Sentir a mandíbula estalar ao abrir e fechar a boca, ao comer ou mesmo ao falar é um sintoma comum que, muitas vezes, passa até despercebido, mas que pode indicar um problema de saúde que merece atenção: uma disfunção na articulação temporomandibular.

A articulação temporomandibular (ATM) é uma das mais complexas do nosso corpo, sendo justamente a que liga a mandíbula ao crânio, responsável por controlar os movimentos de fala e mastigação. Como toda articulação do corpo, ela funciona bem quando não há atritos ou dores. Portanto, se sua articulação estala, trava ou dói, é sinal de que há alguma disfunção.

A cirurgiã dentista, especialista em traumatologia bucomaxilofacial, Alessandra Arnaud, explica o que é a disfunção temporomandibular (DTM): “é um distúrbio, ou desordem, do sistema estomatognático (mastigatório) que altera a função de todas as estruturas relacionadas a ele, como as ATMs, o disco articular, músculos da mastigação, ligamentos, entre outras”.

Alessandra Arnaud, cirurgiã dentista, especialista em traumatologia bucomaxilofacial
📷 Alessandra Arnaud, cirurgiã dentista, especialista em traumatologia bucomaxilofacial |Divulgação

O problema pode afetar pessoas de qualquer idade, sexo ou raça, apesar de ser muito mais frequente em mulheres (de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a cada 4 mulheres, apenas 1 homem é diagnosticado com DTM). Até o momento, não existe uma explicação formal para o fato, da mesma forma que não há apenas uma causa para o problema.

Segundo Alessandra, uma pessoa pode desenvolver DTM por diversos fatores: “por estresse emocional, que provoca apertamento dentário ou bruxismo; por estresse oclusal (mordida) ou má oclusão e perdas dentárias; por mastigação inadequada; por impactos diretos causados por trauma, além de infecções, maus hábitos, como morder caneta, apertar as mãos contra o queixo, má postura etc.”.

A principal consequência da DTM é que, com o tempo e falta de tratamento, ela começa a interferir nas funções ligadas à mastigação e à fala, e desgastando o disco articular e outras estruturas da articulação temporomandibular, agravando os principais sintomas que podem incluir: dor no pescoço, dores de ouvido, zumbido no ouvido, vertigem, desgaste dental, dor nos ombros, dores de cabeça, tontura e até mesmo problemas de visão.

A especialista alerta para a necessidade de procurar ajuda de um profissional. “Assim como as causas e os sintomas são diversos, o tratamento também varia para cada caso, podendo incluir desde o tratamento clínico, com uso de placa morrelaxante, até artrocentese, fisioterapia, laserterapia, e por fim o tratamento cirúrgico”, explica Alessandra.

A dentista orienta ainda que é possível, sim, prevenir a disfunção temporomandibular, principalmente aquelas cuja causa está ligada à fatores mecânicos: “é importante evitar maus hábitos e manias orais, evitar apertar ou ranger os dentes, tomar cuidados com os dentes e sua postura desde cedo”, adverte Alessandra.

Foto: Freepik

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