Quem não se sensibiliza ao andar pela rua e se deparar com uma caixa de papelão cheia de filhotes de cães ou de gatos, abandonados à própria sorte? Tamanha maldade - que é um crime, por sinal - pode ser evitada com a castração dos pets. Um procedimento simples que não prejudica a saúde do animal. Pelo contrário, ajuda a prevenir inflamações no útero e tumores nas mamas das fêmeas, e câncer de próstata nos machos.
No Brasil, existe uma discussão antiga sobre os métodos contraceptivos para animais domésticos e, por muito tempo, houve a propagação de “mitos” sobre o uso de anticoncepcionais e sobre cirurgias de castração que atrapalham ainda mais a tomada de decisões por quem tem um cachorro ou um felino de estimação.
O caso é que o uso de anticoncepcional em cadelas e gatas, por mais que seja uma alternativa barata, é inadequado e pode resultar em danos à saúde dos animais, principalmente se o uso destes produtos for contínuo. Castrar é a alternativa mais adequada para evitar que os pets tenham uma gravidez indesejada e seus tutores tenham dificuldades para conseguir um lar para cada um dos filhotes.
A veterinária Jayanna Maya destaca que nem todo animal consegue manifestar os sintomas dos males causados pelo anticoncepcional logo após a primeira aplicação. Alguns, sim. Ela não recomenda, em hipótese alguma, usar o anticoncepcional. “E se fizer isso, que seja uma única vez e somente num caso de extrema necessidade”, pondera.
Ela lista uma série de doenças que podem aparecer com o uso destes produtos e que podem causar até a morte. “Os peitos das fêmeas ficam logo inchados, podem aparecer tumores (câncer) nas mamas delas”, aponta. “Isto sem falar nas inflamações e infecções uterinas e ovarianas”, prossegue Jayanna.
“A castração é o método mais indicado, traz mais benefícios à saúde dos animais e não há nenhuma chance de apresentarem tumores ou câncer”, indica. O procedimento é simples e, no mesmo dia, o pet pode voltar para casa e ficar sob os cuidados de seus donos. Maya derruba o “mito” de que é preciso que as fêmeas engravidem pelo menos uma vez para serem castradas.
O ideal é que a cirurgia seja feita antes de o animal completar um ano de idade. O enfermeiro Eduardo Gaudêncio, 29, soube disso logo depois que adotou a gatinha ‘Evita’. Hoje, a felina tem 8 anos de idade e nunca manifestou qualquer problema por ter sido castrada. “Procuramos nos informar sobre a idade correta, peso e o que era preciso. Ela teve uma recuperação bem rápida”, relatou.
Nos machos, o procedimento é menos invasivo. “É feita a retirada dos dois testículos, mas a bolsa escrotal do animal permanece”, explica Jayanna. “Nas fêmeas fazemos uma pequena incisão para retirar os ovários e o útero. O procedimento não afeta a produção hormonal delas”, ressalta a veterinária.
Em várias cidades brasileiras, as prefeituras promovem mutirões de castração de cães e gatos, como forma de garantir o controle populacional destes animais, contribuindo para diminuir a ocorrência de abandonos de filhotes nas ruas. O serviço é gratuito e pode ser uma boa alternativa para pessoas de baixa renda, que têm pet em casa. A autônoma Fernanda Monteiro, 42, tinha dois gatos e um cachorro quando uma gata chegou na casa dela e, lá, se instalou. Ela não expulsou a bichinha e a adotou.
Pesava sobre ela a preocupação de ter uma fêmea em meio a dois machos. “Era certo de que ela entraria no cio, iria cruzar e engravidar. Eu não teria para quem dar os filhotes”, conta. “Teve um mutirão de castração na cidade onde moro e a levei. Vivo despreocupada com o risco de gravidez e ela é até mais esperta que os machos”, comentou.
A gatinha foi batizada de ‘Intrusa’. “Desde que ela chegou aqui a minha casa tem mais amor. Não foi eu que a escolhi, ela me escolheu e eu só fiz cuidar e dar carinho. Ela retribui me dando alegrias”, disse Fernanda, sobre a gata castrada.
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