Mesmo diante de uma conjuntura econômica desfavorável em
2020, o Pará conseguiu manter presença positiva no mercado internacional. De
acordo com dados do Ministério da Economia, analisados e divulgados pelo Centro
Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Pará
(CIN/Fiepa), o Pará exportou um total de US$ 20,536 bilhões, fechando o ano com
um saldo positivo de mais US$ 19,336 bilhões, mantendo, assim como em 2019, o
primeiro lugar no ranking nacional em saldo, à frente de outros Estados como
Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Em valor exportado, com uma
variação positiva de 15,11%, subiu uma posição no ranking, ficando como o
quarto maior exportador do País.
Como em anos anteriores, a mineração foi a principal
responsável pelo bom desempenho da balança comercial em 2020, com um total
acima de US$ 18.562 bilhões em produtos exportados, com destaque para o minério
de ferro bruto, que teve um crescimento de 20,02% no período, chegando a
exportar mais de US$ 13 bilhões, principalmente para o mercado chinês. Outros
setores que mantiveram sua hegemonia foram o agronegócio, representado pela
soja; e a pecuária, com destaque para as exportações de carne e outros bovinos
vivos.
Para o presidente do Sistema Fiepa, José Conrado Santos,
esses setores são importantes para a geração de empregos e renda, mas o Pará
precisa de investimentos na média indústria, que vem enfrentando várias
dificuldades, entre as quais a de acesso ao crédito. “Não há dúvidas de que a
grande indústria ajuda o Pará a resguardar a economia nesse momento de crise,
contribuindo para manter a balança comercial positiva e para preservar a
arrecadação estadual. Entretanto, temos de ver também a situação das médias
indústrias que já vinham de uma crise anterior, provocada pela competição com
produtos de fora e pelas questões logísticas, e que precisam de ações efetivas
do Governo Federal para que consigam se desenvolver, e isso passa pelas
reformas, especialmente a tributária”, avalia Conrado.
Segundo o presidente da Fiepa, o Pará possui muitas
oportunidades de novos investimentos mapeadas que não se consolidam por
questões relacionadas à insegurança jurídica que o sistema tributário
brasileiro causa. “Acreditamos que mudanças significativas na legislação
poderiam atrair esses novos investimentos e ainda alavancar médias indústrias,
as quais, como falamos, foram as que mais sentiram os impactos da crise
provocada pela pandemia”, argumenta.
OUTROS PRODUTOS
Entre os produtos considerados não tradicionais, a soja foi
o que mais exportou no Estado em 2020, com um volume total de US$ 759,451
milhões, registrando um aumento de 43,40% em comparação com 2019. Ainda no
grupo dos não tradicionais, de acordo com os dados ME, as carnes bovinas
tiveram um crescimento de quase de 58%, chegando a exportar um total de US$
436,108 milhões, tendo a China como principal destino.
Segundo o presidente do Sindicato da Carne e Derivados do
Estado do Pará (Sindicarne), Daniel Freire, é importante ressaltar que somente
em 2019, o Pará passou a ter acesso ao mercado chinês. “Até novembro de 2020, a
China comprou mais de 51 toneladas de carne do Pará. Em compensação, houve uma
redução nos embarques para outros mercados que reduziram suas importações de carne
do Pará, a exemplo de Hong Kong (-16,64%), Egito (-51,52%) e Emirados Árabes
Unidos (-45,45%)”, explica Freire.
Segundo o Sindicarne, em 2020 o Pará produziu de 900 e 1 milhão de toneladas/ano de carne bovina e bubalina, e exportou apenas cerca de 10% desse total. “Apesar do aumento em relação a 2019, a exportação é ainda uma pequena parte de toda a carne produzida no estado e em 2020, notou-se uma redução do consumo no mercado interno, sendo que o aumento na exportação, de certa forma, compensou essa queda e ajudou a manter o nível de emprego da indústria de carnes do Pará, e mesmo diante da pandemia, o setor empregou 15 mil trabalhadores diretos. A desvalorização do Real frente ao Dólar contribuiu para esse acréscimo de exportação”, detalha.
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Diferentemente de 2019, quando teve um crescimento de 5,17%,
em 2020, a exportação de madeira sofreu uma retração, terminando o ano com um
saldo negativo de 7,28% e um total exportado de US$ 211.607 milhões. Por outro
lado, o peixe marcou o ano com um aumento de 3,82%, sendo o melhor resultado
entre os produtos considerados tradicionais na balança comercial, com um volume
de US$ 68.441 milhões, exportados principalmente para os Estados Unidos, assim
como a madeira.
CRESCIMENTO
Cassandra Lobato, coordenadora do CIN/Fiepa, explica que nos
últimos dez anos, o Pará conseguiu manter um crescimento equilibrado das suas
exportações. “Ao analisar os números da balança comercial desde 2010, podemos
ver que houve uma consistência nos resultados e isso se manteve mesmo em meio à
essa crise econômica e sanitária pela qual estamos passando, o que demonstra
que mesmo em situações adversas, o Pará conseguiu cumprir seus compromissos com
compradores internacionais. A expectativa agora é conseguir apoio suficiente
para desenvolver outros setores da nossa indústria e consolidar ainda mais a
importância do Pará no cenário econômico nacional”, revela.
Mercados Movimentação
Em 2020, a Ásia se manteve como o bloco econômico que mais
comprou do Pará.
Quase 74% de tudo o que se exporta no Estado, tem como
destino o continente Asiático, mais especificamente a China.
Os principais produtos adquiridos em 2020 foram o minério de
ferro e seus concentrados, soja e carne bovina.
Ao todo, em 2020, a Ásia (excluindo o Oriente Médio) importou
cerca de US$ 15.173 bilhões do Pará.
Assim como em 2019, a cidade de Parauapebas se manteve como
a cidade que mais exportou no Estado, com um volume de quase US$ 8 bilhões, se
mantendo também no primeiro lugar em saldo no ranking estadual.
No ranking nacional, Parauapebas ficou em terceiro lugar em
volume de exportações, ficando atrás do Rio de Janeiro e Duque de Caxias, ambas
no Estado do Rio de Janeiro.
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