A busca por uma vida mais saudável e uma maior atenção à saúde está entre as preocupações típicas do final do ano, quando muita gente avalia as atitudes e acontecimentos vivenciados no ano que se encerra. Na busca por medidas preventivas de saúde, o check-up é um importante aliado, por isso o DIÁRIO ouviu especialistas que destacaram exames e cuidados indicados para cada faixa etária.
Ex-presidente da Sociedade Paraense de Pediatria e professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), a médica pediatra Rosa Marques destaca que, na infância, a ida ao pediatra é recomendada mesmo que a criança não esteja doente. O acompanhamento é importante para que se verifique o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo.
“Nessas consultas é feita uma avaliação geral da criança, como está a parte escolar, o reflexo, o desenvolvimento, vacinas, então são consultas bem complexas”, considera. “Isso deve ser feito até a finalização já que a pediatria engloba desde o nascimento até o último dia antes de ele completar 20 anos. Quando completa 20 anos, deixa de ser adolescente e passa a ser acompanhado pelo clínico geral”.
Entre o acompanhamento mantido pelo pediatra, a médica faz uma diferenciação entre o acompanhamento do crescimento e o do desenvolvimento, aspectos diferentes a serem considerados. “O crescimento é verificado através da aferição de comprimento e peso da criança, as duas medidas principais que não podem deixar de ser feitas em uma consulta de pediatria”, explica.
“Essas medidas podem gerar índices e, com eles, é possível fazer a avaliação nutricional e do crescimento da criança. Por isso a gente não necessita de exames muito direcionados para avaliar o crescimento. Os exames, na realidade, são pedidos quando há desvios da normalidade do crescimento”. Por outro lado, o desenvolvimento envolve a aquisição de habilidades, o que não comporta medidas numéricas. “Aplica-se testes, onde se avalia como está a aquisição de habilidades da criança. Então nós temos marcos de desenvolvimento que nos informam se essa criança está se desenvolvendo adequadamente de acordo com a sua faixa etária”, reforça Rosa.
Reforço
Na vida adulta, de acordo com variantes como a idade, o sexo e o histórico familiar e individual, alguns exames podem se fazer necessários para reforçar a atenção à saúde. A médica geriatra e professora da Uepa, Niele Silva de Moraes, destaca que, antes dos exames, a consulta médica é fundamental para o acompanhamento do paciente, tendo os exames como meio complementar dessa avaliação.
“A consulta médica é fundamental, pois avalia o estado de saúde e os riscos que o paciente apresenta, através da história detalhada do paciente, dos antecedentes familiares, hábitos de vida, comportamentos de risco e questionamento sobre outros aspectos importantes. Os exames complementam essa avaliação”.
Mantido esse cuidado, a solicitação dos exames de rastreio – conhecidos como check-up - depende da faixa de idade do paciente, do sexo e dos riscos que foram detectados na avaliação médica. “Em geral, a avaliação médica para adultos sem doenças deve ser realizada uma vez por ano, com objetivo de prevenção”.
Serviço:
Infância
0 a 1 ano
Consultas ao pediatra: pré-natal, neonatal, na 1ª semana de vida, retorno a cada mês até os 12 meses.
Vacinas
Ao nascer: BCG – (previne as formas graves de tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única; Hepatite B– (previne a hepatite B)
2 meses: Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose; Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – 1ª dose; Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose; Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose.
3 meses: Meningocócica C (conjugada) - 1ª dose.
4 meses: Penta – 2ª dose; Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – 2ª dose; Pneumocócica 10 Valente (conjugada) – 2ª dose; Rotavírus humano – 2ª dose.
5 meses: Meningocócica C (conjugada) – 2ª dose.
6 meses: Penta – 3ª dose; Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – 3ª dose.
9 meses: Febre Amarela – uma dose.
12 meses: Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose; Pneumocócica 10 valente – Reforço; Meningocócica C – reforço.
1 a 4 anos
Consultas ao pediatra: Aos 15 meses, aos 18 meses, retorno a cada seis meses até os 48 meses de vida.
Vacinas
15 meses: DTP (difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço; Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infantil) – 1º reforço; Hepatite A – dose única; Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora) - uma dose.
