Famílias vítimas de princípio de tornado precisam de ajuda

O morador Wellington Trindade, 27, tinha saído para entregar currículos quando recebeu um telefonema do vizinho avisando que o telhado da casa onde mora, na Rua 12 de fevereiro, no bairro da Pratinha II, desabou durante uma forte ventania. Assustado com o que ouviu, voltou sem ter entregado o documento para concorrer a uma vaga de agente de vigilância. Quando chegou em casa se deparou com um estrago maior do que informado. Uma árvore de aproximadamente 20 metros de altura caiu no quintal dele e destruiu o muro. As ripas e pernamancas que sustentavam as telhas caíram sobre a mobília da casa. Por sorte não havia ninguém no imóvel na hora do acidente. Perdeu a cama, a geladeira e o fogão. “Mas pelo menos a minha família saiu ilesa”, ressaltou.

O vendaval aconteceu na última terça-feira (26) e, segundo a prefeitura de Belém, o fenômeno foi, na verdade, um princípio de tornado que atingiu os bairros do Tapanã e Pratinha II. De acordo com a Defesa Civil Municipal, 58 casas nestes dois bairros sofreram algum tipo de dano em decorrência do fenômeno e passaram por uma vistoria. As famílias prejudicadas foram cadastradas pela prefeitura e aguardam por alguma ação que possa ajudá-las a reconstruir as residências.

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Wellington, que está desempregado há dois anos, ainda não pôde voltar a entregar currículos. Teme por novos acidentes e ainda contabiliza os estragos no imóvel. “Hoje (ontem) é que eu pude refazer parte do telhado. O vizinho me doou algumas telhas e com elas vou cobrir parte do quarto. Só a minha cozinha está coberta por enquanto”, apontou. Também ontem uma equipe da prefeitura esteve na casa dele para recolher parte da árvore que desabou no quintal. A raiz e o tronco do vegetal ainda não foram retirados.

Na rua detrás uma igreja está sendo reconstruída. O telhado do templo desabou por completo com os ventos fortes. “Por sorte não tinha ninguém na hora. Eu estava a caminho daqui quando começou o vendaval e o pânico”, comentou o pastor Isaías Ramos. “Os ventos fizeram os fios da rede elétrica tocar um no outro, provocando curto-circuito. Os postes pegaram fogo. Eu vi caixas d’água voando, telhas. Foi uma gritaria, pessoas correndo. Uma verdadeira cena de terror”, descreveu enquanto trabalhava junto com os pedreiros na reconstrução da igreja, localizada na rua Ana Júlia.

Ao lado da igreja, a autônoma Diene Melo também calculava os prejuízos. Ela perdeu móveis e eletrodomésticos, além de todo o telhado da casa. Juntou o que restou e guardou tudo no quarto que retelhou graças a ajuda de vizinhos que doaram telhas. “É a única parte da casa que posso ficar e mesmo assim quando molha tudo porque as telhas estão rachadas”, apontou. No terreno dela estão duas tampas de caixa d’água de plástico (fibra). “Não sei de quem são, mas guardei caso alguém apareça procurando”, disse.

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Em nota, a Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), informa que uma equipe técnica esteve no local, junto à Defesa Civil do município e do estado, para apurar a real situação das casas atingidas. As famílias estão sendo acompanhadas pela equipe da Fundação para que possam ser beneficiadas com o auxílio aluguel, concedido pela Funpapa, de acordo com a conclusão obtida pela Defesa Civil.

O cadastro das famílias já foi realizado pela equipe da Fundação, no entanto, é necessário que a Defesa Civil envie o laudo técnico de cada imóvel para que a Funpapa possa dar continuidade aos encaminhamentos pertinentes a cada família.

A Defesa Civil do município informou que os laudos estão sendo preparados e que no início da próxima semana devem ser entregues. É importante destacar que a Funpapa é responsável pelo auxílio aluguel. Já o Cheque Moradia é de responsabilidade do governo do estado, através da Cohab.

Cenas de terror continuam na memória

A dona de casa Iraneide Silva, 38, se emocionou ao relembrar os momentos de terror que passou durante o vendaval. “As telhas começaram a voar, outras caíram junto com as ripas. Veio telhado de outras casas. Em menos de um minuto eu vi todo o telhado da minha casa ser levado pelo vento e todas as minhas coisas, que passei anos comprando, serem destruídas”, relatou.

“Foi terrível, tive de me esconder atrás da porta do quarto com a minha família para nos protegermos”, contou Iraneide. A filha dela tem 14 anos de idade e entra em pânico toda vez que chove. “Ela pede para ir embora, diz que não quer ficar aqui. A gente ainda não conseguiu dormir direito. Perdemos quase tudo. Geladeira, fogão, armário”, listou.

Ela está cozinhando num fogão de duas bocas que foi emprestado por uma vizinha. “Ainda não sabemos quando vamos reconstruir o telhado. A nossa situação (financeira) é bem delicada”, prosseguiu.

Apesar dos danos e prejuízos, os moradores da Pratinha II estão sendo solidários uns com os outros. O marido de Iraneide, por exemplo, passou a tarde de ontem, ajudando o vizinho, Reginaldo Rodrigues, a retelhar a casa dele, que também foi danificada pelo vendaval. “Eu estava jantando quando os ventos começaram”, lembrou.

“De repente, foi telha voando. Eu perdi a cama e o colchão. Toda a mobília da sala molhou”, prosseguiu. “A prefeitura esteve por aqui, fez um levantamento e o nosso cadastro. Agora estou esperando a resposta deles para saber se vamos receber algum tipo de empréstimo ou financiamento para reconstruir nossos telhados. Eu juntei algumas telhas, mas não vai cobrir nem a minha sala”, completou o morador.

Os moradores prejudicados estão se mobilizando para receber doações, principalmente materiais de construção para reconstruir o telhado das casas.

COMO AJUDAR

98476-9618 - É o telefone para contato do pastor Isaías Ramos. Anote outros números de moradores como Wellington Trindade: 98030-2737 e 98154-2610, Diene Melo: 98022-1655 e

Iraneide Silva: 98933-7032. Toda ajuda será importante.