Quem está acostumado a tomar aquele açaí na hora do almoço, lanche ou jantar tem deparado com algo considerado raro nos pontos de venda em Belém: o produto está em falta e por esta razão grandes filas se formam na capital. Este domingo (27), por exemplo, foi de locais lotados.
Seja nos supermercados do centro ou nas "máquinas" da periferia, o cenário é parecido e tem gente que até vem peregrinando em busca do produto.
Este é o caso do repórter fotográfico Mauro Ângelo, que só na manhã de hoje já percorreu alguns dos pontos do bairro de São Brás, onde mora, mas não conseguiu levar o alimento para casa. Segundo sua vivência, há uma explicação para o que vem acontecendo.
"Eu fui em quatro máquinas onde a gente compra e não tinha. Quando chega esse período do ano os interioranos não querem subir em açaizeiro até por uma tradição de não apanhar açaí e fazer outras atividades", disse ele que afirma ser consumidor diário do produto.
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SAFRA E EXPORTAÇÃO
Contudo, para quem trabalha há bastante tempo com a venda do açaí, tradição está de família, passada de geração para geração, aponta outros motivos para a baixa na oferta.
André Costa é neto e irmão de comerciantes de açaí no bairro do Jurunas, em Belém, e acompanha de perto o movimento de compra e venda. Para ele, o período do fim da safra e a exportação do produto se somam contribuindo para a condição atual.
“Acredito que seja por conta da temporada, tem a que dá mais e tem a que dá menos. É a safra. E ainda tem a questão da exportação, o açaí virou febre e está indo para fora então acaba ficando pouco para o consumidor local", avalia.
PRODUÇÃO PRÓPRIA E DELIVERY
O preço do produto parece que não tem feito muita diferença na hora da procura pelo açaí. Há consumidor afirmando que o valor está bem maior do que o encontrado a cerca de um mês variando de local para local, os valores variam de R$ 7,00 a R$ 20,00, o açaí popular.
Para fugir das limitações impostas pelo período uma solução que tem se tornado cada vez mais comum é o delivery, que teve aumento significativo durante a pandemia. Segundo o comerciante João Paulo, proprietário do "Açaí Premium", especializado na venda do produto, a entrega em domicílio se multiplicou nos últimos tempos e agora na entressafra a variação do preço já chega a cerca de 150%.
"Com a pandemia aumentou ainda mais o delivery, a procura deu um salto muito grande. Em razão da pandemia, as pessoas ficaram com medo de sair de casa, de pegar em dinheiro, e preferiram pedir o serviço de entrega", contou.
Outro aspecto que tem facilitado a vida do comerciante é a produção própria, João Paulo conta que para garantir a venda do açaí o ano inteiro investiu na plantação de açaí e hoje é dono de vários terrenos onde o fruto é cultivado.
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