A expectativa para a segunda prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (24) é grande entre os candidatos, principalmente por conta do número recorde de faltosos durante o primeiro dia, no domingo passado. Em todo o país, 2.842.332 estudantes deixaram de fazer a prova. No Pará, esse número ficou em 166.146 (50,3%), cerca de metade dos 330 mil inscritos. Neste segundo dia do Exame, serão aplicadas 45 questões de Ciências da Natureza e 45 de Matemática. O horário de abertura dos portões está marcado para às 11h30 e fecham às 13h. A prova inicia pontualmente às 13h30 e termina às 18h30, meia hora antes do primeiro dia.
O estudante Roni Pinheiro, de 19 anos, vai tentar pela terceira vez ingressar no curso de medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ele já cursa Ciências Contábeis na instituição, mas sonha em atuar como médico. Morador do bairro da Terra Firme, em Belém, ele conta que foram muitos os obstáculos a serem vencidos no ano passado para persistir nesse sonho, sem pensar em desistir. “Fiz apenas um cursinho de redação. Não tive como fazer cursinho para as outras disciplinas. Estudei por conta própria e isso acabou se tornando uma dificuldade a mais”.
Por conta do grande número de faltosos, as expectativas dele para uma aprovação cresceram. “A concorrência acabou ficando menor, assim como a nota de corte. Além disso, achei a primeira prova muito boa, principalmente por conta do tema da redação, que gostei muito”, avalia ele, que estudou de cinco a seis horas por dia para as provas do Enem.
Confira as últimas dicas para o segundo dia de provas do Enem
Sobre a pandemia, o jovem acredita que contribuiu para aumentar o nervosismo e a ansiedade no primeiro dia, mas neste segundo dia será diferente. “Acredito que será uma boa prova também. Estarei mais tranquilo e confiante, apesar da minha dificuldade em matemática”, diz ele, que participou dos aulões de revisão do Enem 2020 oferecido na Escola Municipal Manuela Freitas, no bairro de São Brás.
Cursar medicina também é o sonho da estudante Gabriela do Espírito Santo, 19 anos, que mora no bairro do Guamá. Pelo terceiro ano, ela tenta uma vaga no curso da UFPA. Para ela, o pior já passou no primeiro dia do Exame. “Costumo pensar que a redação é a parte mais complicada. Depois dela fico mais aliviada. Mas matemática pesa muito também, por isso me preparei bastante”.
Manter a concentração em meio à pandemia do novo coronavírus foi uma das principais dificuldades enfrentadas por ela que frequentou por um tempo o cursinho voltado para matemática e o Cursinho Pré-Vestibular Municipal de Belém. “Não me adequei muito ao ensino remoto. Acabei estudando mais em livro e fazendo pesquisas na internet. Se dependesse só das aulas remotas não conseguiria. Em novembro passado as aulas presenciais retornaram e consegui aprender melhor”.
CONFIANÇA
Gabriela está mais confiante para a segunda prova. “A primeira foi muito boa. O tema da redação pertinente, atual e muito fácil de debater. Além, disso as questões estavam mais fáceis de interpretar. Achei super tranquilo, por isso minha expectativa para essa prova de agora é boa também. Estou confiante, mas com os pés no chão. Vou seguir a orientação dos professores, responder primeiro as mais fáceis e depois me dedicar as outras”, diz.
Por conta dos cuidados com a pandemia adotados pela organização do Exame, como o distanciamento e o uso de máscara, Gabriela conta que se sentiu segura. “Pelo menos na minha sala faltou muita gente no primeiro dia, então tivemos bastante distanciamento de um candidato para outro. Além disso, tomei o máximo de cuidado”.
Para ela, apesar do grande número de faltosos representar uma menor concorrência para quem conseguiu fazer a prova, a estudante conta lamentar as condições na qual ela foi realizada (em meio a pandemia). “Infelizmente aconteceu isso (muita gente não conseguiu fazer). Acho que todos deveriam ter a oportunidade de entrar em uma universidade”.
