Grupos paramilitares a serviço do governo nicaraguense iniciaram por volta de 15h locais (18h em Brasília) nesta sexta-feira (13) um ataque violentíssimo aos estudantes que estavam há dias entrincheirados na Unan (Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua).
Até as 21h (Brasília) só o Hospital Militar de Manágua havia recebido dez feridos, dois deles em cirurgia, pela gravidade dos ferimentos. Mas não havia registro de mortos.
O desespero que tomou conta dos estudantes está bem retratado em tuíte recebido pela reportagem às 17h34 locais (20h34 em Brasília), nos seguintes termos: "Já estamos cercados, é uma questão de minutos para que nos matem". Em seguida, os jovens cantaram o hino nacional, em meio a um tremendo tiroteio, conforme se podia comprovar por áudios e vídeos enviados ao jornal.

Están asesinando a los estudiantes de la UNAN Managua pic.twitter.com/NwJvjOXMHo

— Xiskya ن (@xiskya) July 13, 2018
Mais ou menos no mesmo horário, um outro tuíte informava que o ataque se dava também a partir da igreja da Divina Misericórdia.
O cerco e os tiros foram confirmados por uma funcionária a serviço do Meseni (Mecanismo Especial de Seguimento para Nicarágua), criado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
O brasileiro Paulo Abrão, secretário-executivo da CIDH, que acaba de regressar de uma visita de inspeção à Nicarágua, contou à reportagem que os estudantes da Unan haviam iniciado há dias uma discussão sobre a desocupação espontânea e pacífica. "A resposta que receberam: um ataque inadmissível", emendou Abrão.
Ele relata ainda que, há três dias, levara diretamente ao chanceler nicaraguense, Denis Moncada, a proposta dos estudantes para uma desocupação pacífica.
Foi inútil: "O governo resolveu retomar todo o controle à força, ignorando os espaços formais da mesa de diálogo". O chamado Diálogo Nacional foi convocado a partir dos protestos iniciados em 19 de abril e está sendo mediado pela igreja.
Uma das instâncias do diálogo é a CVS (Comissão de Verificação e Segurança), destinada precisamente a apurar eventos repressivos como os desta sexta-feira. Uma das integrantes da CVS estava na Unan quando o ataque se iniciou.
(Folhapress)

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