
O Himalaia sempre foi um símbolo de desafio, beleza e reverência — um lugar onde a natureza impõe seus próprios limites e o ser humano é apenas um visitante temporário. Mas, às vezes, mesmo os mais experientes caminhantes não estão preparados para a fúria repentina da montanha. Foi o que aconteceu nos últimos dias nas encostas orientais do Monte Everest, na fronteira entre Tibete e Nepal, onde uma tempestade de neve inesperada deixou centenas de pessoas presas em acampamentos remotos a mais de 4.900 metros de altitude.
A situação se desenrolou em meio à “Semana Dourada” — feriado nacional na China que atrai milhares de turistas para áreas montanhosas. No entanto, o que deveria ser uma jornada contemplativa ou uma conquista pessoal acabou virando um episódio de sobrevivência extrema. As equipes de resgate foram acionadas às pressas, enfrentando condições severas para chegar até os trilheiros isolados.
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A tempestade teve início na noite de sexta-feira (4) e se intensificou rapidamente, atingindo em cheio a região do Everest no lado tibetano — uma rota popular entre alpinistas e trilheiros. Mais de 350 pessoas já foram resgatadas e levadas a um local seguro na cidade de Qudang, segundo informou neste domingo (5) a agência Reuters, com base em relatos da mídia estatal chinesa.
Ainda há cerca de 200 pessoas presas na trilha, mas que já foram localizadas e estão em contato com os socorristas.
Relato
Chen Geshuang, de 29 anos, é uma das sobreviventes. Apaixonada por atividades ao ar livre, ela partiu de Qudang em 4 de outubro com seu grupo, rumo ao acampamento de Cho Oyu, parte da trilha que oferece vistas privilegiadas dos picos nevados do Himalaia.
“Esperávamos neve no dia 4, mas que o clima melhorasse logo depois. Ninguém imaginava que a tempestade ganharia tanta força e duração”, contou ela à Reuters.
Seu grupo de mais de 10 pessoas decidiu permanecer no local, como previsto no roteiro, mas durante a noite o tempo virou drasticamente: trovões, ventos fortes e neve contínua. Quando acordaram, as tendas estavam quase soterradas.
“Acordamos e já havia quase um metro de neve. Foi assustador. Decidimos descer imediatamente”, relatou Chen.
A caminhada de volta levou quase seis horas, com a trilha original completamente coberta. No caminho, encontraram aldeões tibetanos subindo com suprimentos para ajudar as equipes de resgate.
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Mobilização local e esforços de resgate
A operação de resgate contou com a equipe Blue Sky do Tibete e o apoio de centenas de moradores locais, que foram mobilizados para abrir caminho e levar mantimentos. Muitas tendas haviam desabado e alguns trilheiros já apresentavam sintomas de hipotermia, segundo veículos de comunicação chineses.
Além disso, as autoridades suspenderam o acesso turístico à área cênica do Everest, bem como a venda de ingressos, como medida de segurança.
Impacto regional e riscos extremos
A tempestade não afetou apenas o lado tibetano do Everest. No Nepal, fortes chuvas causaram deslizamentos de terra e inundações, resultando em pelo menos 47 mortes nos últimos dois dias.
Ao mesmo tempo, o tufão Matmo atingiu parte do território chinês, forçando 150 mil pessoas a deixarem suas casas.
O episódio atual levanta novamente a discussão sobre os desafios de escalar ou explorar o Everest, mesmo sem a intenção de atingir o topo. A maioria dos turistas busca apenas visitar o acampamento base, mirantes ou rotas de trilha de média altitude. Ainda assim, o risco é real.
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