A semana se encerrou com uma informação nada positiva para os brasileiros. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desempregados diante da pandemia do coronavírus teve alta de 31% em 12 semanas, um aumento de cerca de 3,1 milhões de brasileiros sem trabalho no país no período.
Mas na contramão desse cenário atual, o setor supermercadista manteve a previsão de contratações para vagas temporárias para este segundo semestre, que como nos outros anos podem se tornar efetivas. A expectativa, segundo projeção da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), é de um crescimento em torno 3% em relação ao total de vagas ocupadas no setor, o que representa um acréscimo de 1.500 vagas, apenas 1% a menos que em 2019, quando esse crescimento foi de 4%.
Mesmo com as mudanças causadas por conta da pandemia - entre elas, o cancelamento da grande procissão do Círio de Nazaré, no mês de outubro, que costuma alavancar as contratações para o período - a expectativa é a de que as contratações ainda assim ocorram. “Não haverá a procissão de Nossa Senhora de Nazaré, mas as reuniões em casa, com a família para o almoço do Círio acreditamos que vão ocorrer sim e isso deve levar a um crescimento nas compras dos itens de supermercado”, explica o presidente da Aspas, Jorge Portugal.
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PROJEÇÃO
A projeção da Associação é de que essas vagas comecem a ser ofertadas entre o final do mês de setembro e início de outubro. “Normalmente essas contratações temporárias já são aproveitadas para o período das festas de final de ano, como Natal e Ano Novo e isso será mantido. E existe sim a chance desses temporários serem efetivados nas empresas”, diz.
CRESCIMENTO
Para o presidente da Aspas, esse equilíbrio no setor em relação aos outros, que acabaram tendo que demitir seus funcionários, muitas vezes, sem perspectivas de uma recontratação, pode ser explicado por um motivo em especial. “Somos um setor de essencialidade, por isso, mesmo diante da pandemia, conseguimos nos manter e até crescer, mesmo diante de um cenário geral de demissões, de aumento de desemprego, que não partiu do nosso setor, que conseguiu se manter estável. Houve demissões em alguns casos nos setores de magazines, mas de supermercados não”, analisa.
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Esse cenário deve permanecer pelos próximos meses, especialmente porque o segundo semestre, tradicionalmente, é um período de crescimento para o setor. “Nossa perspectiva é que essa estabilidade continue, sem grandes alterações”, reforça.
Cargos nos supermercados
Como costuma ocorrer todos os anos, os maiores volumes de contratações no setor deverão ser direcionados para as vagas de repositor, operador de caixa, serviços gerais e na parte de confeitarias e padarias. “São diversos os cargos nessa área de operação. Por outro lado, onde normalmente não ocorrem contratações temporárias nesse período é no administrativo”, compara Jorge Portugal, presidente da Aspas.
Os interessados nessas vagas temporárias já devem começar a se preparar. “A primeira apresentação é o currículo, que normalmente os supermercados costumam receber em grande quantidade, por isso é preciso preparar já direcionando para as habilidades que o interessado possui. Cada empresa costuma ter o seu processo de seleção, que normalmente passa pela avaliação do currículo, onde é feita uma seleção prévia e depois o candidato é encaminhado para a entrevista”, ressalta.
Emprego temporário pode virar efetivo, garante gerente
Gerente de Recursos Humanos do Grupo Mateus no Pará, Romulo Rodrigues afirma que estão previstas contratações temporárias para dar conta do provável aumento nas vendas agora durante o segundo semestre.
“As contratações continuam normais. O quantitativo de apoio que precisamos para suprir o aumento da demanda ainda continua. Estamos prevendo para os próximos dois meses um quantitativo de 250 pessoas contratadas”, ressalta.
Ele destaca ainda que a expectativa de contratações temporárias está semelhante a do ano passado. “Isso porque estamos esperando um aumento grande nas vendas das lojas. As escalas foram feitas já pensando nesse aumento, e já com o quantitativo de apoio para ser contratado”, diz.
As vagas são temporárias, já que mesmo durante a crise causada pela pandemia, os empregos foram mantidos. “O número do quadro ideal ainda continua o mesmo. Porém muitas pessoas que trabalham como temporários conseguem vaga de efetivo, porque assim que a loja tiver a necessidade, eles costumam ser chamados”, explica. Entre as vagas temporárias que serão disponibilizadas pelo grupo estão de auxiliar de loja, auxiliar de depósito e repositor. “Iremos começar essas contratações no dia 31 de agosto, e os interessados podem cadastrar o currículo no nosso site curriculo.grupomateus. com.br e deixar sempre atualizado os dados”, recomenda.
Círio terá impacto mesmo sem romaria, diz diretor
Sócio diretor comercial do Grupo Nazaré, Mauro Corrêa explica que a rede de supermercados fará apenas contratações pontuais neste segundo semestre. “Especialmente por conta do Círio, que já está próximo, mas com certeza não será na mesma proporção feita em anos anteriores”, explica.
Ele acredita que mesmo em um novo formato, on-line, a festa da padroeira dos paraenses deve causar algum impacto nas vendas do setor. “Esperamos que as vendas sejam sim maiores em relação aos meses antes do Círio, mas não como em outros anos, por isso estamos preparando as lojas com produtos da época e promoções”, diz.
