Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que o Pará é apenas o 17º estado brasileiro no ranking nacional da geração de energia solar fotovoltaica, com apenas 1,2% de potência instalada (MW), bem longe do primeiro lugar no ranking, Minas Gerais, com 20%.
As fontes de energia renováveis são fundamentais na diminuição do efeito estufa, na preservação do meio ambiente e da espécie humana, mas também são vitais na economia de utilização dos recursos não renováveis e possuem um enorme potencial de crescimento no Brasil.
Wilson Negrão Macêdo, professor Doutor do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE/UFPA), diz que as principais vantagens de utilização de fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica, são o custo reduzido. “É uma solução prática para o controle de problemas ambientais, sociais e econômicos de nossas comunidades. O setor de energia solar fotovoltaica é um dos que mais gera empregos hoje, no Brasil”, diz.
Tirando a hidroeletricidade, a mais abundante no país, as energias eólicas e solar fotovoltaica são, sem dúvida, as mais empregadas no país e as mais socialmente distribuídas. “No caso específico da energia solar, isso se se deve a redução dos custos e o surgimento de linhas de créditos que facilitam o acesso à tecnologia. Além disso, trata-se de uma tecnologia de implantação fácil e rápida, podendo ser facilmente ampliada se houver necessidade”.
POPULARIZAÇÃO
O especialista avalia que para que uma parcela maior da população tenha acesso a energia solar, há necessidade de uma regulamentação mais clara e linhas de créditos a juros mais baixos. “Energia solar fotovoltaica, hoje, no Brasil, não precisa de subsídios. Só precisa que não atrapalhem a sua disseminação, que naturalmente acontecerá”, acredita.
Wilson lembra que recentemente o Brasil superou a marca de 6 gigawatts de potência instalada de energia solar fotovoltaica. Isso se traduz em pouco mais de 3% de nossa matriz elétrica. “Com base nisso, dá para se ter uma noção do potencial de utilização dessa tecnologia no país. Isso sem mencionar que, antes da pandemia, a previsão de um aumento do consumo no Sistema Interligado Nacional (SIN) era de aproximadamente 4% ao ano”, calcula.
Ele lembra que até a China, que há 10 anos só queria vender energia solar para o mundo, se convenceu que utilizar a energia solar fotovoltaica no seu próprio país era um excelente negócio. Segundo ele, o Brasil não precisa perseguir o patamar de China, Japão e Alemanha.
“Precisamos é estabelecer regras claras que garantam o retorno dos investidores sem a incerteza que a regra poderá mudar no meio do jogo, prevalecendo o interesse de algumas empresas e não o interesse do bem comum”, diz Wilson, que é doutor em Energia pela Universidade de São Paulo, onde desenvolveu pesquisas no Laboratório do Instituto de Eletrotécnica e Energia.
Relação custo-benefício compensa, garante quem tem
O advogado público José Galhardo Martins Carvalho, 49, instalou há 5 anos um sistema de energia solar em casa, no bairro da Marambaia, em Belém. “Sou amigo do dono de uma empresa que trabalha com esse tipo de sistema e fiz meu projeto. O custo na época era razoável e hoje já está bem mais em conta com financiamento feito por vários bancos, com juros bem menores’, relembra.
O projeto de José custou, na época, R$ 80.000, com financiamento em 48 meses. “Pelos meus cálculos, o sistema será pago em 5 anos com a economia de energia que conseguirei em casa. Nos meses de maio a novembro o sistema consegue gerar bastante energia, chegando a 1.200 kilowatts. Porém, nos meses de chuva, de dezembro a abril, a economia reduz para 50%, mas ainda assim vale muito a pena”.
Antes do sistema, o advogado pagava, em média, R$ 1.500,00 por mês de energia para uma casa de 500 metros quadrados, com 3 andares, 5 suítes e cerca de 25 eletrodomésticos, entre computadores, splits, televisões e geladeiras. “Com a energia solar nos meses do verão paraense, pago R$ 130. E, no inverno, esse valor sobe para R$ 600, menos da metade do que eu pagava antes”, contabiliza.
