Buracos na lona, calçadas e piso deteriorados, bueiros abertos e sujeira. Os feirantes do complexo do Ver-o-Peso seguem com suas atividades na feira, mesmo sem dispor de nenhum tipo de conforto e de equipamentos básicos que possam garantir uma segurança a mais, a exemplo dos extintores de incêndios.

No último dia 2, o Ministério Público Federal (MPF) estabeleceu que a Prefeitura de Belém apresente, até esta sexta-feira (11), o projeto, cronograma e outras informações sobre as obras de reparos emergenciais anunciadas pelo prefeito Zenaldo Coutinho.

Segundo o MPF, se os dados não forem encaminhados no prazo, o caso pode ser levado para a Justiça (veja mais no box). O primeiro projeto de revitalização do Complexo do Ver-o-Peso foi apresentado à população em janeiro de 2016. Passados três anos, a obra ainda não saiu do papel. Atuando na feira há 44 anos, o feirante Lorivaldo da Silva Santos, 62, diz que não acredita que a revitalização um dia efetivamente aconteça.

“Estamos esperando, mas está um pouco difícil de sair. Precisa de uma reforma, o piso está muito ruim. As pedras estão formando ‘pocinhos’, acumula água, fede. As lonas têm 20 anos de uso, nunca foram trocadas”, detalha. “Nós que limpamos, passamos água sanitária. Precisa de uma reforma geral. Aqui era tudo iluminado, os refletores não acendem mais. Isso afastou muito a clientela. Trabalhava muito bem, mas hoje sinto dificuldade. Era para ser um ponto turístico, mas ficou assim”, lamentou.

Depois de passar dois meses sem ir ao Ver-o-Peso, o servidor público Luiz Carlos Oliveira, 49, esperava encontrar a feira com um ambiente um pouco mais agradável, tendo em vista a proximidade do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. “Estamos em um período tão quente e notamos que essas cobertas estão ressecadas, que não têm manutenção. Até a fiação é exposta. Tem idosos que trafegam por aqui e está cheio deburacos”, observa.

BUEIRO

Mayara Monfredo, 29, atua como feirante há 20 anos. Próximo da barraca dela existe um bueiro destampado, por onde saem costumeiramente ratos e baratas. Quando chove, a situação piora, já que o local alaga. “Meu esposo coloca cimento, porque as vezes tem um buracão no piso”, afirma.

“Os clientes dizem que veem uma coisa na internet e quando chegam se decepcionam”. Segundo Mayara, várias barracas no meio da feira estão vazias, uma vez que os clientes evitam andar por ali. “Os clientes não entram e é por isso que os feirantes preferem ficar na rua. Eles não se sentem à vontade pelas condições que encontram aqui”.

O Ver-o-Peso integra o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2012.

Ver-o-Peso continua em estado de abandono
📷 |Fernando Araújo/Diário do Pará

MPF

A Prefeitura de Belém deve apresentar ao MPF a documentação relacionada à reforma emergencial, com cronograma das atividades, etapas de execução e explicação acerca dos gastos e origem dos valores custeados na reforma. Foram solicitadas ainda informações sobre a composição do comitê de acompanhamento da reforma emergencial, que, segundo o MPF, deve ser dialogada e escolhida em conjunto com os feirantes e integrantes da sociedade civil.

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