Os fogos de artifícios já são uma tradição no Réveillon em várias celebrados, que ocorrem pelo país para receber o novo ano que se inicia. No entanto, os animais são os que mais sofrem com os barulhos emitidos por essas comemorações.
De acordo com um estudo de Stefanie Riemer, da Universidade de Berna (Suíça), publicado em 2019 na revista PLOS ONE, revelou que a utilização de fogos afeta 52% dos cães, que fogem e ficam assustados por conta do barulho.
Essa situação é tão grave que motivou a proibição de fogos de artifício em muitas cidades, uma medida que não beneficia apenas os animais, mas também idosos, autistas, bebês e pessoas doentes.
Só para ter uma ideia, o ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, se comparado a humanos, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes. Para cães, barulhos acima de 60 decibéis (que equivale a uma conversa em tom alto) podem causar estresse físico e psicológico, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária.
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A soltura de rojões barulhentos, então, causa desespero —em pets e animais silvestres. Até pássaros criados em gaiolas devem ser protegidos.
"Esse é um problema seríssimo", diz o médico-veteriná.
"Já atendi um cão que atravessou uma vidraça e Chegou aqui cheio de cacos enfiados na região de rosto, peito e pescoço. Por sorte não cortou a jugular ou entrou vidro nos olhos. Também atendi um cão que morreu de infarto e outro que saiu pelo portão assustado, atravessou a rua e foi atropelado."
A médica-veterinária Kellen Oliveira, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, diz que muitos filhotes acabam sofrendo um "erro de sociabilização", que precisa ocorrer no período entre 21 a 90 dias de vida dos cães e gatos, e desenvolvem fobias.
Uma solução que ajuda os pets, é que eles devem passar por um processo de dessensibilização ou contracondicionamento, sob o risco de morrerem por decorrência do medo.
Infelizmente, a queima de fogos não ocorre apenas na virada de ano, acontece também em outras épocas, como dias de trovoadas e jogos de futebol, além das festas juninas.
Como lidar:
- A mais óbvia é: não estourar fogos.
- Mantenha o animal identificado, com plaquinha na coleira contendo telefone e email para o caso de fuga.
- Deixe os animais à vontade, perto dos donos, onde eles se sentem mais seguros. Se pedirem colo, dê. Prepare um ambiente acolhedor para o animal, que abafe o som dos fogos. Pode ser um quarto, a lavanderia ou a garagem. Não deixe em sacadas, perto de piscinas ou em correntes.
- Crie um refúgio com "tocas" e o cheiro do dono, ou seja, espaços onde ele pode se esconder, como debaixo da cama ou caixas de transporte. Os gatos gostam de se esconder em lugares altos, como no alto de armários ou prateleiras.
- Não deixe comida à vontade. Se você alimenta seu cão duas vezes por dia, o alimente pela manhã e prepare brinquedos com as comidas preferidas dele para dar na hora dos fogos, como ossos grandes --para evitar engasgamentos. Ele deve ficar motivado a se entreter e ficar menos preocupado com o barulho.
- Ligue uma música ou a TV para disfarçar o barulho dos rojões.
Coloque protetores para o ouvido, que seu veterinário pode indicar como colocar.
- Não estresse junto! Haja normalmente durante a barulheira
Recompense a bravura: quando ele sair do local de fuga sozinho, encha de carinho.
- Colocar vários animais juntos pode ser pior e causar brigas ou ferimentos no momento de desespero.
Caso tenha mesmo que sair...
- Se forem presos sozinhos ou deixados do lado de fora da casa podem sofrer acidentes grave, mas caso tenha que sair de casa, escolha bem um lugar que seja seguro. O banheiro, por exemplo, isola o som e não permite fugas. Leve a caminha, água, brinquedos e uma pequena porção de comida.
Outras medidas em casos mais graves
Existem à disposição feromônios sintéticos que também podem ajudar a acalmar o cão. Caso ele fique muito desesperado e tenha convulsões ou tente fugir, uma alternativa é usar medicamentos calmantes. Converse com um veterinário a respeito. Se um acidente acontecer, leve o animal ao veterinário o mais rápido possível. Em casos de trauma, muitas vezes as lesões são internas e podem passar despercebidas.
Prevenção do medo.
Filhotes reagem melhor à exposição a novos estímulos, inclusive barulhos. Então, se forem estimulados a brincar ou se recebem algum petisco em dias de fogos, a situação não fica tão ameaçadora e eles crescem menos medrosos.
A ideia é tentar associar o barulho dos fogos a coisas positivas. Para isso, você pode fazer um treino frequentemente: utilize vídeos e áudios com o som de fogos de artifício —você encontra isso facilmente na internet.
Comece colocando o som baixinho e vá brincando e dando petiscos ao seu cão. Aumente o som gradualmente, tomando cuidado para que ele não se assuste e mantenha as brincadeiras. Repita periodicamente, colocando o som cada vez mais alto.
Com o tempo, o animal deve começar a perder o medo. Se não funcionar, procure um veterinário especialista em comportamento animal, que ajudará nesses casos mais complicados.
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