Mais quatro sargentos venezuelanos desertaram e cruzaram a fronteira com o Brasil nesta segunda-feira (25) em Pacaraima, Roraima.
No total, são sete os sargentos venezuelanos que fugiram para o Brasil desde o fim de semana -os outros três cruzaram a fronteira no sábado e no domingo. Além disso, 167 militares e policiais abandonaram o país e foram para a Colômbia no mesmo período.
As deserções acontecem após uma frustrada operação internacional de entrega de ajuda humanitária organizada pela oposição política a Maduro. A fronteira com o Brasil está fechada desde a quinta-feira (21) por ordem do ditador.
Os quatro militares que chegaram nesta segunda disseram à imprensa que fugiram na noite anterior pelas montanhas e se esconderam durante várias horas na mata, até serem encontrados por militares brasileiros. Um deles estava em condições de desnutrição, informou um militar.
"Não queremos ficar marcados na história como assassinos, por isso fugimos", disse o sargento Moreno Peñaloza.
Eles convocaram seus pares na Venezuela a desertar e afirmaram que querem ir para a Colômbia se reunir com outros companheiros de armas que também fugiram do regime. Também chegou a Pacaraima o policial municipal César Marcano, 22, acompanhado da esposa e três filhos.
Eles percorram a pé por cerca de cinco horas uma trilha alternativa para cruzar os limites entre os dois países com os bebês em seus braços, enquanto a filha mais velha também caminhava sob as altas temperaturas tropicais da região.
"Eu ganhava apenas 18 mil bolívares e gastava 10 mil em um pacote de fraldas", disse.
"Nos quartéis militares, não há comida nem colchões. Nós, sargentos da Guarda Nacional, estamos dormindo no chão", contou Carlos Eduardo Zapata, que chegou a Pacaraima no domingo.
O sargento Javier González, 28, afirma que sabia que seria morto se fosse pego durante a fuga, mas o sofrimento de seu filho de nove meses por falta de leite e fraldas motivou sua decisão.
Sua esposa, a sargento Kari Castro, 38, fugiu do país cruzando um rio perto de Cúcuta com o bebê e dois familiares. Ela passou metade de sua vida nas Forças Armadas.
"Eu desertei pela vida do meu filho. Nosso salário não cobre nada. Não podemos viver na miséria. Basta, estamos cansados" disse González, que ganhava cerca de R$ 50 por mês.
Muitos nas Forças Armadas têm medo da inteligência venezuelana, afirmou González. Há relatos de tortura e assassinatos de opositores do regime.
O apoio dos militares é considerado chave para Maduro manter seu controle sobre o país.
Iván Duque, presidente da Colômbia, afirmou que as fugas expõem o racha entre os militares venezuelanos e apelou por um "efeito dominó" das deserções.
(Folhapress)

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