“Minha relação com o Emaús é de parceria. Isso faz com que eu me sinta realizado no sentido de saber que não sou essencial, que o projeto pode continuar por força própria”. Foram com essas palavras carregadas de humildade que o padre Bruno Sechi, fundador da República de Emaús, no bairro do Benguí, em Belém, definiu, em reportagem para a edição de aniversário do Diário do Pará, em agosto do ano passado, seu sentimento de felicidade com o projeto, criado por ele e um grupo de amigos há 50 anos, com o objetivo de transformar a realidade de crianças e adolescentes que trabalhavam nas ruas e feiras do local.
Morre padre Bruno Sechi, fundador do Movimento República de Emaús
Padre Bruno Sechi nasceu na Itália e veio para o Brasil ainda jovem. Ele estava próximo de fazer 80 anos.
Era jovem quando, em 12 de outubro de 1970 inaugurou um pequeno espaço chamado Restaurante do Pequeno Trabalhador. O objetivo era bem simples: alimentar os “pequenos trabalhadores” que perambulavam pelas ruas. O outro passo, uma década depois, foi a criação da Escola de Emaús, que educou milhares de crianças e jovens ao longo dos anos e serviu como modelo para outros estados brasileiros. O projeto, fundamentado nos valores cristãos, era sustentado pela caridade. De lá saíram homens e mulheres que hoje já são pais e mães de família. Alguns tem os filhos matriculados na Escola de Emaús.
A impressionante história de um grupo de amigos, entre eles padre Bruno Sechi, que criou um elaborado projeto de Escola Cidade, inovador até mesmo se comparado aos dias atuais, ganhou reconhecimento nacional e internacional.
Apesar do status, padre Bruno sempre se mostrou um ser de rara humildade. Ele morava nas instalações da escola até os dias de hoje. Continuava recebendo visitas de moradores, conversando com todos.
Padre Bruno Sechi se despediu nesta sexta-feira, 29 de maio de 2020, meio século após fundar algo ao qual dedicou sua vida inteira: amar ao próximo.
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