Em média, 180 recém-nascidos são internados mensalmente na Unidade Neonatal do hospital materno-infantil da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém. Todas as crianças necessitam do leite materno para fazerem as suas alimentações diárias. Para isso, o hospital conta com a solidariedade de voluntárias, mulheres que estão amamentando seus filhos e que podem ser potenciais doadoras do leite materno, sobretudo para atender os bebês prematuros.

“Há déficit de doações de leite materno. Teríamos que dobrar o número de doações”, pontuou Vanda Marvão, nutricionista do Banco de Leite da Santa Casa. Atualmente, o hospital possui 196 mulheres cadastradas como doadoras do Banco de Leite. Mas, conforme informado pela nutricionista Vanda, esse número precisa dobrar para atender a demanda de forma satisfatória. “A mãe (doadora) tem de estar saudável, livre de doenças infectocontagiosas e ter excedente de leite. Aquela que amamenta e percebe que ainda tem bastante leite. Essa mãe é uma potencial doadora”, explicou.

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Rico em vitaminas, proteínas, minerais, carboidratos, além de substâncias que fortalecem o sistema imunológico, prevenindo alergias, doenças respiratórias, gastrointestinais, entre outras, o leite materno é essencial para a criança desde o início de sua vida. Segundo a nutricionista, a amamentação deve ser a nutrição exclusiva do bebê até ele completar seis meses de vida. A partir dos seis meses até os dois anos ou mais, o leite materno é administrado de forma complementar à alimentação que será introduzida nessa fase.

VACINA

“Funciona como uma vacina, porque protege a criança de doenças. Atende a crianças nas necessidades de proteção, do aumento da resistência, necessidades nutricionais, possui fatores importantes para o desenvolvimento e crescimento. Contém aminoácidos importantes para o neurodesenvolvimento – a formação do sistema nervoso –, e atende perfeitamente recém-nascidos que estão desenvolvendo enzimas digestivas”, destacou.

O Banco de Leite, bem como as unidades de saúde dos municípios, estão aptas para receber as mães que apresentem dificuldades para amamentar seus filhos recém-nascidos. Vanda ressaltou que as mães precisam de apoio nesse momento, da família e também de profissionais que possam orientá-las e ajuda-las, caso apresentem alguma dificuldade no momento da amamentação.

“Às vezes a mãe apresenta alguma dificuldade e pode interpretar que existe algum problema com a amamentação. Cada bebê tem a sua especificidade. Eles estão aprendendo a mamar e as vezes esse início não é fácil. Essa mãe pode buscar ajuda em órgãos de apoio a amamentação, como o Banco de Leite e unidades de saúde”, reforçou, ao acrescentar que a sucção do leite materno também estimula o desenvolvimento da musculatura orofacial do bebê, importante para a fala, mastigação e emissão de alguns fonemas.

PESQUISA

O tempo e a qualidade do aleitamento materno no país aumentaram, foi o que apontou o relatório preliminar de indicadores de aleitamento materno no Brasil do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense. O levantamento analisou 14.584 crianças com menos de cinco anos de vida, de todos os estados e do Distrito Federal, entre fevereiro de 2019 e março de 2020.

Os dados apontaram que a prevalência de amamentação exclusiva entre crianças com até quatro meses saltou de 4,7%, em 1986, para 60%, sendo o percentual mais elevado na região Sudeste (63,5%) e menor no Nordeste (55,8%). Entre menores de seis meses, o índice passou de 2,9% para 45,7% no mesmo período, sendo maior na região Sul (53,1%) e menor na região Nordeste (38%).

O leite materno é essencial para a criança Foto: Ney Marcondes/Arquivo

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