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HERÓIS DA SAÚDE

Coronavírus: Pais se arriscam para salvar vidas

Conheça histórias de pais que se dedicam a cuidar de pacientes com o novo coronavírus nos hospitais e que, para isso, enfrentaram até o risco da contaminação

Imagem ilustrativa da notícia Coronavírus: Pais se arriscam para salvar vidas camera Pablo Fabiano e seus filhos | Mauro Ângelo

Se o Pará tem hoje mais de 145 mil pacientes recuperados de Covid-19, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), muito se deve ao trabalho dos profissionais da saúde que, desde a chegada da pandemia, atuam de forma incansável na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Nesse grupo de profissionais, existem inúmeros pais de família que, neste domingo de Dia dos Pais, têm muito a comemorar, afinal, ajudam a salvar outras vidas.

Pai de dois meninos, o fisioterapeuta Pablo Fabiano Neves passou mais de três meses em atuação dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes adultos com a Covid-19 da Fundação Santa Casa de Misericórdia. A experiência de alto risco era mais do que necessária. “Como fisioterapeuta, trabalho com a ventilação mecânica dos pacientes, quando o paciente está entubado, na higiene pulmonar, na extubação e fortalecimento do sistema respiratório”, conta.

Durante o tempo em que a UTI foi exclusiva para os infectados com o coronavírus, Pablo calcula ter atendido cerca de 30 pacientes e lembra que oito deles não resistiram à doença. Uma experiência dolorosa, mas que precisava absorver para não assustar os filhos Felipe Neves, 12 anos, e Gustavo Neves, 10 anos.

“Quando passei a atender os primeiros pacientes, pensei em ir para um hotel para preservar a saúde deles”, relata Pablo. Mas a ideia não foi para frente. “Eles tinham as aulas on-line e tem que ficar acompanhando, não sabia quanto tempo isso ia durar e a saudade também pesou. Preferimos ficar em casa”, explica, sobre a decisão tomada junto com a esposa, também profissional da saúde na linha de frente.

A decisão difícil veio acompanhada do diagnóstico de Pablo, da esposa e da secretária do lar: todos positivos para o coronavírus ao mesmo tempo. “Elas tiveram a forma leve e eu a moderada, com 10% de comprometimento do pulmão. Como fomos nós três ao mesmo tempo, temos certeza que eles (os filhos) também se contaminaram”, avalia. “Não fizemos um grande isolamento, mas pedi que eles não chegassem perto de mim enquanto eu estava doente”, ressalta.

SOLDADO

O final da história é feliz, todos estão bem, recuperados, mas Pablo lembra que chegou a temer por complicações. “Foi no pior período que pegamos a doença, o maior receio era precisar de internação se piorasse. Tudo é uma questão de ser a nossa profissão. Quando acontece uma pandemia a gente fica sobrecarregado, são vários sentimentos juntos”, pontua. “É como um soldado que vai para a guerra”, descreve.

Pablo Fabiano e seus filhos
📷 Pablo Fabiano e seus filhos |Mauro Ângelo

Mas, ao fim dessa guerra, Pablo recebeu o carinho dos filhos. “Fiquei com medo quando ele adoeceu porque sabia que poderia piorar. Ele é um ótimo pai, bem amigável, não briga muito, não é ruim. Eu gosto muito dele, é bem legal comigo”, conta Felipe. O irmão mais novo concorda. “Ele é um bom pai, sabe mexer com tecnologia, participa das coisas com a gente. É o melhor pai do mundo”, elogia.

O carinho dos filhos, Pablo compartilha com outros papais que não podem ter o afeto que ele, com certeza, receberá neste domingo. “Gostaria de deixar uma mensagem aos pais que perderam seus filhos para essa doença. Que tenham fé na vida. Que tentem olhar para frente. Sei que é difícil, mas os filhos que se foram querem que os pais tenham uma vida boa na Terra”, homenageia.

PAI MÉDICO

O médico cirurgião pediátrico Eduardo Amoras é outro profissional da saúde que tem sido incansável na luta contra a Covid-19. Nessa batalha, ele conta com o auxílio de duas filhas, as também médicas Fernanda e Bruna Gonçalves, além do apoio de outros dois filhos, Igor Weis e Marina Gonçalves, advogados.

