À medida que os casos de coronavírus em Belém aumentam consideravelmente, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos-socorros da capital seguiram ontem (28) recebendo pacientes a todo momento, sem que, necessariamente, eles sejam atendidos, devido ao colapso no sistema de saúde enfrentado por municípios de todo o país.

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Ontem a tarde, várias UPAs da capital paraense estavam sobrecarregadas e tiveram que interromper os atendimentos. É o caso da Sacramenta, onde pessoas chegavam a todo momento, algumas sem sintomas de Covid-19, como a consultora Cristiane Freitas, que precisou ir à UPA para consultar o pai, com princípio de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ficou sem alternativa diante da negativa em recebê-lo.

“Eu estou procurando atendimento e não sei mais onde ir. Meu pai está assim, não posso voltar para casa com ele. Preciso de atendimento e não temos a quem recorrer. Só é atendido quem tem sintoma de Covid-19? E as pessoas com outros problemas de saúde, como ficam?”, questiona. Tanto ela, quanto a aposentada Maria Cardoso de Lima procuravam por um auxílio médico, mas tiveram de procurar outras unidades. Um funcionário do local informou que devido à intensa procura, a unidade é fechada periodicamente, até que os atendimentos normalizem, depois é reaberta, e assim por diante.

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Na UPA de Icoaraci, duas famílias aguardavam um retorno da direção da unidade, que desde a manhã de ontem não contava com médicos. A manicure Hellen Martins chegou no local 10h da manhã para tratar do irmão, que foi colocado sentado em uma cadeira, até que chegasse um médico para atendê-lo. “Estamos aqui aguardando há horas. Ninguém fala nada ou diz que horas esse homem vem”, reclama. O irmão e paciente, de 50 anos, apresentava todos os sintomas do Covid-19.

ESPERA

Nas UPas, pacientes encontravam as portas fechadas ou aglomerações
📷 Nas UPas, pacientes encontravam as portas fechadas ou aglomerações |Wagner Santana

Em frente a unidade da Terra Firme, várias pessoas estavam aglomeradas na porta do prédio, no aguardo de um médico. Enquanto nossa equipe se dirigia ao local, os portões foram abertos e várias pessoas entraram. O agente de portaria informou que o atendimento estava normalizado, mas do lado de fora a versão era outra. “Eles não estavam atendendo ninguém. Foi só vocês chegarem que eles abriram aqui. To aqui há quase uma hora e ninguém aparecia”, disse o coletor Alex Guilhon.

SESMA

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou, em nota, que tem esbarrado na dificuldade de contratar profissionais para substituir os que se ausentaram por decisão própria ou por motivo de doença. “Por tal dificuldade, a Sesma tem oscilado na abertura das portas das unidades de pronto atendimento e hospitais municipais, tendo em vista garantir o atendimento de quem já está dentro do serviço e cadastrar nas centrais de leito (municipal e estadual) para transferências. Conforme vai liberando o atendimento interno, abre o serviço para novas admissões”.

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