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DILEMA

Icoaraci se divide entre o isolamento e a aglomeração

Distante cerca de 20 quilômetros do centro de Belém, o distrito de Icoaraci tem uma população de pouco mais de 500 mil habitantes. Em tempos da pandemia do novo coronavírus, a Vila Sorriso, como também é conhecido está dividido em duas partes: uma que man

Imagem ilustrativa da notícia Icoaraci se divide entre o isolamento e a aglomeração camera Feira registra movimentação intensa, apesar de feirantes relatarem queda nas vendas | Olga Leiria

Distante cerca de 20 quilômetros do centro de Belém, o distrito de Icoaraci tem uma população de pouco mais de 500 mil habitantes. Em tempos da pandemia do novo coronavírus, a Vila Sorriso, como também é conhecido está dividido em duas partes: uma que mantém a rotina normal, onde a quarentena recomendada pelo Ministério da Saúde não está sendo cumprida. E outra, onde quase não se vê pessoas nas ruas.

Uma das áreas mais agitadas do distrito é a Feira da 8 de Maio. A movimentação nas barracas e o entre e sai de pessoas a pé, de carro, moto ou bicicleta continua. Morando de aluguel com a esposa e três filhas de 12, 6 e 1 ano, Jairo Almeida diz que precisa ir trabalhar na feira todos os dias, como faz há 10 anos, consertando e vendendo relógios e peças. “Sou a única renda da minha família. Tenho medo (do coronavírus), mas o que posso fazer? Preciso pagar meu aluguel e levar comida para minha família. Digo para elas ficarem em casa, mas eu preciso vir para a rua”, diz.

Desde o último dia 10 deste mês, Jairo viu a renda que chegava a uma média de R$ 400 por semana cair drasticamente. “Agora tem dia que não dá nada. Em outro, apenas entre R$ 30 a R$ 50, no máximo. Está muito difícil. Se não conseguirem nos dar uma renda mínima para sobrevivermos, não sei como será”, justifica.

Sobre os cuidados para se proteger da Covid-19, mesmo em meio à agitação da feira, ele diz que tenta seguir alguns. “Eu tomo banho todas as vezes que chego em casa. Tinha até vidro de álcool em gel que trazia comigo para o trabalho, mas acabou e não consegui comprar mais porque está em falta”, contou, mostrando a embalagem do produto vazia.

EM RISCO

Aos 62 anos, o pedreiro desempregado Raimundo Barros faz parte do grupo de risco para a pandemia, por ter mais 60 anos. Ele trabalha há um ano com venda de frutas na feira de Icoaraci e explica que desde que se intensificaram as chuvas no mês de março e a notícia de que o coronavírus havia chegado ao Pará se espalhou, os clientes sumiram. “O movimento por aqui está bem fraco. Entendo a situação, as pessoas não querem se arriscar, estão com medo, eu também estou. Mas preciso sobreviver, pagar aluguel e levar comida para a minha família”, avalia.

Barros diz conhecer os cuidados que deve ter para se proteger do coronavírus, como lavar as mãos com água e sabão, usar álcool em gel, não tocar nos olhos, nariz e boca, além do isolamento social. “Procuro fazer dentro do possível. Gostaria de não ter que vir trabalhar, mas se fizer isso vou morrer de fome”, argumenta.

Para o vendedor de laranjas Pedro Pablo, o coronavírus não alterou em nada a sua rotina de trabalho de 20 anos na feira. “Para mim, está tudo igual, diminuiu um pouco o movimento, mas sinceramente não acredito que esse vírus venha para cá, porque é uma doença de frio”, disse ele, completamente alheio aos 13 casos da doença confirmados no estado e os cerca de 3 mil em todo o país.

No centro do distrito poucos comércios estão abertos. As grandes redes de loja permanecem fechadas. Já os pequenos comércios continuam abertos, mas sem aglomeração.

ORLA NA CALMARIA

a orla esvaziada, Helena Azevedo lamenta os prejuízos com a venda de coco
📷 a orla esvaziada, Helena Azevedo lamenta os prejuízos com a venda de coco |Olga Leiria

Na orla da Vila, ao contrário da área central, poucas pessoas têm circulado pelas ruas. Os restaurantes permanecem fechados, assim com a Feira de Artesanato do Paracuri.

Proprietária de uma das tradicionais barracas de coco há 20 anos, na orla, Helena Azevedo contabiliza prejuízos desde quando se iniciou o período de isolamento. “As pessoas estão com medo de sair de casa. Ninguém está vindo até aqui para comprar os cocos, que estão apodrecendo. Não podemos colocar cadeiras para as pessoas sentarem, porque fomos proibidos”, lamenta. “Entendo a situação, mas precisamos de ajuda para sobreviver, porque a única renda da minha família vem daqui. Pago imposto para a prefeitura e acredito que em um momento como esse ela poderia nos ajudar, porque sabe quem somos nós, somos cadastrados, poderia encontrar uma forma de resolver a nossa situação”, completa.

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