A capital paraense ficou de fora do Ranking Connected Smart Cities 2020, que listou as 100 cidades mais inteligentes do Brasil. O levantamento considera o potencial de cada uma em várias áreas vitais como saúde, educação e meio ambiente. No ano passado, a capital também ficou de fora do grupo. Os municípios da região Norte que figuram na classificação geral são Palmas (32º) e Manaus (68º). Das 11 áreas pesquisadas, a capital só obteve classificação em seis, sendo a melhor colocação o sétimo lugar em acessibilidade e mobilidade, ficando atrás do município de Acará, que neste quesito ocupa a 6ª posição.
Elaborado pela Urban Systems, em parceria com a Necta, o estudo está na 6ª edição e mapeia os 673 municípios com mais de 50 mil habitantes, com o objetivo de definir as cidades com maior potencial de desenvolvimento do Brasil. São Paulo foi apontada como a cidade mais inteligente do país, por ter sido bem avaliada em todos os eixos. O segundo lugar ficou com Florianópolis (SC), seguidas por Curitiba (PR), Campinas (SP) e Vitória (ES). Depois aparece São Caetano do Sul (SP); seguidas por Santos (SP); Brasília (DF); Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG).
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Na área de Tecnologia e Inovação, a capital ocupa o 34º lugar entre as cidades mapeadas. Na avaliação de governança, Belém figura na 95ª posição, que leva em conta indicadores quanto a transparência do município, participação social, nível de desenvolvimento municipal e nível de formação do gestor da cidade. No Empreendedorismo ocupa a 20ª posição, em economia o 93º lugar e segurança 54ª posição.
Devido aos baixos indicadores, Belém não obteve classificação, por exemplo, no ranking da área de saúde, meio ambiente e educação. Neste último item, contudo, aparece o município de Breves na 52ª posição, entre as cidades mapeadas. Na avaliação de William Rigon, sócio e diretor comercial e marketing da Urban Systems, a carência de infraestrutura básica como distribuição da rede de esgoto, além de investimentos na educação pública impedem a capital de ser classificada no ranking das 100 cidades inteligentes.
“O primeiro diagnóstico em relação à cidade, o que hoje impediria Belém de se tornar uma cidade inteligente, melhorar os indicadores e o nível de desenvolvimento que a gente gostaria que ela tivesse como capital, é a infraestrutura”, explicou o executivo, que é responsável pelo Ranking Connected Smart Cities.
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O executivo lembrou que, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), somente 13,7% da população urbana da capital é atendida com um sistema de rede de esgoto e menos de 3% desse esgoto é tratado, o que também gera impactos negativos à saúde e ao meio ambiente. “O número de óbitos para cada mil nascidos vivos é de 9,8. Isto também está, provavelmente, atrelado à questão do saneamento. O recurso público está sendo consumido pela falta da solução de algo que é básico. Parte do recurso de saúde vai para investimentos em enfermidades que poderiam ser evitadas. O número de leitos por habitantes também é baixo”, pontuou.
EDUCAÇÃO
Belém também não foi classificada no ranking de educação. William explicou que, embora tenha registrado 100% dos professores do ensino médio da rede pública com nível superior – um indicador excelente, por outro lado, a cidade possui poucos computadores disponíveis para uso em salas de aula. Segundo ele, a rede municipal de ensino disponibiliza de somente 25 computadores para cada mil alunos.
“A cidade ainda tem um investimento público em educação um pouco baixo, precisa melhorar. São R$ 350 investidos por habitante. Enquanto que em Florianópolis são R$ 900. Ou seja, tem pouco recurso público sendo investido em educação pública. Isso afeta todos os indicadores. A gente sempre trata com o gestor público de que a educação básica é um investimento urgente. É importante investir num ensino de qualidade tanto superior e principalmente o básico para criar pessoas críticas e para gerar desenvolvimento em inovação, empreendedorismo, uma cidade mais humana”.
Os indicadores foram apresentados até o dia 10 no evento Connected Smart Cities e Mobility Digital Xperience 2020, realizado no formato virtual. “O objetivo de realizar e apresentar o estudo é que os gestores públicos possam identificar as boas práticas e que tenham conseguido evoluir nesses indicadores para que as cidades que estão mais para trás possam evoluir em políticas públicas e estratégias. Fazendo isso em parceria com as startups, academias, empresas públicas e privadas e sociedade civil”.
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