Neste domingo (12), dia em que Belém celebra 404 anos, a pequena paraense Beatriz Lopes comemora quatro séculos a menos. E para tema do aniversário de 4 anos, a garota escolheu sozinha pela primeira vez: saem as rodas e os cavalos das carruagens, entram as rodas e motores dos caminhões de lixo; em vez de heróis ou personagens fictícios, ilustram a festa os heróis do dia-a-dia da garota, os garis que toda dia ela vê da janela.
“Ela diz que gosta dos garis desde que começou a falar. Nós já corremos atrás do caminhão no sol quente. Já pegamos chuva. Tenho vídeos de quando ela tinha um ano e sete meses, e o pai dela comprou um quadro. Daí ele disse: ‘minha filha, vamos desenhar um árvore’. E ela disse que ia desenhar um caminhão de lixo”, relatou Valdilene Lopes, de 38 anos, mãe de Beatriz.
A garota nasceu no dia 6 de janeiro, mas a família decidiu celebrar a festa no dia do aniversário de Belém. No entanto, Valdilene enfrentou dificuldades para realizar o sonho da filha e ter uma festa com o tema de gari e caminhões de lixo.
“Escolhi os temas dos primeiros aniversários dela, mas esse eu perguntei, e ela disse que ia ser do caminhão do lixo e de garis. Então comecei a me movimentar, mas encontrei muitas dificuldades, muitas barreiras, porque ninguém aceitava o tema. Percebi muito preconceito”, relatou Valdilene.
ESSÊNCIA
“Algumas pessoas até chegaram para mim e disseram para eu ‘tirar isso’ da cabeça da minha filha, que, quando ela fosse adulta, ela teria vergonha do tema. Mas eu disse que não, porque essa é a essência dela, a personalidade. Ela tem a pureza, não vê com o preconceito que muitos veem”, continuou a mãe.
Mesmo com opiniões contrárias, Valdilene teve certeza que tinha feito a escolha certa quando fez o ensaio fotográfico da filha para o aniversário.
“Quando ela se colocou dentro daquela roupa [uma réplica do uniforme de gari], ela se sentiu realizada. Aí eu disse para o meu esposo: nós vamos lutar. Nós vamos atrás para divulgar, tanto a classe quanto o sonho da nossa filha”, declarou a mãe da menina.
“A festa dela será toda personalizada. É um momento para celebrar esse mundo lúdico dela e para homenagear essa classe que é tão menosprezada. Queremos que eles [os garis] vejam o quanto são importantes”, concluiu Valdilene.
MÃE PEDE AJUDA PARA CONSEGUIR PRESENÇA DE CAMINHÃO
Mesmo com as dificuldades relatadas, a mãe de Beatriz conseguiu montar a festa da menina. Mas ela diz que o aniversário dos sonhos da pequena seria completo com a presença do caminhão coletor de lixo.
O DOL entrou em contato com a Prefeitura de Belém e questionou a possibilidade de a garota receber a visita de um caminhão coletor na festa.
(DOL)
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