4 anos: DTP – 2º reforço; Vacina Oral Poliomielite (VOP) – 2º reforço; Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose.
5 a 10 anos
Consultas ao pediatra: Uma vez ao ano até os 10 anos
Vacinas
Meninas de 9 a 14 anos: HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses).
11 a 19 anos
Consultas ao pediatra: Uma vez ao ano até os 19 anos
Vacinas
*Meninos de 11 a 14 anos: HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses).
11 a 14 anos: Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço (a depender da situação vacinal anterior)
10 a 19 anos: Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior); Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal anterior); Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos; Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses (de acordo com a situação vacinal anterior).
Obs.: Segundo preconiza a Sociedade Brasileira de Pediatria, em cada atendimento com o pediatra, devem ser avaliados o estado nutricional; a história alimentar; a curva do crescimento; o estado vacinal segundo o calendário oficial; o desenvolvimento neuropsicomotor; o desempenho escolar e os cuidados dispensados pela escola; o padrão de atividades físicas diárias; exame de acuidade visual; as condições do meio ambiente; os cuidados domiciliares dispensados à criança; o desenvolvimento da sexualidade; avaliação quantitativa e qualitativa do sono; da função auditiva e da saúde bucal do paciente.
Fontes: Sociedade Brasileira de Pediatria; Calendário Nacional de Vacinação – Ministério da Saúde.
Fase Adulta
20 a 59 anos
(Pacientes sem fatores de risco)
Verificação da pressão arterial uma vez ao ano
Exames: função renal, perfil lipídico, glicêmico e hemograma.
Exames para rastreio de câncer.
De acordo com o comportamento de risco, também devem ser realizados exames para rastreio de doenças infectocontagiosas (como HIV, hepatites B e C, sífilis).
Mulheres a partir de 21 anos ou a partir do início da vida sexual: exame preventivo (Papanicolau), com periodicidade anual.
Mulheres a partir de 40 anos: Exame de mamografia, com periodicidade anual.
Homens a partir de 50 anos: Rastreio de câncer de próstata, através da avaliação com urologista e da dosagem de PSA no sangue.
Vacinas
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos
A depender da situação vacinal anterior: Hepatite B - 3 doses; Febre Amarela – dose única; Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Se nunca vacinado: receber 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos).
Fontes: Niele Silva de Moraes, médica geriatra e professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa); Calendário Nacional de Vacinação – Ministério da Saúde.
População Idosa
60 anos +
Consultas: Acompanhamento ao menos uma vez por ano, devendo ser realizadas perguntas e testes para avaliação da capacidade física, memória, nutrição, risco de quedas, investigação de quadro de depressão e ansiedade, além da avaliação clínica e exames físicos detalhados.
Mulheres acima de 64 anos e homens acima de 69 anos devem realizar a densitometria óssea para rastreio de osteoporose a cada 1 ou 2 anos. Este exame pode ser realizado antes, caso o paciente apresente outros fatores de risco.
Vacinas
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos
Influenza – Uma dose (anual)
A depender da situação vacinal anterior: Hepatite B - 3 doses; Febre Amarela – dose única; Pneumocócica 23 Valente – reforço*Vacina indicada para população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em instituições fechadas.
Fontes: Niele Silva de Moraes, Calendário Nacional de Vacinação – Ministério da Saúde.
Acompanhamento tem que ser individualizado
Independentemente dos exames disponíveis ou recomendados para cada faixa etária, o médico geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Carlos A. Uehara, reforça que o acompanhamento individualizado é fundamental para o acompanhamento em saúde.
O médico aponta que, ao longo da consulta, outros elementos e formas de investigação são importantes. “Dependendo dos riscos e características de cada paciente, se define uma periodicidade de acompanhamento que pode ser anual, mensal ou até mais frequente”, considera. “A avaliação com especialista é importante, mas não é porque não foi feito um monte de exames que aquele acompanhamento não é o adequado. Também se define risco ou não de desenvolvimento de alguma doença com conversa, análise do histórico individual e familiar, resposta a questionários”.
Tão importante quanto o acompanhamento médico, é a adoção de hábitos de vida saudáveis, relacionados a uma boa alimentação e prática de atividade física. “O envelhecimento ocorre ao longo da nossa vida toda e não apenas após os 60 anos”, reforça.
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