
O príncipe Andrew, irmão do rei Charles 3º, do Reino Unido, renunciou ao seu título de duque de York, de acordo com comunicado divulgado pelo Palácio de Buckingham nesta sexta-feira (17)
"Em discussão com o rei e minha família imediata e ampla, concluímos que as contínuas acusações contra mim desviam a atenção do trabalho de Sua Majestade e da Família Real", afirmou ele na nota, em referência ao suposto envolvimento na rede de exploração sexual criada pelo bilionário americano Jeffrey Epstein.
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"Decidi, como sempre, colocar meu dever para com minha família e meu país em primeiro lugar. Mantenho minha decisão de cinco anos atrás de me afastar da vida pública", continuou. "Com o consentimento de Sua Majestade, sentimos que devo agora dar um passo adiante. Portanto, não usarei mais meu título nem as honras que me foram conferidas. Como já disse, nego veementemente as acusações contra mim."
O agora ex-duque de 65 anos era o oitavo na linha de sucessão ao trono do Reino Unido. Nos últimos anos, porém, sua imagem foi manchada pelo suposto envolvimento com um dos maiores escândalos de tráfico sexual de menores da história do Estados Unidos.
O mais recente desdobramento do caso foi a divulgação pelo jornal britânico The Guardian, na última quarta-feira (15), de um trecho das memórias póstumas de Virginia Giuffre, que acusou Andrew de ter cometido abuso sexual em três ocasiões no início dos anos 2000, quando ela tinha 17 anos.
Os episódios teriam tido a ajuda de Jeffrey Epstein. Estima-se que o bilionário americano, que se suicidou na prisão em 2019, antes de ser julgado, tenha traficado mais de mil adolescentes por meio de um esquema de coação em que cada menina recrutada chamava outra. O caso ganhou notoriedade não apenas pela gravidade dos crimes, mas também pela associação de Epstein com figuras públicas e poderosas, como o príncipe Andrew e o presidente dos EUA, Donald Trump —ambos negam as acusações.
Virginia, que também cometeu suicídio em abril deste ano, aos 41 anos, afirmou em suas memórias que Einstein a usou como "escrava sexual" no início dos anos 2000 e relatou seus encontros com Andrew.
Segundo o trecho do livro "Nobody's Girl", com lançamento previsto para 21 de outubro, publicado pelo Guardian, Virginia conheceu o príncipe em março de 2001, quando ela estava em Londres, na casa de Ghislaine Maxwell, então namorada de Epstein e condenada pela Justiça dos EUA em cinco acusações por recrutar jovens e ajudar o investidor a abusar delas.
Em uma manhã, a cúmplice do bilionário teria acordado Virginia prometendo à menina, então menor de idade, que "assim como a Cinderela", ela conheceria "um príncipe encantador".
Virginia afirma que Andrew adivinhou sua idade. "Minhas filhas são só um pouquinho mais novas que você", teria dito ele, segundo suas memórias. "Ele era amigável o suficiente, mas ainda tinha um ar de autoridade, como se acreditasse que fazer sexo comigo era seu direito de nascença", escreveu.
O príncipe afirma que nunca a conheceu e nega as acusações, apesar da existência de uma foto, sem identificação de data ou local, mostrando os dois juntos ao lado de Ghislaine. A imagem foi divulgada pelo Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York em 2021, quando Virginia processou o príncipe
No ano seguinte, eles chegaram a um acordo extrajudicial secreto que pode ter envolvido alguns milhões de libras. Uma apuração do jornal Daily Telegraph na época dizia que Andrew teria pagado 12 milhões de libras (R$ 87,5 milhões, na cotação atual) —10 milhões iriam para a americana e o restante, para uma instituição de atendimento a vítimas de tráfico sexual.
Desde que as acusações vieram à tona, especula-se que o príncipe poderia renunciar ao seu título. Em 2019, uma rara entrevista gerou comoção no Reino Unido. Questionado pela jornalista da BBC se lamentava seu relacionamento com Epstein, Andrew afirmou que lamentava "o fato de que ele muito obviamente se comportou de maneira indecorosa". Em seguida, diante da indignação da entrevistadora, afirmou: "Sinto muito, estou sendo educado. Quero dizer, no sentido de que ele era criminoso sexual".
Naquele mesmo ano, ele anunciou que se afastaria da vida pública e de seus deveres reais e, em 2022, renunciou a seus títulos militares e deixou de usar o título de "Sua Alteza Real". Desde então, suas atribuições como príncipe foram distribuídas a diferentes membros da família.
Em agosto deste ano, um levantamento da empresa de pesquisas YouGov mostrou que 67% dos britânicos apoiavam a remoção de Andrew de seus títulos reais restantes, enquanto apenas 13% se opunham à medida.
Andrew continua sendo um príncipe e seguirá morando na Royal Lodge, na propriedade que cerca o Castelo de Windsor, um palácio real histórico a oeste de Londres. No entanto, ele não participará mais das festas de Natal reais em Sandringham, a residência real no leste da Inglaterra.
Suas filhas, as princesas Beatrice e Eugenie, não serão afetadas, mas sua ex-esposa, Sarah Ferguson, cuja imagem também foi afetada por seus laços com Epstein, também não será mais a duquesa de York.
Em setembro, várias instituições de caridade cortaram laços com a ex-duquesa depois da divulgação de um email na qual ela descreve Epstein como um "amigo supremo". A mensagem data de 2011, três anos depois de ele ter se declarado culpado de uma acusação estadual de prostituição na Flórida e concordado em se registrar como agressor sexual.
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Além dos laços com Epstein, as relações comerciais de Andrew também se mostraram problemáticas. Em dezembro do ano passado, documentos judiciais revelaram que um empresário chinês que havia sido autorizado a agir em nome do príncipe para buscar investidores no país asiático foi banido do Reino Unido por questões de segurança nacional. Os documentos revelaram que o homem, um suposto espião, foi convidado para a festa de aniversário de Andrew.
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