A confirmação da primeira morte ligada ao uso de cigarros eletrônicos, nos Estados Unidos (EUA), no final do mês passado, criou uma grande interrogação em volta do assunto: quais os riscos para a saúde em substituir os tradicionais tubinhos de papel e tabaco pelos vaporizadores? Enquanto alguns usuários seguem defendendo vantagens do uso, a comunidade médica faz questão de acender o alerta vermelho e afirma que o dito substituto é ainda mais nocivo à saúde do que os cigarros comuns.
“Não há vantagem de um sobre o outro, isso é um grande mito. Diria até que é uma estratégia por parte da indústria para atrair um público mais jovem, já que o uso do cigarro eletrônico é sinal de status, está relacionado a uma parcela mais elitizada da população”, analisa a pneumologista Fátima Amine Houat, atual coordenadora do Centro de Referência Especializado em Abordagem e Tratamento do Fumante, ligado à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).
Perigo
O perigo do uso está no fato de que o aparelho se utiliza de nicotina líquida e em quantidades muito maiores. O resultado é uma dependência criada quase que de forma automática e um efeito negativo que chega muito mais rápido que o esperado.
“A nicotina é um vasoconstritor, e em quantidade alta, provoca uma trombose, um acidente vascular cerebral, um infarto súbito. O cigarro comum faz mal a longo prazo, mas o eletrônico pode provocar um consumo, por exemplo, de 20mg, que é uma dose altíssima, em pouquíssimo tempo”, diz. “O pulmão fica devastado como uma ave molhada de óleo”, compara.
“Tive até o domingo passado um paciente de 19 anos que quase não conseguiu sair de um quadro de broncoespasmo. Agora ele não quer nem olhar um vaporizador na frente dele”, relatou a médica.
Comercialização é proibida no Brasil
É válido dizer que, no Brasil, a comercialização do cigarro eletrônico é proibida, embora o uso seja liberado, mas o tema está em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se não é possível achar os dispositivos em lojas físicas, uma rápida busca em redes sociais e sites de compra e venda na internet já expõe uma enorme gama de modelos que podem ser comprados até mesmo parcelando no cartão de crédito. “Para piorar, a dependência se dá de forma tão rápida que até mesmo o tratamento para quem quer parar é difícil de ser administrado”, confirma a pneumologista.
Usuário
Usuário do “vape” há seis meses, o publicitário Ricardo Oliveira, 39, abandonou as carteiras de cigarro. Fumante há muitos anos, ele parou por longos períodos várias vezes, sempre motivado pelo incômodo que o cheiro lhe traz, mas acabava voltando. Quando conheceu o cigarro eletrônico, a primeira coisa que lhe chamou a atenção era a fumaça sem o odor que tanto lhe incomodava.
“Porque na verdade é vapor de água”, justifica. “Além do cheiro, o gosto é muito agradável, também. Desde que faço uso do vape eu não coloquei mais nenhum cigarro na boca”, diz. Ricardo começou com essências de 6mg de nicotina, passou para 3mg e, agora, alterna com os que não possuem a substância. As notícias de mortes e doenças ligadas ao uso do vaporizador o fizeram ler mais sobre o assunto.
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