derrotando Marine Le Pen, que obteve 33,94%. Aos 39 anos, tornou-se o presidente mais jovem da Quinta República Francesa, estabelecida em 1958.

A reeleição de Macron em 24 de abril de 2022 solidificou sua posição como um líder de longa permanência no poder. Com 58,54% dos votos contra 41,46% de Marine Le Pen, ele se tornou o quarto presidente reeleito desde o início da Quinta República, quebrando um jejum de 20 anos sem reeleição presidencial na França.

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O sistema político francês e os limites da longevidade

Marco legal dos mandatos presidenciais

O sistema político francês estabelece regras claras sobre a duração e limitação dos mandatos presidenciais. São elas:

• Duração do mandato: 5 anos (quinquenal);
• Limite de reeleições: Máximo de dois mandatos consecutivos;
• Tempo máximo no poder: 10 anos seguidos;
• Sistema eleitoral: Dois turnos, caso necessário.

A particularidade do caso Macron

Macron representa um fenômeno de estabilidade política prolongada em um contexto europeu frequentemente marcado por mudanças governamentais rápidas.

Sua capacidade de manter-se no poder por dois mandatos consecutivos demonstra uma habilidade política notável para navegar em cenários domésticos complexos.

O movimento En Marche!: renovação e continuidade

O sucesso da longevidade de Macron está intrinsecamente ligado ao seu movimento político En Marche!, fundado em 2016. Este partido centrista e liberal conseguiu:

• Romper com as tradicionais divisões entre esquerda e direita;
• Estabelecer uma nova forma de fazer política na França;
• Manter relevância eleitoral ao longo de múltiplos ciclos eleitorais;
• Garantir governabilidade mesmo em parlamentos menos favoráveis.

A longevidade de Macron no poder ganha ainda mais relevância quando comparada ao histórico da Quinta República, sendo os únicos presidentes Reeleitos no período de 1958 a 2024:

• Charles de Gaulle (1959-1969);
• François Mitterrand (1981-1995);
• Jacques Chirac (1995-2007);
• Emmanuel Macron (2017-presente).

Este seleto grupo demonstra como a continuidade governamental por dois mandatos é um feito excepcional na política francesa moderna. Entretanto, a permanência prolongada no poder trouxe desafios específicos para Macron.

Entre eles, a necessidade de manter coesão em um parlamento nem sempre favorável, além da gestão de expectativas após anos de governo e o enfrentamento de uma oposição experiente e organizada. Também foi preciso trabalha a manutenção da relevância política em um segundo mandato.

Estratégias de manutenção do poder

Neste cenário, Macron se sustenta como uma figura relevante por conte de fatores como:

• Adaptabilidade às mudanças do cenário político;
• Capacidade de formar coalizões governamentais;
• Habilidade de comunicação com diferentes segmentos eleitorais;
• Manutenção de uma agenda política relevante e atualizada.

Um legado de estabilidade

A longevidade presidencial de Emmanuel Macron na França representa mais do que um feito eleitoral individual. Simboliza a capacidade de um líder político moderno de estabelecer continuidade governamental em um contexto democrático, respeitando os limites constitucionais enquanto maximiza sua influência política.

Seu exemplo demonstra como a permanência no poder, quando exercida dentro dos marcos democráticos, pode contribuir para a estabilidade institucional e a efetividade das políticas públicas.

Para a França, os anos de Macron representam um período de consolidação política que certamente influenciará as próximas décadas da república francesa.