Na última semana, a engenheira florestal Taíssa Ferreira, 27 anos, finalmente foi à loja de materiais de construção comprar o que faltava para a reforma que mandou fazer na casa da mãe, em Ananindeua. Antes, chegou a pesquisar e comprar alguns itens pela internet, mas quando chegou na parte do piso, preferiu verificar pessoalmente o porcelanato a ser comprado. “Ela comprou o apartamento na planta e agora foi entregue, mas precisa de muitas benfeitorias no imóvel. Pintura, trocar o piso, revestimento e concluir o acabamento dos quartos”, pontuou.
Assim como Taíssa, outras pessoas estavam na loja, pesquisando orçamentos e comprando materiais, principalmente no setor de tintas, iluminação e piso. A demanda que se observava no estabelecimento confirma o levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), que apontou o aumento da venda de materiais de construção entre os meses de maio a julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
O estudo ouviu 600 lojistas em todo o Brasil – todos do setor de material de construção – e 42% deles relataram o crescimento das vendas, seja para reformas, pequenas manutenções e construção. Dono de uma rede de lojas de materiais de construção e utilidades domésticas, Claudio Batista calcula que nos últimos 3 meses, a empresa dele apresenta um aumento de 60% no faturamento durante a pandemia.
“Com o isolamento social e a recomendação para que as pessoas ficassem em casa, elas passaram a enxergar melhor a casa onde vivem e passaram a fazer reformas e reparos”, explicou o empresário. “Os produtos mais procurados são as tintas, cerâmicas, iluminação e itens de utilidade doméstica”, ressaltou Claudio. “Também aumentou as vendas de ferramentas e maquinários. Os clientes aderiram ao ‘faça você mesmo’ e tem gente comprando instrumentos que antes eram comprados exclusivamente por operários e pedreiros”, comentou.
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DEMANDA
Com as vendas aquecidas, o setor também passou a contratar mais mão de obra. Somente na empresa de Claudio, o número de funcionários aumentou em 14,28% nos últimos três meses. “Atualmente tenho 280 funcionários. Antes da pandemia eram 240”, frisou o empresário.
A arquiteta e paisagista Marcia Lima também defende que o aumento das vendas de materiais de construção se deve ao fato das pessoas terem ficado mais tempo em casa no período mais crítico da pandemia. “As pessoas mais tempo em casa passaram a valorizar melhor os espaços, buscando ter mais conforto. Isto foi até uma terapia para muitas pessoas”, comentou. “A demanda para engenheiros e arquitetos aumentou porque as pessoas se voltaram mais para as suas casas. Este momento de tendência de reformas e construções deve aumentar com pessoas fazendo benfeitorias que tragam qualidade de vida”, concluiu.
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