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PERIGO NA PISTA

Da periferia ao centro, buraqueira toma conta da capital

A realidade não só dos motoristas, mas também de ciclistas e pedestres, torna evidente um problema crônico, que pode muito bem ser visto em qualquer esquina, da noite para o dia

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Imagem ilustrativa da notícia Da periferia ao centro, buraqueira toma conta da capital camera O aposentado Orlando Feitosa mostra as condições da Lomas, entre Antônio Everdosa e Pedro Miranda | Celso Rodrigues

Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de 2016, Belém tinha uma frota de 415 mil veículos, entre pequenos, médios e de grande porte. São milhares de carros que circulam diariamente por ruas castigadas, esburacadas e malconservadas. A realidade não só dos motoristas, mas também de ciclistas e pedestres, torna evidente um problema crônico, que pode muito bem ser visto em qualquer esquina, da noite para o dia. É assim que surgem os buracos que se alastram pela capital.

Basta sair de carro, moto, bicicleta ou a pé para constatar o dilema. As principais vias de trânsito da cidade possuem enormes crateras, muitas delas fazem até aniversário, tamanha a desordem. O autônomo Antônio Miléo, 54, já perdeu as contas de quantas vezes ouviu, da sala de sua casa, o barulho dos carros que, em alta velocidade, despencam na cratera em frente a sua residência, muitos deles com prejuízos altíssimos. “Bastava que a Prefeitura mantivesse uma equipe para fazer esse serviço. Não é difícil e não requer muito dinheiro. Já pensou uma pessoa que vem na madrugada, cai no buraco e vem outra pessoa atrás, em velocidade? Causa uma tragédia. Outro dia uma moça caiu de moto e se machucou bastante. Acredito que esse buraco tenha de três a quatro meses”, calcula o comerciante, que mora na rua Municipalidade, entre as travessas José Pio e Manoel Evaristo, no bairro do Umarizal, considerado área nobre.

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PERIFERIA

Se no reduto da classe média a situação é periclitante, nos bairros mais afastados nem se fala. Morador da travessa Lomas Valentinas, entre Pedro Miranda e Antônio Everdosa, na Pedreira, o aposentado Orlando Feitosa garante que as crateras chegam, ao invés de meses, a completar anos. Muitas ganham festa com direito a balões de decoração e placas de homenagem. Tudo, é claro, não passa de uma ironia, pois a realidade faz qualquer um chorar, nem que seja da forma mais cruel. “A gente fica aqui observando as coisas. A Prefeitura vem, rasga toda a tua, reconstrói com um trabalho horrível, de péssima qualidade, e depois vão embora como se nada estivesse acontecido”, reclama, enquanto as mãos gesticulam em direção à cratera mal reformada. “Cansei de ter de deixar meu carro em casa por não poder sair com ele. Esse buraco fica bem na entrada. É complicado”, diz.

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A dor de Orlando é comum a milhares de pessoas. Vias de pouco ou muito movimento não escapam ao descaso. Na avenida Augusto Montenegro, em frente a um shopping center, um bueiro destampado esconde um buraco com acesso para a rede de esgoto, com pelo menos um metro de profundidade. Um risco elevadíssimo que testa a todo momento quem transita pela via. Do outro lado da cidade, quem trafega pela rua Gaspar Viana, próximo ao canal da rua General Magalhães, verifica não só um buraco, mas a ausência total de proteção lateral, levando ao risco de queda no canal,seja de veículos ou pessoas.

A autônoma Andressa Macedo, 18, conhece bem os riscos e conta que o problema na esquina não é de agora. “Acredito que algum carro bateu na mureta. Depois foi aumentando, aumentando e hoje já tomou toda a calçada. Se tiver movimentado, a gente corre o risco de cair. Eu tenho medo porque passo diariamente aqui.”

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belém não se manifestou até ofechamento desta edição.

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