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INOVAÇÃO

Flexibilidade e rapidez: veja como vai funcionar o PIX

A partir de 16 de novembro, as instituições bancárias com mais de 500 mil contas terão de implementar o PIX, sistema de pagamentos e transferências que tem como principais características rapidez e economia

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Imagem ilustrativa da notícia Flexibilidade e rapidez: veja como vai funcionar o PIX camera Roosevelt Silva: “É um modelo de transação revolucionário” | Arquivo Pessoal

Você já deve ter passado raiva em uma dessas duas situações: ou se arriscou indo sacar valores de um banco para depositar em outro, ou se conformou em pagar as taxas nunca menores que R$ 10 para fazê-lo ou por meio de um Documento de Ordem de Crédito (DOC) ou de uma Transferência Eletrônica Disponível (TED).

Pois a partir de 16 de novembro isso tudo deve mudar em todas as instituições bancárias com mais de 500 mil contas cadastradas, que terão de implementar o sistema denominado PIX, o novo método de pagamentos e transferências criado pelo Banco Central do Brasil que tem como principais características rapidez, disponibilidade e menores custos - ou mesmo custo nenhum. Para utilizá-lo, basta ter algum tipo de conta em banco, instituição de pagamento ou em uma fintech, e com dados básicos, tipo número de celular, e-mail, CPF ou CNPJ, o dinheiro vai de um ponto a outro em segundos, todo e qualquer dia, e a qualquer hora.

“Semelhante às mudanças provocadas pelo surgimento dos aplicativos de transporte, o PIX provocará maior competição no mercado de pagamentos, com a redução dos custos e melhoria na qualidade dos serviços. É um modelo de transação revolucionário”, avalia o economista e especialista em inteligência de mercado do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape), Roosevelt Silva, informando também que as transações serão baseadas na Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) e terão como base tecnologias de proteção atuais. “O Banco Central quer que o PIX seja de uso tão fácil quanto fazer pagamentos com dinheiro em espécie”.

As operações do PIX poderão ser feitas entre pessoas, entre pessoas e estabelecimentos comerciais, entre estabelecimentos, e ainda para entes governamentais, no caso de impostos e taxas.

O fato de ter o Banco Central como criador e gestor do sistema, por si só, garante grande confiabilidade ao sistema, avalia o assessor de investimentos Leonardo Cardoso. “É mais uma opção até mesmo às maquininhas de cartão das empresas. Um dos pontos mais interessantes é que ele não terá custo algum para o usuário pessoa física, somente para empresas, em caso de um pagamento por um produto ou serviço”, explica.

Essa maior flexibilidade para os usuários também deve se refletir no bolso. Leonardo afirma que a expectativa é de que a metodologia traga uma economia de R$ 19 bilhões por ano gastos em taxas de TED/DOC e as taxas das maquininhas. “Transações podendo ser feitas 24h por dia e sete dias por semana aumenta a circulação de dinheiro na economia e diminui o risco de calote, haja vista que as transferências só são finalizadas se o pagador tiver dinheiro em conta”.

Como o uso da internet é obrigatório no PIX, somente por isso não é possível falar em unanimidade. “Temos 45 milhões de pessoas no Brasil que não usam bancos e, muitos brasileiros não têm acesso à internet, o que inviabiliza a transação”, justifica Leonardo.

A coach financeira Debora Gomes reforça que o sistema deve trazer a mesma quebra de paradigma trazida pelos apps de transportes. “As notícias são no sentido de que terá custo zero para a pessoa física que faz a transação, já para as instituições financeiras o custo será de R$ 0,01 a cada dez transações, o que significa uma substancial economia para todos nós correntistas, inconformados com as tarifas bancárias nada ‘amigáveis’”.

Ela pondera que pode haver alguma resistência por parte dos correntistas mais, digamos, analógicos. “É um ponto sensível, pois, a depender da geração, pode ser que seja um desafio a ser superado, sobretudo para os mais idosos. Independente de ser o PIX, pode ser que aqueles que o são assim permaneçam. Porém, há que se considerar o fato de que, as facilidades e incentivos do custo zero, aliado ao fato de que o Bacen assegura que o sistema é tão seguro quanto o sistema já existente, sejam atrativos fortes o suficiente para lhes despertar o interesse em experienciar o mundo digital”.

Você provavelmente recebeu um recado de seu banco de escolha sobre a possibilidade de um pré-cadastro para aderir ao PIX, o que, no entendimento de Debora, sinaliza que medidas mitigadoras de riscos estão sendo adotadas, já que para receber pagamentos as pessoas cadastrarão chaves, sendo que o número de celular e e-email serão opções naturais de chaves.

“Acredito que toda essa crise que estamos enfrentando em decorrência da Covid-19 acelerou, de maneira significativa, o avanço tecnológico, provocando verdadeira disruptura em alguns setores. Penso que o Banco Central, diante dessa onda, percebeu que, mais do que modernizar, precisa inovar. Os bancos digitais a cada dia crescem em volume e popularidade, então não se pode nadar contra a maré, é mais inteligente seguir o fluxo”.

SERVIÇO

O PIX começa a funcionar oficialmente no dia 3 de novembro e todos os bancos e fintechs com mais de 500 mil contas ativas deverão se adequar, até esta data, para oferecer e receber o serviço. O objetivo é ter o sistema funcionando completamente até o dia 16 de novembro.

PIX, TED, DOC… Qual é a diferença?

Hoje, quem quer enviar dinheiro de uma instituição financeira para outra tem duas opções: TED ou DOC.

Na primeira opção, o dinheiro enviado a outra instituição é creditado na conta de destino até as 17h do mesmo dia. Depois desse horário, a transferência é agendada para o dia seguinte. Não existe valor mínimo ou máximo a ser transferido. Na segunda, o dinheiro cai na conta de destino no dia seguinte, mas pode levar mais de um dia útil caso a transferência seja feita após as 22h. O valor máximo que pode ser transferido por DOC é de R$ 4.999,99.

O PIX chega como uma terceira opção, e que funcionará 24 horas por dia, 7 dias da semana, em todos os dias do ano. Além disso, as transações serão realizadas em tempo real – ou seja, o dinheiro levará poucos segundos para sair de uma conta e “cair” na outra. O custo dessa operação é zero para pessoa física, e R$ 0,01 para as instituições financeiras a cada dez transações.

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