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MEIO AMBIENTE

Consciência ambiental: sustentabilidade que vem da Ilha do Combu

Cercada por 39 ilhas, Belém ainda está longe de ser um modelo de sustentabilidade na Amazônia. Basta passar pelo Ver-o-Peso, principal cartão-postal da cidade, e ver a quantidade de resíduos que ficam acumulados no local, principalmente com a maré cheia.

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Imagem ilustrativa da notícia Consciência ambiental: sustentabilidade que vem da Ilha do Combu camera Prazeres Quaresma mostra a horta cultivada com materiais recicláveis | MAURO ÂNGELO

Cercada por 39 ilhas, Belém ainda está longe de ser um modelo de sustentabilidade na Amazônia. Basta passar pelo Ver-o-Peso, principal cartão-postal da cidade, e ver a quantidade de resíduos que ficam acumulados no local, principalmente com a maré cheia. São garrafas, embalagens, plásticos, isopor e outros materiais que foram parar ali por terem sido despejados nas ruas e canais que cortam a capital. Resíduos que podem perfeitamente ser reaproveitados e virar renda, inclusive, para dezenas de famílias que têm na coleta seletiva a principal atividade, senão única, atividade econômica.

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O mais ultrajante é saber que toda essa sujeira não é removida dali. Quando a maré seca, a correnteza leva o entulho para a região das ilhas. Todo esse material leva anos para se decompor e, enquanto isso não acontece, os impactos no meio ambiente e na vida ribeirinha são gigantes.

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A população ribeirinha, por sinal, tem dado exemplo de consciência ambiental e mostrado a importância em se adotar um comportamento ecologicamente correto. Na ilha do Combu, por exemplo, polo do turismo ecológico e gastronômico na região, a comunidade já percebeu que o lixo produzido pode virar renda e fonte para um modelo de vida sustentável.

O processo de expansão e adesão a estas práticas é longo e demorado. Envolve aspectos culturais de uma população que por décadas não se importou em cuidar dos resíduos que produz. Belém tem 1,4 milhões de habitantes, segundo o IBGE, que geram cerca de 1.800 toneladas de lixo diariamente.

Todo o lixo trazido pela maré é recolhido e recebe destinação adequada
📷 Todo o lixo trazido pela maré é recolhido e recebe destinação adequada |MAURO ÂNGELO

Vale lembrar que o povo ribeirinho de Belém não conta com serviço de coleta regular de resíduos e também sofre os impactos provocados com a sujeira produzida no continente. A ribeirinha Prazeres Quaresma foi uma das primeiras empreendedoras da ilha do Combu a adotar um modelo de gestão sustentável. Ela é proprietária do restaurante Saldosa Maloca, um dos mais conhecidos e frequentados.

Dona Prazeres apresenta a horta que mantém em seu terreno e que abastece tanto o restaurante quanto a casa onde mora com a família. A horta é suspensa e feita em casco (uma espécie de canoa artesanal) que não é mais usado para navegação. “Tudo aqui a gente reutiliza, principalmente o que nos é dado pela própria natureza”, diz.

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As mudas e sementes são cultivadas em pequenos vasos feitos em caixas de leite, pacotes de café, garrafas PET e de água sanitária. Material que todo mundo tem dentro de casa, mas poucos aproveitam. A horta não tem agrotóxico e é cultivada com biofertilizantes produzidos a partir da sobra de alimentos vegetais. Mais de 1,4 milhões de habitantes é a população estimada de Belém, segundo o IBGE.

Cerca de 1.800 toneladas de resíduos sólidos são geradas na capital paraense por dia. Grande parte desse material pode ser reaproveitado de várias maneiras.

Restaurante dá exemplo ecologicamente correto

Quem passa de barco em frente à palafita onde está o restaurante Saldosa Maloca, não vê o que está por trás dele. Na área que seria o quintal, por exemplo, Prazeres implantou uma espécie de usina de biogás. Em quatro grandes aparelhos, que parecem uma espécie de bolsa gigante, ela deposita os restos de comida que durante a decomposição acabam liberando gás que é usado na cozinha do restaurante.

As bolsas contam com um sistema de encanamento (feito em mangueiras próprias) que são ligadas diretamente ao fogão. Outros tubos são usados para escoar o líquido produzido no processo de decomposição – não é chorume – e que é usado como biofertilizante.

“Tudo o que for orgânico é usado neste sistema. Não pode colocar na mesma bolsa o que é de origem animal e o que é de origem vegetal. Os restos de alimentos, como peixe, vêm para este sistema para virar biogás”, explica a empreendedora. “O que for de origem vegetal eu uso na biocompostagem para fazer biofertilizantes”, prossegue.

Usina de biogás abastece o estabelecimento com a reutilização de restos de comida
📷 Usina de biogás abastece o estabelecimento com a reutilização de restos de comida |MAURO ÂNGELO

Cada bolsa da usina produz o suficiente para encher um botijão de cozinha de até 13 quilos, dependendo da quantidade de resto de comida armazenado.

Questionada se a adoção deste modelo de sustentabilidade representou um investimento caro, Prazeres ressalta que cada bolsa daquela custou R$ 5.900, mas tem vida útil de 25 anos, ou seja, por todo esse período ela não precisará ter gastos com a compra de botijão de gás de cozinha. “Também não tenho que me preocupar em onde jogar o resto de alimento”, frisa.

“As pessoas sempre me perguntam sobre a rentabilidade. Antes de eu comprar este sistema, havia um planejamento em investir na construção de uma piscina, que certamente me traria um retorno financeiro maior. Mas, e o lixo que a gente produz aqui? Prefiro selecionar o público e pensar no futuro, na preservação da nossa ilha”, arremata a empreendedora.

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