Eduardo, do grupo de risco para a doença, conta que em nenhum momento pensou em se afastar da linha de frente do combate ao vírus, o que só foi obrigado a fazer quando esteve infectado, de forma assintomática, assim como a esposa pediatra e os filhos advogados. “Continuei meu trabalho normalmente, operando crianças contaminadas, na Santa Casa, no Hospital Oncológico, Hospital Adventista de Belém e da Unimed, além de seguir como professor adjunto da UFPA”, relata.

A experiência em atuar numa época tão difícil para a humanidade faz o pai médico refletir. “A pandemia nos faz repensar nossas vidas. Quanto tempo temos de vida? Mais de 40 médicos morreram, amigos meus, pessoas próximas do trabalho”, lamenta. “Operei muitas crianças com Covid-19, vivi cenas tristes de crianças que não conseguimos salvar. É um tempo de refletir sobre nossa vida, quem a gente ama. Perdi minha mãe, não por Covid, mas em um momento em que tive que me afastar dela pelo isolamento”, prossegue.

Com duas filhas na mesma profissão e também em atuação contra a pandemia, o médico deixa sua mensagem neste dia especial dedicado aos pais. “Trabalhamos para ajudar. Nem sempre somos valorizados pela sociedade. Espero que isso tudo que aconteceu fique na memória das pessoas, que deem valor para quem está com você”, deseja. “Que a gente possa dizer ‘eu te amo’ para os filhos, familiares e amigos todos os dias”.

AMOR RECÍPROCO

Amor que a médica cirurgiã-geral Fernanda Gonçalves demonstra ao falar do pai. “Juntos nós continuamos trabalhando no atendimento, na Santa Casa, e tiveram várias crianças internadas por Covid-19. Basicamente ficou uma relação em que a gente teve que intensificar a proximidade porque um tinha que cuidar do outro. Ele como pai preocupado com a filha residente da mesma instituição e eu preocupada com ele, mais como pai do que como chefe”, relata, sobre o trabalho junto com Dr. Eduardo Amoras. “Foi uma relação de medo, o papai tem comorbidades, mas foi extremamente ativo, não deixou de trabalhar, não deixou de passar visita, de manter as cirurgias”, orgulha-se.

Para Fernanda, o pior momento da pandemia foi saber que o pai se infectou. “Assustou muito pelo medo das complicações. Ele sempre foi um pai extremamente presente, é meu melhor amigo. Aquela pessoa que conto tudo de primeira”. A admiração foi fundamental para a escolha da medicina, ainda que a especialização na mesma área do pai não fosse recomendada por ele, pelas dificuldades enfrentadas.

“Desde criança, não tinha babá, então eu ia lá para o centro cirúrgico do lado dele, num cantinho, e tive aquela vontade de fazer o mesmo desde pequena”, conta a médica. “Esse ano o Dia dos Pais é muito diferente, nossa família ficou muito mais unida. Apesar das dificuldades, isso mostrou que cada um é essencial para o outro. Tivemos perdas, mas ele é nosso ponto de apoio, nosso chão, aquela pessoa que luta por nós. É um paizão”, descreve.

O irmão de Fernanda, o advogado Igor Weis, só não seguiu a mesma profissão do pai e de Fernanda, mas reconhece o esforço que recebeu na formação. “Apesar dos almoços de domingo sempre terem a medicina como tema, enveredei por outro caminho, mas sempre tive o apoio dele, que é muito generoso”, destaca.

SENTIMENTOS

“Ter meu pai na linha de frente, contribuindo para que tantas pessoas sejam curadas, que voltem ao convívio dos seus familiares, isso é louvável. Mas, ao mesmo tempo, por ser uma doença grave, que não tem cura efetiva, gera uma preocupação, apreensão. Fico orgulhoso, mas ao mesmo tempo preocupado”.

Sobre a relação com Dr. Eduardo, Igor explica que são “dois sentimentos - admiração e gratidão. Às vezes, na correria do dia a dia, a gente não consegue expressar tudo que a gente sente pelos familiares, as coisas boas”, observa. “Aproveito para dizer que sou muito grato por tê-lo sempre na minha vida, como amigo, torcendo sempre para que possamos passar muitos dias dos pais juntos, em família”, deseja.

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