Mayana Cruz, de 29 anos, é uma das mulheres que apresentam dificuldades na amamentação e que não escondem o medo com o cuidado da sua bebê. “Não tenho tanta produção de leite e ela ainda não pega meu seio. Eu choro com medo de não ser uma boa mãe para ela. Isso me deixa muito insegura e triste”,descreve a mãe da pequena Rebeca.

Moradora de Barcarena, ela acompanha a filha que nasceu prematura de sete meses com apenas 1,4kg, que se recupera na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), unidade localizado a 114 km distante da capital Belém (PA).

Diariamente, mãe e filha recebem o apoio da equipe multiprofissional do HMIB. “Rebeca já recebeu 200ml de leite, por meio do nosso Banco de Leite Humano, para suprir essa necessidade alimentar. E Mayana recebe acompanhamento psicológico e preparo para amamentar”, explica Danielle Souza, nutricionista da unidade.

O Agosto Dourado é o período do ano para a campanha de incentivo e promoção ao aleitamento materno. No entanto, é importante destacar os motivos que impedem ou dificultam a amamentação e que interferem muitas vezes na saúde mental de mulheres.

Principais fatores

Mantido pelo Governo do Pará e gerenciado pela Pró-Saúde, o Hospital Materno-Infantil de Barcarena presta atendimento 100% gratuito por meio do Sistema único de Saúde (SUS). A unidade atende gestantes e mães que encontram, no cuidado da equipe multiprofissional, suporte e acolhimento para superar as dificuldades da amamentação por meio de um atendimento humanizado.

De acordo com a médica pediatra, Ana Paula Lessa, as causas que interferem no aleitamento materno podem envolver situações fisiológicas, sociais e emocionais.

“Pode ser uma uma pega incorreta da mama, dores, doença que acomete a mãe ou o recém-nascido, críticas familiares, preocupações, depressão pós-parto, a mãe não estar em condições favoráveis para produzir leite, e até mesmo, por falta de informação, preparo ou orientação”, explica.

A falta de apoio é uma das principais causas do desmame precoce apontadas pela psicóloga Daniella Dias. “Quando as mães não conseguem oferecer a mama aos seus filhos acabam sendo invadidas por sentimentos de culpa, frustração e impotência. Receber julgamentos é o que elas menos precisam”, explica.

Segundo a profissional, há novos desafios da maternidade que a mãe irá enfrentar. Nesse processo, o cansaço, estresse e ansiedade, ou um ambiente não favorável, também influenciam nas dificuldades da mãe, o que faz com que, muitas vezes, desistam de amamentar.

Acolhimento às mães

“Quando ouvimos entendemos o histórico dessa mulher, os processos emocionais que envolvem a gestação, o parto, e o ambiente familiar. Trabalhamos a culpa, amenizamos as dores e o peso da responsabilidade com apoio e conhecimento, para empoderá-las como mulher e mãe”, afirma a psicóloga.“Fazemos translactação para estimular a resposta de produção de leite da mãe, métodos assistenciais, oficina de ordenha e pega, videoaulas interativas e cursos, mas também, dinâmicas, atividades educacionais, manuais e lazer para a mãe relaxar, estar mais feliz e motivada ao aleitamento materno”, destaca Danielly.  

Foto: Divulgação/HMIB

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