
“Olha aí ela!”. Com entusiasmo de menino, Rafael Tomaz explica cada detalhe do funcionamento de seu laboratório. Mergulhada em chá preto dentro de um grande recipiente sobre o centro da mesa, está sua colônia de bactérias e leveduras, que tem o nome científico de Scoby (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast). Daquela rica comunidade de microrganismos vivos é produzida uma bebida probiótica de alto poder e que vem despertando a curiosidade de cada vez mais pessoas na Amazônia: a kombucha.
O ânimo de Rafael ao contar a história e os benefícios da bebida feita a partir daquela massa de aparência gelatinosa e que lembra algum ser alienígena dos filmes de ficção científica é justificável. A kombucha é uma bebida milenar de origem chinesa, consumida desde a época anterior ao nascimento de Cristo - há registros oficiais que a datam de 400 a.C, mas alguns historiadores chineses acreditam que seja bem mais antiga, mais ou menos 2000 a.C - e que nos últimos anos vem sendo reconhecida pela ciência moderna como uma potente bebida para estimular a proteção do intestino e o fortalecimento do sistema imunológico.

Assim como outros probióticos, como o kefir por exemplo, a kombucha possui milhares de microrganismos vivos que colonizam a região do intestino. Imagine a seguinte cena: quando ingerida, os microrganismos fermentados pela bebida entram em seu organismo. Uma vez lá dentro, eles iniciam uma verdadeira batalha para combater as bactérias patogênicas no intestino. Após a vitória, as bactérias e leveduras benéficas se multiplicam, fortalecendo a proteção da mucosa intestinal e regulando o organismo de uma forma geral.
“Os microrganismos presentes nos probióticos afetam de forma benéfica o hospedeiro por meio da melhora da microbiota intestinal. Existem diversas evidências científicas que já sugerem os inúmeros benefícios do consumo dos probióticos, entre eles a kombucha. Ajuda no tratamento de doenças intestinais como diarreia e constipação, reduz a população de microrganismos patogênicos no intestino e tem também uma função imunomoduladora, auxiliando na melhora do sistema de defesa do organismo e até mesmo no tratamento a intolerâncias alimentares”, diz Carolina Sales, nutricionista certificada em nutrição vegetariana pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
KOMBUCHEIRO

Hoje a kombucha está presente no mundo inteiro, mas o caminho foi bem longo. A história conta que o chá de origem chinesa foi descoberto pelo imperador Shen Nung em aproximadamente 400 A.C e foi se popularizando como produto saudável na civilização da época a ponto de ser considerado como uma das bebidas mais refinadas e sofisticadas na Dinastia Tang (581 a 618). De lá para cá seu uso se expandiu pelo ocidente, primeiro na Europa, onde ficou bem popular em países como Inglaterra, Portugal e Espanha, e depois na América.
Rafael Tomaz é um dos paraenses que mantêm a tradição da kombucha na Amazônia. Existem vários grupos nas redes sociais de amantes dos probióticos que trocam entre si e doam colônias de diversos tipos. O músico criou a "Kombucha do Mago" e com pouco tempo já precisou dobrar o trabalho para conseguir atender aos pedidos. Ele lembra que começou a produção quando ganhou de amigos uma pequena colônia de Scoby. Antes Rafael já tinha experiência com a produção do famoso kefir. No começo ele foi apresentou a bebida a familiares e amigos e sentiu que a maioria passou a apreciar o líquido gaseificado e agridoce, principalmente após saber dos benefícios para a saúde. A kombucha é uma bebida de custo acessível se comparada com o custo-benefício que traz. Uma garrafa de 300 ml custa em média seis reais em Belém.

Atualmente Rafael consegue uma renda extra com a venda do produto, ainda que para um círculo restrito de pessoas. Mas os planos são altos. O interesse pelos probióticos aumentou principalmente nos últimos dez anos no Brasil, acompanhando o crescimento vertiginoso do mercado global de produtos naturais ligados a saúde. Agora é ir além. Rafael quer a Kombucha do Mago nos mercados.
“Eu trabalho em casa com toda a segurança que manda o protocolo da Anvisa, seguindo tudo direitinho. Pra onde eu vou levo minha kombucha e sempre vendo tudo. Fiz uma página no Instagram e estou conseguindo um bom retorno, porque os benefícios comprovados cientificamente que essa bebida tem despertam muito interesse em todo mundo. Agora penso em conseguir a autorização da Anvisa pra colocar o produto nos mercados, quem sabe, é uma realidade no Brasil”, diz.

Os benefícios dos probióticos já são conhecidos do grande público e pelo mundo científico, agora aos poucos as instituições de regulamentação abrem as portas para o produto. Embora sejam considerados eficazes e seguros por vários estudos, eles são tratados com prudência a órgãos como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), principalmente por se tratar de algo tão delicado como o mundo das bactérias, nesse caso as do bem. O órgão regulador nacional, inclusive, lançou recentemente o "Guia de instrução processual de petição de avaliação de probióticos para uso em alimentos", sinalizando uma inédita abertura aos produtores. Voltado para fabricantes, ele atualiza as exigências sobre as informações científicas para uma eventual aprovação. Para Rafael, assim como para todos os kombucheiros, essa é a chance de ver seu produto crescer ainda mais.
Serviço:
Kombucha do Mago
Instagram: @kombuchadomago
Telefone: (91) 98511-5735 (Rafael Thomaz)
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