Outro fator relacionado ao menor número de contratação neste semestre em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo ele, é o fato de o setor praticamente não ter experimentado demissões neste período de pandemia, ao contrário de outros. “Conseguimos manter postos de trabalho lançando mão de todos os recursos disponibilizados pela lei para que isso não ocorresse”, afirma.
Dessa forma, a projeção feita pelo grupo para o incremento de vagas temporárias nesse período, em relação ao semestre anterior, ficará em torno de 5 a 10%. “Essa projeção representa uma queda de cerca de 10% em relação ao ano passado, mas não está diretamente relacionada ao fato de não termos a procissão do Círio este ano apenas, mas porque já trabalhamos há algum tempo com a modalidade de trabalho intermitente [contrato no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses]”, avalia.
As vagas devem ser disponibilizadas especialmente para operadores de caixa. “Com a possibilidade de se estender até o final do ano e ainda com a possibilidade, dependendo do desempenho do colaborador na função, dele vir a fazer parte do nosso cadastro para futuras contratações”, explica.
Rede prevê incremento de até 10% para o fim de ano
Já para o diretor-presidente do Grupo Formosa, José Oliveira, o fato de este ano não ocorrer a tradicional procissão do Círio de Nazaré terá um impacto importante na questão das contratações para o segundo semestre.
“Não vamos ter a movimentação dos outros anos, inclusive com pessoas vindas de outros estados para a cidade e isso deixará tudo muito diferente. Então teremos uma contratação bem menor em relação ao ano passado”, opina.
Ele informa que o incremento no número de vagas ficará em torno de 8 a 10%. “Mas apenas para contratações mais para o fim de ano”, afirma.
Mas ele também acredita que a queda nas contratações do segundo semestre em relação ao mesmo período de anos anteriores se deva também ao fato do setor ter sido um dos menos impactados pela pandemia e ter conseguido manter os empregos. “Fomos um dos poucos que conseguiu se manter bem. Não enfrentamos grandes dificuldades como outros”, avalia.
Outros setores também registram aumento na oferta de postos
Mas não é só o setor supermercadista que vem acenando com um incremento na oferta de vagas agora no segundo semestre. Outros, como o de farmácias, também vêm apresentando dados positivos.
O diretor tesoureiro do Conselho Regional de Farmácia (CRF/PA), Deick Quaresma, explica que a entidade não tem acesso a um número exato de vagas criadas nos últimos meses, nem projeção para os próximos. “Mas como temos acesso ao número de firmas abertas nessa área, não só farmácias, mas também hospitais, laboratórios e outros, conseguimos ter um controle dos postos criados e percebemos um crescimento recente”, diz.
Para se ter uma ideia, segundo ele, enquanto em todo o ano de 2019 foram abertas 513 novas firmas no estado nesse segmento e fechadas 203, com um saldo positivo de 310 firmas, este ano os números tem se apresentado ainda mais promissores. “Foram 245 novos estabelecimentos na área abertos até agora e apenas 55 fecharam, isso mostra que o setor vem se mantendo positivo em relação a outras áreas que registraram fechamentos e, consequentemente, queda na oferta de vagas”, afirma.
Para ele, o cenário positivo deve ser mantido até o final do ano. “Esse foi um dos poucos setores que não foi afetado pela pandemia. Muito pelo contrário, houve um crescimento de 300% no faturamento desses estabelecimentos”, alega.
Comércio deve contratar para Natal e Ano Novo
Já entre os setores mais abalados pela pandemia do novo coronavírus está o comércio de todo o país. De acordo com a pesquisa Pulso Empresa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no mês passado, nacionalmente 44,8% das empresas que atuam nesse setor garantem ter sofrido impactos negativos em suas atividades. Ainda assim, existe uma expectativa de novas contratações temporárias e até mesmo efetivas para o segundo semestre, visando especialmente as festas de fim ano, como Natal e Ano Novo.
No Pará, a abertura de um novo empreendimento, do grupo Havan, previsto para ser inaugurado no mês de outubro, vai gerar 150 novos postos de emprego efetivo na capital. Segundo informações repassadas pelo grupo, que possui um total de 149 lojas no país, foram recebidos mais de 30 mil currículos de candidatos a ocupar funções disponíveis em Belém, como de operador de caixa, líder de loja, conferente de estoque, auxiliar de visual merchandising, vendedores (eletro, eletrônico e serviços) fiscais de loja, auxiliar de vendas, zeladores, entre outros.
Contratações pontuais como essa devem ajudar a melhorar os números do setor, que no entanto, devem ficar bem abaixo do ano passado, quando a Pesquisa de Índice de Expectativa do Empresário no Comércio, promovida pela Federação do Comércio (Fercomércio), apontou que 66,5% dos empresários do Pará pretendiam contratar no segundo semestre de 2019, impulsionados especialmente por fatores como o décimo terceiro, o Círio de Nazaré e pagamento de FGTS, projetando um crescimento em torno de 6 a 8%.
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