A pandemia causada pelo novo coronavírus impactou diretamente em vários setores da economia. Um deles foi o da beleza, especialmente os salões. De uma hora para outra, aquela imagem de salões de beleza lotados, com várias pessoas à espera de atendimento, pelo menos por enquanto, ficou para traz. Esse seguimento viu a clientela sumir e agora está tendo de se reinventar para não ter de fechar as portas.
Proprietária de um salão voltado para o público masculino, tanto crianças quanto adultos, há seis anos, Maria Auxiliadora Margalho começou a sentir na semana passada os impactos da pandemia na frequência de clientes no salão. “Atendia normalmente uma média de 15 a 20 pessoas por dia. O espaço ficava lotado. Mas de uns dez dias para cá, estou atendendo agora no máximo seis”, contou.
AGENDAMENTO
A solução encontrada por ela para deixar os clientes mais tranquilos, além de higienizar todo o espaço a cada cliente que entra e sai, usar e oferecer máscaras descartáveis e luvas, foi fazer o atendimento um a um. “Liguei para cada cliente e expliquei que eles podem vir com hora marcada para que não haja aglomeração e ninguém tenha de ficar exposto esperando pelo atendimento”, disse.
Ela também tem deixado o salão mais arejado, com portas e janelas abertas, e passou a oferecer mais um serviço. “Estou indo atender às pessoas em suas casas, especialmente os mais idosos. Levo máscara e luva e todo o meu material esterilizado para não haver problema”, ressaltou.
A preocupação dela agora é manter a clientela para que depois que a pandemia passar, os clientes não desapareçam de vez. “Antes disso tudo acontecer, eu estava pensando em reajustar os preços, mas já desisti. Nesse momento não vai dar realmente”, reavaliou.
Para ela, a pandemia acabou obrigando os profissionais de salão a uma nova postura. “Percebo que muitos clientes não gostam quando ofereço a máscara, ficam meios chateados, mas aí, nessa hora, eu tento explicar que é fundamental para a segurança deles e minha que sejam tomadas todas as medidas de prevenção necessárias”, argumentou a empresária.
No caso da cabeleireira, Risoleida Oliveira, a pandemia afetou seus atendimentos no salão em quase 90%. “Na semana que passou, eu atendi apenas uma cliente. Está sendo muito difícil. Procuro tomar todos os cuidados para que as pessoas se sintam seguras aqui. Faço toda a higiene do salão com água sanitária e álcool em gel, mas mesmo assim, os clientes desapareceram, reclamou.
O salão, que funciona em um ponto alugado, é a única fonte de renda dela e de sua família. “Saí do meu emprego para abrir meu próprio salão, no qual trabalho junto com a minha filha e mais uma manicure, e agora estou nessa situação, sem saber como as coisas vão ficar”, lamentou.
Proprietário vê disputa no mercado muito competitiva
Ao contrário do medo que tem abalado grande parte das pessoas que atuam no ramo de salão de beleza, Rosivaldo Castro, que há mais de 30 anos trabalha nesse mercado, garante estar tranquilo. Para ele, a crise enfrentada pelos profissionais dessa área não é de agora.
“Nos últimos anos, a concorrência acabou deixando esse mercado muito disputado. Para onde se olha tem salão. Eu mesmo, que já estou há muito tempo trabalhando com isso, recebo um ou outro cliente no dia, trabalhando de domingo a domingo. Já não estava fácil antes do coronavírus”, opinou.
Com a pandemia, segundo ele, o movimento continuou caindo. “Para ser bem sincero, acho que não adianta nós, seres humanos, fazermos tanta coisa para tentar conter esse vírus, porque só Deus mesmo poderá fazer isso”, comentou ele.
Quanto aos cuidados com a proteção sua e de seus clientes no salão, ele diz que mantém os mesmo de sempre. “Para mim está tudo como antes. Procuro ter os mesmos cuidados, nada de exagero”, afirmou.
Cliente do salão há mais de duas décadas, o aposentado Manoel Palheta, 67, conta que quase não tem saído de casa. Só abriu uma exceção para cortar os cabelos porque já conhece o trabalho de seu Rosivaldo e confia nele. Mas que ao contrário dele, sente sim muito medo do vírus. “Tenho muito receio sim, ainda maios porque faço parte do grupo de risco, mas às vezes é preciso enfrentar esse medo para continuar vivendo”, resumiu.
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