OUTRO EXEMPLO
O piloto fluvial Edson de Jesus Monteiro, 62, implantou seu projeto ano passado. Consumia mais de 550 kilowatts e pagava para a concessionária algo em torno de R$ 700. Estava guardando dinheiro para trocar de carro, mas reavaliou e achou melhor investir na redução da tarifa de energia em casa.
“O custo-benefício valeu a pena. Não me arrependo. Hoje, com o sistema, produzo 940 kw/mês e pago apenas R$ 120 de energia. A sobra posso mandar para outro imóvel ou gastar em até 5 anos na minha casa. O sistema todo custou R$ 27 mil parcelado em 10 vezes e vou recuperar esse investimento em até 5 anos. Depois, é só colher os frutos e investir uma pequena quantia em manutenção”, comemora.
O sistema de Edson ainda depende da rede de energia. Para se livrar completamente da concessionária, teria que comprar uma bateria independente, que ainda tem um custo alto. “Infelizmente não conseguimos nos livrar dos impostos como taxas de iluminação pública, PIS, Cofins e ICMS que somam cerca de R$ 130 por mês”.
Associação no Pará dá apoio para quem quer investir em sistema de energia renovável
A Associação Paraense de Energia Solar (Apasolar) foi criada por um grupo de amigos entusiastas da tecnologia e que atuam na área para conseguir acompanhar de perto a evolução e os percalços desse tipo de energia no Estado.
“A associação está criando uma política de acompanhamento a ser implantada ainda esse ano, onde o associado, atuante direto no segmento solar, receberá apoio do departamento jurídico, institucional e técnico da associação, para lidar com as dificuldades encontradas em campo, principalmente quando se diz respeito à legislação vigente e normas regulamentadoras juntos à concessionária de sua jurisdição”, diz o empresário Walber Friths Nahmias de Oliveira, que preside a entidade.
O potencial da energia solar no Estado é enorme. “Quando assumi a presidência da associação, o Pará estava na 20ª colocação do ranking nacional dos estados produtores dessa energia. Avançamos três colocações e pulamos para a 17ª posição. Ainda é pouco para o cenário que vislumbramos, pois a procura para a adesão da energia limpa através do sol está sendo altíssima”, antecipa.
CUSTO
O custo médio para a implantação de um sistema residencial é relativo. Uma família que consome atualmente em torno de R$ 400 deve custear um sistema na ordem de R$ 18.000 para poder usufruir da energia solar e conseguir gerar essa quantidade de energia consumida.
“O valor aplicado num projeto solar pode ser financiado por várias linhas de crédito disponíveis no mercado em até 72 vezes e com taxas de juros baixíssimas, podendo inclusive optar por uma carência de 90 dias para começar a pagar a primeira parcela, tornando o projeto bastante acessível a uma boa parcela da população”
VANTAGEM
A maior vantagem da energia solar é a liberdade energética, pois o consumidor passa a produzir a própria energia e, com isso, consegue se organizar financeiramente. “Um dos maiores custos de uma família ou de um empresário atualmente está na fatura de energia. O usuário da energia solar usará o dinheiro que antes pagava o consumo da energia elétrica e reverter para outras áreas, como por exemplo, aplicações ou fundos de investimentos para viagens com a família, por exemplo. São infinitas possibilidades e inúmeras vantagens”, explica o presidente da Apasolar, Walber Friths Nahmias de Oliveira.
Além da redução dos custos, há o investimento na modernidade. “No sistema que implantei na minha empresa, já economizei R$ 24.000. Estou muito satisfeito! Utilizo a energia solar na empresa e parte da energia gerada lá compenso na energia que eu utilizo atualmente no meu apartamento’, conta.
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