Aluno é pego com cola de papel durante prova do Enem no Pará
Aos 19 anos, Deyvid Vasconcelos está vivendo pela primeira vez a experiência de fazer o Enem. Morador do bairro do Marco, ele tenta uma vaga na UFPA para o curso de psicologia e acredita ter se saído bem na primeira prova. “Como muita gente faltou, a concorrência caiu e isso é positivo. Estudei bastante, uma média de quatro a cinco horas por dia”, conta ele, que mesmo com a pandemia conseguiu manter as aulas on-line do curso pré-vestibular particular que frequentava.
Assim como Gabriela, ele acredita que o pior do Exame já passou. “Tive um pouco de dificuldade na prova de Humanas, mesmo assim acredito ter me saído bem. Desta vez, química é o meu maior receio, mas estou confiante”.
Testando conhecimentos no Enem
A estudante Fernanda Cabral, de 16 anos, é treineira do Enem, ou seja, está apenas testando seus conhecimentos no Exame, por ainda não ter concluído todo o ensino médio, pré-requisito para ingressar no ensino superior. Matriculada em um cursinho pré-vestibular particular, ela conta que este ano os estudos ficaram bem complicados por conta da pandemia. “Acredito que não tenha me preparado bem, porque não me adaptei muito bem ao ensino remoto. Tive dificuldades”, relata.
A primeira prova, segundo ela, foi recebida com surpresa. “Encontrei outros conteúdos diferentes daqueles estudados por mim, por isso estou com um certo nervosismo para a prova do domingo”, conta. Fernanda ressalta que o medo da contaminação pelo coronavírus durante o Exame também contribuiu para o nervosismo.
“Tive receio por conta da pandemia. Fui fazer a prova porque me asseguraram que iam ter as medidas necessárias, mas não foi isso que aconteceu. A minha sala estava lotada de candidatos, toda fechada e com o ar condicionado ligado”.
“Tive a oportunidade de sonhar mais alto”
Ingressar no curso de sistema de informação da UFPA é o sonho de Marcelo Misael Silva, de 19 anos, morador do município de Marituba. Sua estreia no Enem, segundo ele, não poderia ter sido mais complicada. A pandemia dificultou bastante o acesso dele às aulas na Escola Dom Calábria, fundada pelo Instituto Pobres Servos da Divina Providência em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para atender o bairro São Francisco, no município.
“Foram muitas as dificuldades, principalmente de acesso à internet. Mas tudo o que a escola conseguiu me proporcionar foi fundamental para conseguir fazer a prova, inclusive o apoio psicológico. Meus professores sempre estiveram presentes, por isso a prova não foi impossível para mim. Tive a oportunidade de sonhar mais alto”, diz, ressaltando também o apoio da família.
Durante a primeira prova, Marcelo conta que quase sucumbiu ao nervosismo. “Tive medo de errar. Mas quando me deparei com o tema da redação fiquei bem aliviado porque é bem atual. Fui ficando mais à vontade para fazer a prova. Além disso, tivemos o distanciamento que para mim era fundamental, porque tive receio de fazer a prova por conta da pandemia, mas como muita gente faltou, minha sala ficou praticamente vazia”.
Para ele, conseguir fazer o Enem já está sendo uma vitória. “Sou um jovem de periferia. E meu sonho é poder dar orgulho para os meus pais, por conta dos desafios que enfrentamos todos os dias, por não termos todas as oportunidades que os jovens de classe mais elevada têm. Quero ter um futuro melhor e dar um futuro melhor para minha família”, diz.
Além do material repassado pelos professores, Marcelo passou a ter acesso a internet em novembro passado, quando se aprofundou nos estudos. “Diferentemente de um amigo meu de escola particular que tinha o Enem na ‘palma da mão’, tive que correr atrás de tudo e acredito que vou conseguir. Estou com uma boa expectativa de passar”. O receio agora é com a prova de matemática. “Tenho um pouco de dificuldade, mas estou disposto a enfrentar”.
Serviço
Neste domingo, 24, os participantes do Enem 2020 vão realizar a segunda etapa do Exame, composta por 45 questões de Matemática e suas Tecnologias e 45 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (biologia, química e física).
Abertura dos portões: 11h30
Fechamento dos portões: 13h
Início das provas: 13h30
Término das provas: 18h30
O que levar para a prova: caneta esferográfica de tinta preta fabricada em material transparente (só pode ser essa), máscaras, lanche, álcool gel, água e um documento de identificação com foto (pode ser carteira de identidade ou de motorista, por exemplo).
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar