Paraense relata rotina marcada pelo isolamento na Itália

A disseminação de Covid-19 mudou completamente a rotina da população que vive em países como a Itália. Estabelecimentos comerciais e escolas deixaram de funcionar. A população sente-se presa, conforme relatou o paraense Giuseppe Carmine Tancredi, 42.

Filho de italiano, ele mudou-se juntamente com a família há dois anos para a cidade de Soave, Província de Verona, Região Veneto, norte da Itália. Lá ele trabalha no setor de logística de uma indústria que produz portas e janelas. Casado, ele é pai de dois filhos, Sophia de 15 anos e Luigi de 11 anos. Os filhos estão há quase um mês sem ir para a escola, estudando em casa. Para sair de casa, as pessoas precisam estar munidas de documentação, descrevendo para onde vão e com qual finalidade, para o caso de serem abordadas no trajeto.

“Está tudo fechado. A única coisa que fica aberto, mas que fecha às 8h30 (da noite) são os supermercados, aí tem farmácia e posto de gasolina”. Giuseppe e os filhos possuem cidadania italiana.

A família adotou as precauções de higiene preconizadas pelo governo, porque antes era só uma região em zona vermelha e agora é toda a Itália. “Para sairmos na rua temos que preencher um documento de autodeclaração, que inclui todos os teus dados e a rota que você irá fazer. Você tem que guardar as notas para uma eventual fiscalização da polícia”.

MUDANÇA

A mudança da família do Brasil para aquele país foi pela busca por uma maior qualidade de vida e a oportunidade de desbravar o mundo. Principalmente pelo fato de haver segurança, educação e escolas de qualidade, mesmo sendo de rede pública. “Ficamos presos, reféns. Não sabemos de fato o que está acontecendo, porque o governo não fala. Mas estamos tentando levar uma vida normal. Meus filhos estão estudando em casa. Recebem todo dia o dever de casa pelo WhatsApp e Skype. Temos de continuar sem desespero, se desesperar é pior”, ponderou ele, que torce para que tudo volte ao normal o quanto antes.

A medida de isolamento do país foi anunciada pelo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, no último dia 9, como uma forma de conter a propagação do coronavírus, o que restringiu os deslocamentos no país.

SITUAÇÃO EM ALGUNS PAÍSES

“Nas últimas duas semanas, o número de casos de covid-19 fora da China cresceu 13 vezes e o número de países afetados triplicou. Há agora mais de 118 mil casos em 114 países e 4.291 pessoas perderam suas vidas”, disse o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus. A OMS declarou na quarta (11) que há uma pandemia do novo coronavírus em curso no mundo. Em seguida, ele afirmou que a previsão é que esses números cheguem a níveis ainda mais altos nas próximas semanas.

Além da China, os países mais afetados pela doença são Itália, Irã, Coreia do Sul, França e Espanha.

Em lugares onde há grande incidência da doença, o fechamento de espaços que atraem muitas pessoas está acontecendo. Na quinta (12), os parques da Disney em Orlando, na Califórnia e em Paris anunciaram que serão fechados a partir deste domingo (15) até o final de março. Os parques da empresa em Tóquio e na China já estavam fechados.

A Universal também vai fechar seus parques em Orlando e em Los Angeles até o final de março. Na Califórnia, a medida vai até o dia 28. O fechamento em Orlando começa no domingo e vai até o final do mês, “mas continuaremos a avaliar a situação”, afirmou a empresa em comunicado.

Na quarta (11), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que voos vindos da Europa (com exceção do Reino Unido) não poderão pousar no país durante 30 dias. A medida entrou em vigor na sexta (13).

Os EUA declararam estado de emergência nacional na tarde de sexta (13). A medida permite ao Executivo usar US$ 50 bilhões para combater a pandemia.

Na Itália, o país implementou na terça (10) restrições de viagem em todo o território nacional. As regras impedem que as pessoas saiam das regiões onde vivem. A Itália é o segundo país onde o coronavírus mais matou, perdendo só para a China. Na quinta (12), eram 827 vítimas e 10.590 infectados, além de 1.045 já recuperados da doença.

FONTES: Folhapress, portal da Exame