
Pouco mais de 42% da população adulta paraense possui dívidas atrasadas e negativadas. O número fez com que o Pará figurasse, no mês de abril deste ano, entre os 10 estados brasileiros com maior percentual de inadimplência entre essa população. Os dados, os mais recentes divulgados pela Serasa Experian, chamam a atenção. Mas especialistas em educação financeira garantem que é possível, sim, sair desta condição.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-PA), Luiz Carlos Silva, aponta que para deixar a inadimplência é preciso se reeducar financeiramente, o que passa por algumas mudanças de hábitos. “É preciso haver resignação. Há que se adotar algumas medidas e ser resiliente”, aponta. “Se a dívida é no cartão de crédito, a pessoa tem que ter consciência de que vai precisar deixar de usá-lo por um período, o ideal é deixar em casa bem guardado”.
Já se a dívida foi adquirida por meio de empréstimos direto com o banco, o economista recomenda que se busque uma taxa mais baixa para renegociar. “Hoje bancos oferecem crédito consignado, que tem os menores valores. Uma saída pode ser procurar o gerente e tentar uma negociação”, orienta. “O que a gente recomenda é que as pessoas comprometam até no máximo 30% de sua renda líquida com dívidas. Passando disso, ela já entra em situação de alerta e precisa repensar suas formas de consumo”.
A necessidade de reavaliar os hábitos de consumo foi apresentada ao técnico visagista Agnaldo Silva Mendonça, 54 anos, na transição do ano de 2016 para 2017, quando ele percebeu que a dívida de sua empresa com o banco já estava em R$20 mil e que ainda era somada às faturas dos seis cartões de crédito que mantinha para uso pessoal. “Inicialmente bateu o desespero, mas eu me reorganizei, negociei com o banco e fiquei apenas com um cartão de débito”.
DISCIPLINA
Apesar do momento difícil, Agnaldo é a prova de que, com organização e disciplina, é possível superar as dívidas. Após a negociação, ele passou a reservar 30% de todo o dinheiro que entrasse, seja pelo salário fixo ou por trabalhos externos. Com isso ele conseguiu ir quitando, aos poucos, a dívida com o banco e, com o restante do rendimento, ia mantendo o pagamento das despesas.
Como resultado, o técnico visagista não apenas conseguiu quitar todas as dívidas, como ainda reservou uma quantia suficiente para pagar, à vista, pelos dois cursos de especialização que ele fará no Chile, na próxima semana. “Não é fácil, mas eu me reorganizei não só para sair das dívidas, como para não voltar para elas”, conta, ao falar dos planos futuros. “Hoje eu reservo 20% de tudo que entra – e não mais os 30% de antes – e coloco em uma poupança. Estou me organizando para que, no ano que vem, eu faça outra especialização, desta vez, em Paris”.

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