Opreço de alguns dos principais alimentos que compõem a cesta básica sofreu uma alta significativa nas últimas semanas. Para se ter uma ideia, o Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA) subiu 2,44% em 12 meses, enquanto a inflação dos alimentos subiu 8,83% no período. Um levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) aponta que o um desses itens, o arroz, apresentou um reajuste acumulado de 26,32%. A situação tem impactado especialmente o consumidor comum e profissionais que atuam no ramo da alimentação.
Esse é o caso das boieiras do Ver-o-Peso. Proprietária de uma barraca de comida no local há 49 anos, dona Osvaldina Ferreira está desanimada com a situação. “Nem bem saímos de uma situação em que ficamos mais de três meses sem poder trabalhar por conta da pandemia e já nos deparamos com esse aumento nos preços. Realmente está muito difícil, não sei nem o que fazer”, opina.
Entre os pratos mais pedidos em sua barraca está o peixe-frito, acompanhado de salada e da dupla arroz e feijão, justamente composto por alguns dos itens que mais sofreram aumentos como o arroz: o feijão (21,31%) e o óleo de soja (20,51%). “Uso diariamente uma média de quatro garrafas de óleo por dia. Então vamos supor que eu gastasse R$ 300, agora estou gastando R$ 400”, explica.
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Por enquanto, ela decidiu não repassar aos consumidores o aumento nos preços desses itens e está arcando com o prejuízo. “Não estamos tendo lucro algum, ao contrário, vou tentar aguentar no valor em que estão as refeições até o final do mês, mas se não conseguir, terei que fazer um reajuste”, afirma.
Na barraca da Lúcia Torres, também no Ver-o-Peso, a situação não está diferente. “Há pelo menos uns 15 dias comecei a sentir uma alta muito grande no preço dos alimentos. O gasto diário de R$ 150 por dia passou para R$ 200, um custo muito elevado para manter”, detalha.
Leite e farinha também causam impacto nos custos
Lúcia também observou a alta de outros itens utilizados, como o leite e a farinha de mandioca. “Comprava um pacote de leite de 800 gramas por R$ 20, agora está R$ 29. Já a farinha, muito consumida pelos clientes aqui na barraca, chegou até a R$ 8 o quilo, dependendo do tipo”, diz. Essas altas também foram atestadas pelo Dieese/PA, que apontou um reajuste acumulado no preço da farinha de mandioca de 18,62% e de 25,40% no preço do leite.
Para ela, pesa ainda sobre essa alta de preços o fato das boieiras terem passado grande parte desse período de pandemia sem conseguir trabalhar. “Ainda estamos nos recuperando desse tempo, porque foram quase cinco meses fechadas. Além disso, muitos clientes perderam seus empregos e ainda não recuperamos a clientela que tínhamos antes, que vem se mantendo em uma média de 80% em relação ao período antes da pandemia”, conta ela, que durante a semana comercializa cerca de 50 refeições por dia, em média, e nos finais de semana, de 80 a 120.
Assim como Osvaldina, Lúcia optou por não repassar esse aumento dos preços aos clientes. “Estamos tentando segurar o quanto for possível, porque já tenho esse mesmo cardápio há dois anos, mas está difícil. Se nada mudar no próximo mês vou ter que fazer um pequeno reajuste”, lamenta.
REAJUSTES
Além do arroz, leite, feijão, óleo de soja e da farinha de mandioca, o levantamento do Dieese/PA também apontou um reajuste acumulado no preço do tomate (17,43%) e do açúcar (13,27%).
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