Organizações internacionais dos Direitos Humanos comemoraram nesta terça-feira (25) a decisão do presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, que decretou a proibição da mutilação genital no país. A decisão tem efeito imediato.

Segundo o Ministro da Informação da Gâmbia, a prática da mutilação genital, generalizada no país, não foi ditada pelo Islã e deve, portanto, ser abolida.

O presidente Jammeh "declarou há alguns minutos que a mutilação sexual feminina (excisão) está proibida com efeito imediato", escreveu o ministro Sherrif Bojang em sua página no Facebook.

"O presidente fez a declaração durante uma reunião em Kanilai", sua região natal, sob os aplausos das mulheres na plateia, contou o ministro, entrevistado pela AFP.

A medida visa a "proteção das meninas", garantiu Bojang, ressaltando que o chefe de estado tomou a decisão pela ausência de justificativa religiosa desta prática no Islã.

Jammeh alertou que os pais e as autoridades locais que não respeitarem a interdição devem sofrer sanções. As penas para o crime devem ser alinhadas àquelas previstas pela lei em casos de lesão intencional.

O jornal britânico The Guardian, que lançou em 2014 uma campanha mundial contra a mutilação genital em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e um prêmio de reportagens sobre a excisão na África em 2015, citou nesta terça-feira a reação entusiasta de uma militante pelo fim desta prática na Gâmbia.

"Estou realmente impressionada que o presidente tenha feito isso. Não esperava por essa medida nem em um milhão de anos", declarou Jaha Dukureh ao jornal, dizendo-se "orgulhosa de seu país".

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Gâmbia é um dos dez países, todos africanos, onde a mutilação genital é mais praticada, atingindo cerca de três quartos da população feminina.

Alçado ao poder através de um golpe de estado sem derramamento de sangue em 1994 e constantemente reeleito desde 1996, Yahya Jammeh conduz com mão de ferro a Gâmbia, um pequeno país anglófono do Oeste Africano encravado no território do Senegal, para além da sua costa atlântica.

(DOL com informações UOL)

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